DEPOIMENTO

Gosto tanto dos livros que eu frequentava a escola em dois períodos, aproveitava o fato de a escola ser perto da minha casa e da minha irmã ser a professora. Encantava com as cartilhas que eram usadas no processo de alfabetização e nas estórias ali contidas. Já nas duas últimas séries, tive que ir para uma escola mais distante, foi na quarta série que ganhei o livro do meu irmão: As mais belas estórias, coletânea de contos universais, pedido pela professora, não lembro o nome do autor, cuja estória “Ali Babá e os Quarenta Ladrões'', me emociona até hoje.

Fazendo a quarta série, tive que interromper os estudos por oito anos, meus pais não tinham condições custear meus estudos na cidade, vim pra Timóteo, morar com meu

irmão, fui estudar no Colégio Municipal, referência em qualidade em todo o Vale do Aço. Na quinta série a professora de Português pediu aos alunos e alunas que fizessem trabalho leitura de determinado livro, e a mim foi dado a incumbência de ler Cem Noites Tapuias, da Ofélia Narbal Fontes, e cada aluno ou aluna fez análise da obra em sala, sendo a minha feita com muita desenvoltura, daquele dia diante fui maravilhosamente abduzido pelos livros..

No princípio ler pra mim significava puro encantamento. E à medida que fui intensificando as minhas leituras, fui tomando consciência das questões do mundo, significou novas descobertas, tirou-me da zona de conforto, e isso dói.

As minhas experiências como leitor estão explícitas na primeira resposta. Foram fundamentais, através delas tive suporte intelectual para desenvolvê-la.

Vários escritores, inclusive os mais engajados socialmente.

Na verdade não elaborei um processo de escrita, saiu naturalmente, ela é totalmente intuitiva.

Na minha escrita está compilada toda a minha preocupação com a realidade social, fruto da militância política, denúncia social, de todas as perversidades cometidas às pessoas. Portanto o cotidiano e a realidade é minha principal matéria-prima

Engraçado que não. Escrevo pouco sobre o meio onde cresci. A não ser algumas lembranças.

Lugar nenhum, infelizmente, embora fundamental como qualquer obra de arte. Entendo que com o advento da Internet e das mídias sociais e a idiotização trazido por ela, contribui consideravelmente para isso, pelo menos o que podemos dizer da literatura tradicional e de alta densidade, temos sim uma literatura de menos densidade, os chamados best-sellers.

Comecei a escrever algumas coisas sem levar a sério o ato de escrever. Desenvolvi de uns dez anos para cá. Publiquei dois livros que eu refuto de muita maturidade.. A minha escrita é essencialmente política e social.

Coerência, ritmo, clareza, compromisso com a qualidade do texto.

A esqueço. Depois ela renasce.

A emoção é fundamental, é a força motriz de qualquer obra de arte. Cabe ao escritor o cuidado para não cair na emoção barata.

Essa é uma pergunta complexa e longa. O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. As pessoas não têm acesso a escola básica, poucas concluem o ensino fundamental, poucas concluem o ensino médio. Num país onde as pessoas não têm dinheiro para comprar o básico, que dirá comprar livro. Com advento da Internet e das mídias sociais, a sociedade se digitalizou e se visualizou, portanto uma fonte inesgotável de leituras podemos questionar a qualidade, mas existe gente lendo. Acho que podemos desenvolver processos de leitura, com as novas gerações, sem esquecer o bom e velho maravilhoso livro físico. Concluindo: realidade social, falta de incentivos e de investimentos em cultura e educação.

Dou uma sugestão: convide escritores, pessoas ligadas à cultura para irem à sua escola. Aceito convite.

.Fundamental principalmente para escritores independentes e desconhecidos. Faz toda a diferença. Minha obra está toda lá.

Geovane Morais
Enviado por Geovane Morais em 03/10/2020
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