-CIDADANIA OU MORTE!
Hoje, mais um sete de setembro-e já de dois mil e vinte!-e cá estamos nós a novamente comemorar a presente data que marca nossa independência política da condição de colônia de Portugal.
Liberdade!o grande sonho de consumo da existência autônoma.
Portanto uma data simbólica que, a princípio, marcaria a construção sociológica duma identidade própria de Nação.
E o que me traz a esse texto é o pensamento inconformado que me surgiu no momento em que hoje via uma reportagem sobre a RECONSTRUÇÃO do MUSEU DO IPIRANGA, um monumento histórico, marco e adjetivo da nossa identidade Cultural, Regional e Nacional, inaugurado em sete de setembro de mil oitocentos de noventa e cinco,que consta ser a obra de estilo neorrenascentista, obra que resulta numa arquitetura eclética posto que revive várias soluções de inúmeros movimentos artísticos a partir do século XVI, inclusive rodeado por um jardim maravilhoso, milagrosamente ainda em pé, projetado no início do século XX pelo paisagista belga Arsenius Puttemans, quase uma cópia estilizada do jardim francês que circunda o Palácio de Versalhes.
Nosso MUSEU AO GRITO DE INDEPENDÊNCIA NO IPIRANGA que quase caiu devorado pelos cupins.
Agora anunciam a grande obra em andamento há sete anos, com término previsto para dois mil e vinte e dois, a de RESTAURAÇÃO DA IDENTIDADE TOMBADA (e vale o trocadilho do tombo!) que contará até com MIRANTE de observação para que o CIDADÃO acompanhe o seu andamento.
A que custo? Quem vai pagar o grande feito?
Quem destruiu por não cuidar, acaso se restaura da responsabilidade com o louvor da reconstrução observada nos mirantes das obras?
Haverá lupas ao povo? Percebem? Quem levará as palmas da reconstrução para as urnas?
Quem paga as pseudo-pompas dos gestores que abandonam a identidade decaída duma Nação e depois convidam o povo abandonado em tudo para as arquibancadas dos coliseus da modernidade?
Quem paga os bilhetes de ingresso?
Quanto tempo de abandono DA IDENTIDADE DE NAÇÃO para uma RECONSTRUÇÃO DE NOVE ANOS?
Emblemático,concordam?
E uma obra que ainda derrapou pelo caminho...
A que custo social se mira toda a reconstrução até do que não foi construído?
Mas ao menos restauraram a pintura de PEDRO AMÉRICO...
VIVA! o que dá um sopro de esperança AO GRITO da tão desejada e verdadeira independência CIDADÃ.
Porque ausência de cidadania é uma dura algema social invisível para todo o sempre...
Assim caminha a identidade da nossa História.
Vamos gritar por ela?
Afinal, sem CIDADANIA construída , esqueçam essa falácia de liberdade!
Sem cidadania a liberdade está condenada a mais uma peça esquecida nas prateleiras empoeiradas dos museus do passado, substrato às traças dos tempos perdidos, sequenciais, onde um dia o sonho de se ser livre jazerá devorado pela negligência e desrespeito autóctone com a própria História.
E a que preço, hein?
Nem precisamos de mirante para ver, sentir e nos reconstruir de todo o imensurável custo...das nossas algemas.
-CIDADANIA OU MORTE!!
Vamos gritar pela primeira para que não caminhemos em comboio gritante pelas tantas dores dos tempos de morte cidadã.
Fica aqui a expressão do meu sentimento.