A Canoa

Por Nemilson Vieira (*)

Sem contestação a canoa é considerada “um bem cultural de muita valia.”

Há  comunidades em que as pessoas “(…) Desde quando nascem já praticam esta atividade, demonstrando que a canoagem está diretamente ligada às origens culturais do povo brasileiro.

A utilização das canoas de madeiras é o meio de locomoção, rentabilidade e sustento de uma percentagem bastante significativa de vários povoados (…).”

As canoas mais tradicionais eram construídas com troncos das árvores.

Em algumas regiões não há outro meio de transporte a não ser a canoa. Uma salvação a atender as necessidades básicas dos seus moradores, viajantes.

Mesmo com outros meios de locomoção mais sofisticados esse veículo (a canoa) ainda é muito usado pelas comunidades ribeirinhas, litorâneas, em muitos lugares mundo afora até hoje.

Há canoas de vários formatos, tamanhos e gostos; de variados materiais… Pesadas, leves.

Um assunto nos cobra a falar sobre si, algumas vezes; se não o fizermos volta e meia este, nos relembra que o façamos.

Por ter comigo a canoa de menino no meu imaginário…

Há muito, sentia a vontade de escrever um texto com o título “A Canoa” e falar um pouco sobre a mesma.

No meu rio de garoto no nordeste havia uma canoa grandalhona, — mais encorpada, com uma maior estabilidade do que as outras. A chamávamos de 'batelão', o seu Calafate possuía uma dessas.

Como bom ribeirinho o meu pai tinha uma canoa só dele; menor um pouco da citada acima, mas, atendia bem a nossa demanda. Daí a razão do meu bem-querer pelas canoas; do saudosismo a elas.

É de longa data esse meu gosto pelas canoas; tudo começou com aquelas de papel que fazíamos de folhas de caderno. Para as nossas brincadeiras de crianças nas poças d'água da chuva, nas ruas e estradas.

— As soltávamos nas enxurradas e elas desciam velozes a sumirem de vista, à procurar o rio… Fazíamos outras e repetíamos o gesto.

Hoje elas só existem nas águas, nos mares da nossa lembrança.

Um primo meu pequeno possuía uma de plástico e me chamava para brincarmos.

Era movida por um combustível que não sei qual, talvez o álcool. No seu movimento no meio aquoso deixava ondas por onde passava e eu achava aquilo máximo!

Passei alguns apertos com a canoa de verdade da minha infância. Nos remansos do Rio Mearim; com tão pouca força e idade (6 a 7 anos), para rema-la mas, não fora algo a traumatizar-me, pelo contrário insistia em vencer aqueles desafios aquáticos. Não desistia de conduzi-la rio abaixo e acima. Numa diversão com ela, como se fosse um brinquedo. — Nas recreações, nos banhos, nas pescarias, no trabalho…

Há muito a canoa também já é usada em modalidade desportiva (belo esporte).

É uma embarcação abençoada (a canoa) que, o Nosso Mestre Supremo a usou na propagação do Seu reino. Nos Santos ensinos, em missão divina e terrena.

Os santos apóstolos a tinha como uma ferramenta de retrabalho, nos seus ofícios de pescadores e propagadores do evangelho de Cristo.

Há pessoas que só tomam jeito na vida se souberem com “quantos paus se faz uma canoa.”

Cuidado! É preciso orar e vigiar muito para não embarcamos  numa “canoa furada.”

Tenho a esperança que, no barco que remamos, 'se a canoa não virar hei de chegar'.

(02:09:20)

*Nemilson Vieira

Gestor Ambiental / Acadêmico Literário.

(02:09:20)