Os Merovíngios
Todos sabemos que, pelo menos, a metade do que conhecemos da história é pura invenção ou lenda. E a razão dessa afirmação é óbvia, nenhum escritor presenciou o que relatou e se presenciou só escreveu sobre o fato muito tempo depois.
Sabemos também, que cada historiador conta um fato de acordo com o que ouviu dizer, dá a sua versão, enaltece ou deprecia personagens ou feitos a seu critério ou escreve como acha que aconteceu.
Tanto é verdade, que, na maioria dos casos, sobre o mesmo acontecimento, existem narrativas e opiniões divergentes entre os historiadores e escritores.
Assim, o que aprendemos sobre a história deve servir apenas como referência e não como uma verdade absoluta.
É exatamente por causa dessas controvérsias que ao discorrer sobre os Merovíngios vamos nos ater ao que entendemos haver de fato acontecido.
A partir de Roma o Império Romano começou a se expandir e conquistar povos de culturas diferentes unificando-os sob a que foi denominada de pax romana, isto é, a paz mantida pela força.
A pax fazia com que os povos conquistados, mesmo que inimigos entre si, fossem obrigados a conviver pacificamente pela força das armas romanas.
Apesar do seu poderio militar o Império Romano sempre sofreu com as investidas dos chamados povos bárbaros, como os Godos, Hunos,Visigodos,Vândalos,Vikings, etc.
Já quase no seu final, dividido e enfraquecido, o Império Romano , se tornou alvo fácil para os ataques dos bárbaros principalmente dos temidos Hunos cujo líder era Átila apelidado de o ”flagelo de deus”.
Por volta do século V, um clã germânico denominado franco, que quer dizer, guerreiros de cabelos compridos, penetrou e se estabeleceu na região da antiga Gália que pertencia ao Império Romano.
Esse clã era chefiado pelo líder Meroveu cuja origem está envolta em muitos mistérios. A lenda diz que ele era descendente da linhagem sagrada de Jesus e Maria Madalena, conhecida como sangue real.
Meroveu deu origem a dinastia Merovíngia a quem a Europa contemporânea e o próprio Cristianismo muito devem.
Para tentar conter o avanço bárbaro, os soberanos romanos fizeram um acordo para que os francos, combatessem os Hunos e em troca poderiam ficar com o seu estado dentro do Império Romano.
Com a derrocada do Império os povos, agora livres do jugo Romano, voltaram a fazer guerras e conquistar novas possessões nas vastas regiões que foram do dos romanos.
Depois de várias campanhas vitoriosas que expandiram os domínios da Dinastia Merovíngia, o rei franco Clóvis, neto de Meroveu, se converteu ao catolicismo e fez alianças vantajosas com a igreja.
Com o apoio do clero o Império Merovíngio dominou quase toda a Europa antiga e fundou a cidade de Paris, na região que mais tarde seria denominada Franca ou França a terra dos francos.
Quando nos referimos ao apoio do clero é porque a igreja católica herdou um poder político sobre os povos do antigo Império Romano de forma que um rei só era reconhecido se a sua coroação fosse feita ou autorizada pelo papa.
Na Dinastia Merovíngia a cada rei morto os territórios eram repartidos entre os filhos homens descendentes diretos da linhagem divina.
Mas como esses herdeiros, nem sempre eram bons administradores, essas divisões de territórios deram origem a figura dos “prefeitos” que administravam os reinos em nome do rei e detinham também o poder militar.
Esses prefeitos originalmente denominados de major domus ou mór domus viriam mais tarde a dar origem aos atuais mordomos, isto é, administradores dos bens ou das mordomias.
Sem um poder régio central os reis merovíngios começaram a guerrear entre si e já não se sabia quem mandava e muito menos quem obedecia. Dessa forma, para passar pelas fronteiras bastava se identificar como franco, dai a expressão “entrada franca”.
Dos “prefeitos” que surgiram na dinastia Merovíngia, dois foram importantes para a história da Europa.
O primeiro foi Carlos Martel que liderou os francos na batalha de Poitiers e impediu que os árabes Muçulmanos entrassem na Europa Central, preservando assim o Cristianismo.
O outro “prefeito” ou major domus foi Pepino, que por ser de baixa estatura foi denominado o breve. Pepino, filho de Carlos Martel, apoiado pela igreja, depôs Quilderico III o ultimo rei Merovíngio.
Assim que foi coroado Pepino mandou cortar o cabelo de Quilderico, que era o símbolo dos francos, e o enviou para um Monastério onde faleceu em pouco tempo.
Como nada é de graça, pelo apoio que recebeu da igreja, Pepino doou para a Santa Sé ou Patrimônio de São Pedro, parte das terras que conquistou na Itália, inclusive, a extensa área de terra em que se encontra hoje a basílica de São Pedro e o Estado do Vaticano.
Teodorico, filho de Quilderico III e herdeiro do trono Merovíngio, fugiu com a família, para a região onde hoje é a Escócia.
Na Escócia, o conde Willian Sinclair, descendente direto de Teodorico, teria mandado construir a enigmática Capela de Rosslyn para lá esconder as provas da descendência de Jesus ou o Santo Graal.