HUMANIDADE – Questões utópicas em aberto
Como pensar a humanidade? Local ou globalmente? Humanidade são todos os homens e mulheres? Os que estão longe e os que estão perto? Quem é mais humano, quem está perto de mim, ou qualquer pessoa em qualquer lugar? Questões em aberto.
No pensamento clássico indica-se que a humanidade são todas as pessoas do planeta terra. Então, se um problema afeta um grupo de pessoas em um determinado local, como este desafio deveria ou poderia ser significado pela humanidade inteira? Em tese, pode-se pensar que todos os problemas podem ter a participação de todas as pessoas, do mundo todo, na sua resolução. Esta ideia, talvez, seria o que se chama, em alguns textos, de aldeia global. Uma aldeia em que todos se ajudam. Provoco com uma questão: como pensar este espírito humano fraterno, quando se percebe que na modernidade as características que mais se destacam no ser humano são o individualismo e o egoísmo? Uma utopia em aberto, uma questão que pode ser pensada.
No contexto da contemporaneidade, entretanto, considera-se que é impossível ser responsável, ao mesmo tempo pelas pessoas localmente e pelas pessoas do planeta inteiro. Como pensar, por exemplo, em relação a fome de países distantes, como os africanos? Mas, de novo pensando em tese, com a economia globalizada é possível uma experiência de fraternidade mundializada. Exemplo: com a tecnologia disponível, seria possível eu comprar um quilo de arroz, aqui, em qualquer mercado e ele ser liberado por um mercado em algum lugar da África para alguma entidade que realizaria o intercâmbio. Utopia? Ficção? Não, quem conhece um pouco de como funcionam os algoritmos da tecnologia da internet sabe que transações deste tipo são perfeitamente viáveis e em tempo real. Aliás, nas grandes empresas isto é prática cotidiana em âmbito universal. Utopia, para mim, é pensar sobre como realizar uma transação desta natureza com a transparência necessária entre quem paga, quem medeia e quem recebe? Vivemos em um mundo corrompido. Ou melhor, os humanos não conseguem agir de forma honesta muito menos ser transparentes.
Neste sentido, uma última questão, utópica, para esta pequena reflexão: Os humanos podem ser felizes?
Sim e não.
Sim, bastaria erradicar o egoísmo e o individualismo. O fator decisivo seria de que todos devessem ter consciência que os projetos laborais e de socialidade deveriam ser pensados e efetivados de forma coletiva e com espírito colaborativo. Uma utopia, sei. Porém, de novo, pensando em tese...
Não, a humanidade dificilmente será feliz. Justamente por causa do individualismo e do egoísmo que promovem um hedonismo exacerbado em que a satisfação individual é difícil de compartilhar com o outro. A sociedade atual, a modernidade, manipulou a subjetividade de tal forma que a maioria das pessoas nem sequer pensa na felicidade coletiva. No individualismo movido pela satisfação pessoal por meio do consumo não há lugar e nem necessidade do outro.