Um pretexto

A liberdade de expressão é um direito natural de uma sociedade democrática, mas infelizmente muitos estão fazendo mau uso dele. Não são poucos os que usam a liberdade de expressão como pretexto para a falta de educação, o desrespeito e até mesmo para tentar forçar ideias. Tem se tornado comum vermos pessoas que invadem canais no Youtube, páginas no Facebook e até mesmo escrivaninhas no Recanto das Letras para atacar, tentar desacreditar e inclusive xingar os que pensam diferente. Eu já fui atacada na minha escrivaninha por pessoas que me chamaram de "pobre a serviço do diabo" por causa de meus textos sobre religião. Isso é liberdade de expressão ou falta de educação?

Canais ateus são atacados por fanáticos religiosos que ficam a xingar os seus criadores, dizendo que eles não conhecem a verdade, que um dia irão perder a Salvação por não terem aceitado a Jesus Cristo, que deveriam entender melhor a Bíblia, que é a Palavra de Deus. E o pior é quando atacam os criadores dos canais, dizendo que querem desmenti-los, acusando-os de pregar mentiras e provocando dizendo que deveriam falar do Islã em vez da Bíblia. Vamos deixar algo bem claro:agindo assim, ninguém irá nos convencer de aceitar nada. Irá apenas nos dar pretexto para achar que os fanáticos religiosos são insuportáveis e sem educação. O canal de uma pessoa, sua página no Facebook ou escrivaninha no Recanto das Letras são como a casa ou ambiente de trabalho de alguém, onde tem o direito de dizer o que pensa e se expressar como bem entende.

Devemos respeitar todo mundo. Ficar falando contra quem pensa diferente, além de mal-educado, mostra falta de sensibilidade. Digamos que você seja evangélico ou católico fervoroso. Criticar quem duvida ou não crê em Deus é deixar de considerar que aquela pessoa tem sua história de vida, viveu experiências e adquiriu conhecimentos que a levaram à sua atual posição. Por que vou entrar em terreiro de umbanda ou candomblé e dizer que aquilo é mentira ou "coisa do diabo"? Isso é desrespeitar a cultura da pessoa que pratica. A sua religião tem a ver com a história de vida dos seus ancestrais e a sua própria história. E chamar culturas de matriz africana de diabólicas é algo totalmente preconceituoso. Não posso obrigar alguém a deixar de acreditar em algo como quem troca de camisa.Se ela deixar de acreditar, deve ser escolha dela.Por isso nunca concordei com a ideia de que eu devia ser missionária. Acho que cada pessoa é quem deve aprender o melhor para si. Se eu já cometi erros em saber o que me servia, como vou saber o que convém para outra pessoa, totalmente diferente de mim?

Na minha escrivaninha, sou livre para expor meu pensamento e falar das minhas experiências, mas não obrigo ninguém a pensar como eu. Cada um que interprete o que exponho de acordo com sua compreensão individual. Eu jamais irei entrar em canal ou página espírita ou budista para criticar o que eles defendem. Tenho de respeitar a liberdade de cada pessoa.

Se eu discordo de um livro sagrado - de qualquer religião - irei explicar os motivos que me levam a isso, porém sem desrespeitar os que nele creem ou esculachar o livro. Devo fazê-lo de forma comedida, até para que me levem a sério e entendam que não deixei de acreditar por capricho, como falam muitos que tentam desacreditar os argumentos dos ateus falando que não passam de revoltados a quem Deus não atendeu. Então, preciso falar sem atacar, apontando as contradições e passagens obscuras desse livro. Bem, sei que terei de lidar com gente que irá me atacar e contrariar, entretanto, quero que entendam que, assim como não vou obrigar ninguém a deixar de acreditar no que acredita, deixo bastante explícito que não quero que venham me dizer no que devo acreditar.Eu sou adulta, eu que tenho que saber o que me serve. Nada sei de mistérios espirituais e não vou dizer a ninguém o que é ou não verdade.