OS CINCO JOTAS

Prólogo

Não. Não estou escrevendo sobre algo complicado ou sobre um restaurante espanhol conhecido pelo nome “Cinco Jotas” onde você poderá, entre outras iguarias, consumir “tabla de quejos con membrillo y frutos secos” que parecem haver sido preparados no Monte Olimpo (Moradia dos Deuses) situado a cerca de 100 km de distância de Salonica, a segunda maior cidade da Grécia, próximo do mar Egeu, na região da Tessália.

OS CINCO JOTAS do tema, pasmem, será uma pequena dissertação sobre as nossas (não sou exceção) dificuldades com o idioma pátrio. Jerimum, Jenipapo, Jiboia, Jiló e Jia são os tormentos, entre centenas de milhares de outros, de alguns estudantes, no dia a dia, quando precisam escrever, usando a linguagem formal, e não dispõem por perto de um dicionário ou alguém mais esperto para afirmar: “Todas iniciam com “J””.

PARECE BOBAGEM, MAS NÃO É.

A princípio pode parecer uma bobagem, mas quantas vezes alguém nos pergunta, de chofre, como se escreve tal palavra e nos ocorre “um branco”. Isso mesmo. Esse tal “branco” acontece pelo inesperado e, de fato, pelo não saber ao certo o que responder. Certamente você leitora (o) amiga (o) não percebeu que eu usei a expressão “de chofre” e se notou não quis ou não se interessou em saber o significado.

Esse é o principal problema dos estudantes de um modo geral: A falta de interesse em boas leituras e de cultuar a curiosidade. Nada complicado. De chofre significa: 1. De repente, subitamente: O carro estancou de chofre, rangendo os freios. 2. De chapa, em cheio: O luar bateu de chofre na vidraça, fazendo-a brilhar.

Outro exemplo numa frase: É impressionante a sem-cerimônia com que políticos podem abandonar de chofre um tema que lhes dominou o discurso em campanha e pós-campanha, por meses a fio, como se jamais houvesse sido sequer mencionado. Outro exemplo: A reestruturação organizacional dos militares das Forças Armadas de chofre foi abandonada. Culpa da pandemia? Talvez.

COM MUITO GOSTO NÃO ME CUSTA REPETIR.

Já escrevi mais de uma vez e acredito ser de bom grado repetir: Evitem expressões corriqueiras, triviais, pobres em demasia nas suas redações. Linguagem formal é coisa séria! Tenham sempre por perto um bom dicionário e usem não apenas quando surgir alguma dúvida. A consulta ao dicionário deverá se transformar num salutar hábito.

Não esqueçam que todos os idiomas são uma evolução social. Portanto, estão sempre mudando. Até há pouco tempo escrevíamos “auto-escola” com hífen, mas hoje o correto, depois da reforma ortográfica, é autoescola sem hífen.

Sem saber escrever tal ou qual palavra a situação dos estudantes concurseiros se complica em demasia. A implantação das regras do Acordo Ortográfico, em vigor desde janeiro de 2009, é um passo importante em direção à criação de regras unificadas para o português formal, a serem usadas por todos os países que tenham o português como língua oficial: Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste.

A complexidade do nosso idioma é tão cruel que uma palavra de mesma fonética ou pronúncia poderá ter significado diverso e ser escrita de forma diferente. Exemplo: Espectador com “s” e Expectador com “x”. São as benditas ou malditas palavras homófonas. Outros exemplos: Seção, Sessão e Cessão; Sem e Cem; Conselho e Concelho; Concerto e Conserto; Coser e Cozer.

Não faz muito tempo que o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, cometeu um execrável erro na grafia de uma palavra simples em demasia. No "Twitter" o supracitado cidadão escreveu "imprecionante" em substituição a palavra correta impressionante.

Ora, será que essa autoridade não sabe que os internautas não perdoam tal deslize? Da parte dele houve comunicação porque todos entenderam a mensagem escrita, mas pela função que ele exercia (Ministro da Educação) ... Arre!

UMA BOA DICA PARA OS ESTUDANTES CONCURSEIROS.

Cuidado! Não utilizem a palavra MESMO (S) com a função de pronome pessoal. Ela pode ser um pronome demonstrativo, substantivo ou adjetivo, mas jamais um pronome pessoal, ou seja, não deve substituir um sujeito na oração. Todavia, há muitas autoridades ou metidos a tal que, por comprovada boçalidade, cometem esse crasso deslize.

Desacautelados advogados, delegados, policiais e afins dizem e/ou escrevem, talvez motivados pela emoção: "Os suspeitos foram detidos perto da praia de Ipanema. Os mesmos serão levados à delegacia e prestarão depoimentos.”. – (errado).

O correto é dizer e/ou escrever: “Os suspeitos foram detidos perto da praia de Ipanema. Eles serão levados à delegacia e prestarão depoimentos.”.

Mas é claro que quase ninguém percebe esse erro gramatical de somenos importância durante uma declaração ou depoimento por escrito. Ocorre que, em um concurso sério, o candidato desatento reduzirá ou perderá a chance de ser aprovado. Fica a dica!

CONCLUSÃO

Quero afirmar que na linguagem coloquial, por conta da pronúncia, um erro dessa magnitude cometido pelo o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub ou por quaisquer outras pessoas passa despercebido, isto é, não será notado, mas isso não deve ocorrer na linguagem formal.

Quando ocorre um erro crasso na forma escrita é por haver sido cometido por alguém desapercebido, ou seja, uma pessoa que não está preparado, que está desprovido, desprevenido, desacautelado.

Perceberam as diferenças, no contexto, entre: Despercebido e desapercebido? Assim é o nosso idioma pátrio formal. Mas... Atenção! Embora estes sejam os usos mais comuns das palavras despercebido e desapercebido, alguns dicionários consideram estas palavras sinônimas quando há referência a alguma coisa que não foi notada, vista, sentida.

Eita! Agora danou-se! Desse modo não há estudante que não fique maluco igual a mim (eterno aprendiz).

E para não restar nenhuma outra dúvida nunca esqueçam de uma verdade: Ninguém, absolutamente ninguém sabe de tudo. Desconfiemos sempre de alguém que pensa ser o último pedaço de pedra do muro de Berlim.

E sem mais elucubrações afirmo que gosto em demasia da letra “J”, não apenas por ser as iniciais de Jerimum, Jenipapo, Jiboia, Jiló e Jia, mas sobretudo por ser a inicial dos nomes dos meus amados pais Júlia e José (ambos já desencarnados) a quem devo minha resiliente existência.

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NOTAS REFERENCIADAS

– Textos livres para consulta, da Imprensa Brasileira;

– Assertivas do autor que devem ser consideradas circunstanciais e imparciais.