O Futebol de São Gonçalo-PB
O FUTEBOL DE SÃO GONÇALO-PB
A história do futebol em São Gonçalo vem de uma época muito remota. No dia 7 de setembro de 1922, o “Team de São Gonçalo”, formado por trabalhadores americanos encarregados da construção do açude, através da empresa Dwight P. Robinson and Company Incorporated, disputou uma partida amistosa em Sousa, enfrentando a equipe do Sousa Sport Club. Mesmo jogando no campo adversário, o time estrangeiro de São Gonçalo venceu a partida pelo placar de 2 X 1.
Ainda na década de 1920, ocorreu uma partida em Cajazeiras, envolvendo um combinado de São Gonçalo e Boqueirão contra uma equipe local. O combinado era constituído, exclusivamente, por americanos que trabalhavam na construção dos dois açudes. Os jogadores foram transportados dos acampamentos em caminhões GMC da empresa construtora. A equipe de cajazeirense venceu a partida por 1 X 0.
O primeiro campo de futebol de São Gonçalo, na década de 1930, localizava-se na Rua da Baixa. No início da década de 1940, houve a construção do novo campo de futebol, com dimensões oficiais, que recebeu o nome de Estádio 1º de Maio.
O campo da Rua da Baixa continuou sendo usado como campinho de várzea e para peladas. Havia ainda alguns campinhos de várzea na Zootecnia, Rua do Posto, Rua do Túnel, Rua Estevam Marinho, Sítio Matumbo, Sítio Paquetá, entre outros no entorno de São Gonçalo, que era um celeiro de atletas entre as décadas de 1940 a 1980.
No campinho da Baixa, Zé Laurindo (1924-2008) exerceu um trabalho de olheiro e treinador, por volta dos anos 1970, em que descobria jovens talentos para as equipes juvenis locais.
Nos anos de 1989 e 1990, Paulo Doroteu, filho ilustre de São Gonçalo residente em Brasília e que trabalhava no Ministério das Relações Exteriores, por conta e própria e mediante autorização do DNOCS, efetuou a reforma/construção do novo estádio, denominado “O Paulão”, inaugurado em setembro de 1990, com um jogo entre Seleção de Sousa e Auto Esporte de João Pessoa.
O Paulão sediou os jogos do Campeonato Paraibano dos anos de 1992 e 1993, em que disputaram o certame as equipes do Sousa Esporte Clube e Sociedade Esportiva Sousa, visto que o estádio “O Marizão” de Sousa se encontrava em construção.
No dia 1º de maio de 1959, o São Gonçalo Futebol Clube, jogando em seus domínios, derrota o Caicó do Rio Grande do Norte por 2 X 0. A equipe jogou com Chico Chagas (1928 - 1999), Edson (gol.), Cocada, Cleto Pordeus, Zé Américo, Manoel do Coco, Zé Arlindo, Alcides de Zé Miguel, Zilton Teixeira, Nego e Valderê Vigolvino.
Nas décadas de 1960 e 1970, o folclórico Otoniel Maia (1921-1999) narrava as principais partidas disputadas aos domingos, à tarde, em um gravador antigo de fita cassete. À noite, ele retransmitia as narrações na íntegra em sua difusora RCA Victor, localizada na praça central, pois dispunha de um moderno sistema de som na sua residência, no centro de São Gonçalo. Tradicionalmente, nessa época, aos domingos, à noite, a Praça de São Gonçalo reunia bastante gente e uma das atrações principais era justamente a retransmissão dos emocionantes jogos pela RCA.
No final da década de 1960, dois grandes jogos movimentam o público esportivo local, envolvendo o “experiente” São Gonçalo e o “jovem” Santos.
O São Gonçalo jogou com Chico Chagas, Zé Tarzan, Token de Marieta, Luciano de Antonio Luiz (gol.), Paulo Doroteu, Gilberto Antunes, Eduardo Oliveira, Luiz Carlos, Inaldo Dantas, Ananias Oliveira, Milim e Chico Antunes. Enquanto o Santos atuou com Custódio de Zuca, Peroco, Deta de Torreiro, Tiquinho de Olegário, Aldin de seu Leopoldo (gol.), Manoel Simplício, Geraldo de Adauto Guarda, Zé Alves, Boiô de Chico Miguel, Manoel do Coco e Ferreirinha.
O Santos Futebol Clube, com melhor preparo físico, toque de bola e entrosamento, acabou surpreendendo e vencendo ambas as partidas pelo placar de 3 X 1 e 1 X 0. Gilberto Antunes de Oliveira presidia o São Gonçalo, enquanto Libério Pereira de Menezes presidia o Santos.
No ano de 1970, o ABC Futebol Clube de Natal foi convidado para disputar uma partida amistosa em Sousa com a forte equipe da Sociedade Esportiva Sousa, cujo placar seria de 2 X 1 para a equipe potiguar. A grande atração do elenco era o craque Marinho Chagas, então com 18 anos de idade, que um ano depois seria contratado pelo Náutico de Recife, e no ano seguinte pelo Botafogo do Rio de Janeiro.
Toda a delegação do ABC ficou hospedada por alguns dias nos apartamentos do DNOCS, localizados um pouco acima do prédio do Almoxarifado. Durante a estadia, os jogadores realizaram treinos no campo de futebol de São Gonçalo e fizeram amizade com os moradores locais. Os apartamentos dos atletas ficavam próximos ao apartamento de Laércio Dias e Maria (esposa). Logo, os jogadores também estreitaram laços de amizade com a família, a ponto de Marinho Chagas pedir para tirar algumas fotos dos filhos do casal. E assim foi feito. Depois de chegar em Natal, Marinho revelou as fotos dos meninos Evandro, Estanislau e Dinha e enviou pelos correios. Até hoje, as fotografias históricas são guardadas com carinho pela família.
Na década de 1980, Chico de Joel (1942-2017), um dos mais populares narradores esportivos de Sousa, efetuou grandes narrações envolvendo as equipes de São Gonçalo e Sousa, com transmissão ao vivo pela Rádio Progresso AM. As transmissões eram improvisadas, sem maiores confortos para a equipe de rádio, pois o campo não dispunha de nenhuma cabine ou local semelhante. Muitas vezes, o narrador ficava em pé ou sentado nas raízes dos pés de avelós ou fícus que margeavam o campo.
As instalações do campo de futebol eram bem aproveitadas pela garotada de São Gonçalo, pois, no período da tarde, enquanto as equipes principais realizavam os seus treinamentos, a molecada aproveitada o espaço lateral para jogar as suas peladas diárias. O campinho paralelo se localizava debaixo dos pés de avelós e de ficus, ou seja, numa fechada e refrescante sombra. O campinho foi desativado com a construção do estádio “O Paulão”.
Um dos campeonatos mais organizados e empolgantes do futebol de São Gonçalo aconteceu no ano de 1975 e contou com a participação de 9 equipes: Ceres, Ceres (2º quadro), Estudantes, Náutico, DNOCS (Funcionários), Empreiteiras, Núcleo I, Núcleo II e Núcleo III. Para a final do certame, classificaram-se o Ceres (2º quadro) e o Estudantes, cujo resultado foi 1 X 1. Melado marcou para o Ceres. Em seguida, o Ceres se sagrou campeão nas disputas de pênaltis.
Durante o período de interdição para a reforma do Estádio 1º de Maio, nos anos de 1989 e 1990, as atividades desportivas passaram a ser realizadas no campo “O Maião” (localizado às margens da Rodovia PB Francisco Mendes Campos), nome dado como homenagem em vida ao seu idealizador, Otoniel Maia.
O futebol de São Gonçalo sempre impôs respeito na região, proporcionando confrontos épicos com as equipes mais tradicionais de Sousa e Cajazeiras. Inclusive, Perpétuo (1939-1978), maior craque da história do futebol de Cajazeiras – para muitos, o maior nome do futebol paraibano do século XX - nutria um profundo respeito pelo futebol São-gonçalense. Perpétuo afirmava em Cajazeiras “que se quisessem testar uma equipe (local), marcassem então um jogo contra um time de São Gonçalo”.
Dentre as equipes de futebol mais tradicionais de São Gonçalo, distinguem-se:
- São Gonçalo Futebol Clube
Atuou por mais de três décadas (1940 a 1972), com grande representatividade do futebol da região. Entre alguns resultados importantes da equipe, destacam-se: empate com o Treze (1 X 1), com gol de Chico Antunes; empate com o Icasa de Juazeiro do Norte (1 X 1); vitórias sobre o Santos de Cajazeiras (1 X 0) e Nacional de Patos (3 X 1), todos na década de 1960; além de duas vitórias sobre a temível – e quase imbatível - Sociedade de Sousa, por 2 X 1 e 3 X 2, ambos em São Gonçalo no final da década de 1960, em que se comemorava o aniversário da equipe rubro-verde de Sousa. O craque Chico Antunes marcou um gol em cada partida.
A agremiação foi dirigida por Luiz Rebouças, Mestre Meira e Bonifácio Rolim. Outros responsáveis pelo time foram Zilton Teixeira (1931-2009) e Gilberto Antunes, que também se destacaram como jogadores. Alguns de seus craques: João Cebola (gol.), Luciano (gol.), Acácio, Alcides de Zé Miguel, Ananias Oliveira, Chico Antunes, Chico Chagas, Chico Travassos, Cleto Pordeus, Cocada, Edson, Eduardo Oliveira, Fransquinho, Gerardo Evangelista, Hugo Florentino, Inaldo, Libério, Luiz Carlos, Manoel do Coco, Mário Lemos, Nego, Paulo Cascadura, Paulo Doroteu, Token de Marieta, Valderê, Zé Américo e Zé Arlindo.
- Treze Infantil Futebol Clube
Equipe juvenil fundada por Benedito Jucá. Posteriormente passou a ser comandado por Otoniel Maia, cuja marca da sua gestão era a rígida disciplina imposta aos jogadores, tanto dentro quanto fora de campo. Graças a esse rigor, o time era quase imbatível. Atuou entre 1958 e 1962. Eis alguns craques: Cobel (gol.), Libério, Zé Tarzan, Eduardo Oliveira, Inaldo, Mário, Paulo Cascadura e Luniz.
- Santos Futebol Clube
Equipe fundada por Libério Pereira e Sargento Argemiro no dia 1º de janeiro de 1966, com distinção para os jovens atletas: Aldin (gol.), Assis Bernardino, Biliu, Boiô, Custódio, Deta, Edson, Fabício, Ferreirinha, Francisco Galdino, Geraldo de Adauto Guarda, Gutemberg Granjeiro, Hélio Antunes, Ivan, Ivandir, J. Evangelista, Joacy, João Camilo, Luciano, Luizinho, Manoel Simplício, Peroco, Tiquinho de Olegário e Zé Alves.
- Estudantes Esporte Clube
Equipe contemporânea do Santos, era dirigida por Aldin de seu Leopoldo e atuava com: Júlio Galdino, Manoelzinho (de Adauto Guarda), Geraldo Moreno, Jonas Abrantes, Chiquinho Panelada, Toninho (de Adauto Guarda), Damião Sapé, Novinho Soares, Ivandir Gomes, Francisco Guerra e Alberto Antunes.
- América Futebol Clube
Forte equipe juvenil de São Gonçalo fundada no final da década de 1960. O uniforme da equipe foi doado por Gilberto Antunes. Entre algumas façanhas do time, destaca-se a goleada de 5 X 2 sobre o time juvenil da Sociedade. Convém recordar alguns craques, fazendo seus dribles, tocando bola, empolgando a torcida... Coquinho, Lula, Tião do Coco (gol.), Joãozinho, Demóstenes, Deca de Biza, Toinho de Olegário, Didil de Galo Velho Tiquinho de Libério, Assisinho de Alírio e Gilmar Antunes. Os técnicos do time foram Zé Laurindo e Manoel do Coco.
- Ceres Futebol Clube
Fundado em outubro de 1972, a partir do São Gonçalo F. C., por Dr. Eduardo Gadelha (1947-2018), agrônomo do DNOCS, oriundo de Fortaleza, constituindo-se numa das equipes mais tradicionais e vitoriosas da história de São Gonçalo. Dr. Eduardo, cearense, forte torcedor do Fortaleza, adotou o vistoso uniforme do Ceres igual ao do seu clube de coração, ou seja, camisa tricolor (vermelho, azul e branco). O nome Ceres também fora uma sugestão do próprio Dr. Eduardo, que também jogou pela equipe entre 1972 e 1978.
Um dos jogos do Ceres mais relevante da sua brilhante história foi o empate de 1 X 1 com o Botafogo Futebol Clube de Cajazeiras, ocorrido no dia 1º de maio de 1974, em São Gonçalo. Um dos mais belos espetáculos de futebol presenciados pelo distrito, visto que a equipe profissional de Cajazeiras era muito forte, participou do evento com o grupo titular, e disputava o campeonato paraibano daquele ano.
O Ceres atuou com: Laércio, Custódio, Inaldo, Deta e Dr. Kenard; Tiquinho de Olegário, Zé Alves e Chico Antunes; Luizinho, Bastião do Coco e Alberto.
O time era treinado por Regivardo e presidido por Libério Pereira de Menezes.
O Botafogo, que era treinado por Ionas Dunga, jogou com: Costa (goleiro), Carlos Augusto, Marcone, César e Altamir; Zamba, Fuba e Louro; Gérson, Zé Airton e Louro.
O primeiro tempo foi marcado pelo equilíbrio técnico e tático, em que as duas equipes buscavam a vitória, mas ao mesmo tempo de forma precavida e estudada, visto que a derrota não interessava a ninguém: O Ceres entendia que não poderia ser derrotado dentro de casa, mesmo por uma agremiação profissional; enquanto a forte equipe profissional de Cajazeiras sabia que não poderia ser derrotada por uma equipe amadora, ainda que repleta de jogadores de alto nível. Um resultado negativo poderia abater o ânimo da equipe cajazeirense no campeonato Paraibano.
O início da segunda etapa foi ainda mais nervoso. Por volta dos 15 minutos o quarto-zagueiro Deta tentou atrasar uma bola para o seu arqueiro, porém o meia Fuba se aproveitou de sua inteligência e velocidade para chegar antes na bola e tocar para o fundo das redes da equipe tricolor são-gonçalense. O gol não abalou espírito da equipe local, que passou a atuar com mais raça, graças ao apoio incondicional de sua apaixonada torcida. Por outro lado, a equipe alvinegra de Cajazeiras passou a jogar com mais cautela ofensiva, em busca de contra-ataque mortal para matar a partida. Depois de tanto insistir, quando faltavam aproximadamente dez minutos para o término do espetáculo, Chico Antunes fez uma excelente jogada pela meia-esquerda e serviu ao atacante Bastião do Coco, que, com a categoria de sempre, chutou forte e certeiro no canto. O tiro foi indefensável para o goleiro, considerado o melhor do Botafogo na partida.
Depois do empate, a torcida enlouqueceu e jogou o Ceres para cima dos visitantes. Apesar da pressão da torcida e do adversário, o experiente time do Botafogo conseguiu segurar o resultado. Ao final, o empate foi considerado um resultado justo pelo que as equipes desempenharam.
No dia 7 de setembro de 1974, em comemoração ao dia da pátria em São Gonçalo, o Ceres venceu o 4 de Abril de Coremas por 3 X 1, com gols de Inaldo, Dr. Eduardo e Chico Antunes.
Alguns destaques do Ceres: Cobel (gol.), Laércio (gol.), Ricardo Renan (gol.), Moacir Moreno (gol.), Caçote (gol.), Pedrinho (gol.), Euzimar (gol.), Acácio, Ageu, Alberto Antunes, Bastião do Coco, Batom, Beré, Cândido, Chico Antunes, Ciano, Kokinho, Custódio, Damaris, Dedeca, Deta, Dozim, Dr. Eduardo, Dr. Kenard, Edigler, Edson da Ancar, Élio Siqueira, Geraldo Gomes, Gilson, Gilvaldo, Hiran, Inaldo, João de Hugo, Joel, Junior (de Manoel do Coco), Luciano Chagas, Luizinho da Ancar, Lula de Adauto, Melado, Netinho, Osmar, Pelado, Rubens, Sérgio Estrela, Teino, Tiquinho de Olegário, Zé Alves, Zé Araujo e Zé Carlos.
Na década de 1970, a equipe possuía duas crianças como mascotes tradicionais: Eilzo e Bardal.
Durante sua trajetória vitoriosa, o Ceres contou com vários dirigentes: Dr. Eduardo Gadelha, Gilberto Antunes, Luizinho da Ancar, Dr. Kenard, Libério Pereira, Otávio Ferreira, Célio Macário e Douglas.
- Náutico Futebol Clube
Fundado por Manoel do Coco (1936-2016), Otávio Ferreira e Libério em 1975. Alguns craques do elenco: Moacir (gol.), Alberto, Bozo, Ciano, Diá, Dozinho, Pelim, Edmilson, Erivan, Neném da Roça, Paulo Basílio, Pelado, Bozo, Quinininho, Roberto de Eurico e Tonho.
- Dnocs (Funcionários)
Equipe que atuou na década de 1970, composta por servidores do DNOCS e complementada por alguns filhos de servidores da repartição local.
Uma formação da equipe no início da década de 1970: Chico Araújo, Zé Luiz, Jurandir, Eduardo Oliveira, Chico Chagas, Perôco, Zé do Coco, Manoel do Coco, Josué Elias, Nonato e Dozinho.
Outra formação em meados da década de 1970: Zé Araujo, Raimundo do Coco, Nonato, Chico Chagas, Juradir, Zé Batista, Milin, Neto, Zé do Coco, Zé Tarzan e Assis Barbosa.
- Estudantes Esporte Clube
Equipe fundada por Paulinho Taveira em 1975. Alguns jogadores: Zé Galdino, Augusto Gomes, Pituca (gol.), Assis, Tico de Merico, Assis, Baton, Guega de Zuca, Caique Taveira, Mar de Zé Rosas, Kokinho Joaquim, Ciano, Alberto, Roberto de Eurico e Zezito Sarmento. Exercia grande rivalidade, notadamente com o Ceres, bem como com o Náutico. Possuía uma equipe juvenil que revelava craques para a equipe principal.
- Náutico Futebol Clube Juvenil
Equipe de futebol júnior comandada por Manoel do Coco e Paulinho de Dorgival. Fundado no ano de 1973, com destaque para: Zé Carlos (gol.), Neguinho (gol.), Pedrinho (gol.), Tiquinho, Zé Carlos, Mamar, Joaquim e Jucélio Galdino, Luiz Basílio, Dedeca, Bebeto, Osmar, Beré, Moacir, Assisinho e Dedé de Alírio.
A denominação da equipe foi atribuída pelo seu treinador Manoel do Coco, em homenagem a Gilberto Antunes, tesoureiro do DNOCS, que era torcedor ferrenho do Náutico de Recife e um dos grandes incentivadores do futebol são-gonçalense. O uniforme da equipe era semelhante ao do River Plate da Argentina, ou seja, camisa branca (marca Hering) com barra transversal vermelha. Dona Mimosa, sogra de Zé Alves, costurou essa camisa, sob a expectativa dos atletas mirins. A equipe exercia forte rivalidade com o Estudantes juvenil de Paulinho Taveira.
- Verdinha Futebol Clube
Equipe fundada por Zequinha Capitulino, atuou no início da década de 1980. No seu quadro, atuaram grandes jogadores, como: Moacir, Assisinho, Dedé de Alírio, Osmar, Zé Carlos e Chico Gaspar (gol.). A equipe se destacava também pelo majestoso uniforme verde, que lembrava o Palmeiras de São Paulo.
Outras equipes da década de 1980: Fluminense de Manoel do Coco; Santos da Rua 16, dirigido pelos irmãos Geraldo e Francisco de Judite; Colorado da Avenida Rio Piranhas, dirigido por Lulu de Zé Luiz; Gávia, equipe forte e organizada sob o comando de Gilvan Fernandes; Resto do Mundo, fundado por Zé Tarzan em 1985; e equipe dos Veteranos, formada por ex-craques, ainda em atividade.
No quadro de arbitragem, merecem destaque: Antonio Luiz, Mestre Meira, Otacílio Galo Velho e Joanito Capitulino.
- Comercial Guimarães Duque
Time formado por jovens alunos do Colégio Guimarães Duque, na gestão de Raimundinho, durante o ano de 1979. Treinado por Lula de Adauto, o time revelou grandes jogadores, como: Osmar, Dedeca, Pelado, João de Hugo, Carlos, Marcondes, Nitão, Geraldinho, Airton, Pedrinho e Zé Carlos. Obteve a façanha de ser campeão de um torneio local sobre o todo-poderoso Ceres, ao vencer as duas partidas decisivas por 2 X 1, com gols de Osmar e Airton, em ambos os jogos.
- Sporting Atlético Clube
Fundado em 18/12/1983, durante uma reunião entre Manoel do Coco e garotos de doze a dezesseis anos de idade.
Em um ano e meio de atividades, entre os anos de 1984 e 1985, a equipe só havia perdido um único jogo. Entre os principais títulos de campeão, destacam-se: Torneio F. Lunguinho, em 10/06/1984; Torneio 1º de Maio, em 01/05/1985; II Torneio do IV Centenário da Paraíba, em 28/07/1985; III Torneio do IV Centenário da Paraíba em 04/08/1985; Torneio do Núcleo I, em 10/05/1987; Torneio do Núcleo II, em 14/06/1987; e Torneio São Gonçalo, em 12/07/1987.
Um dos grandes incentivadores da equipe foi o ex-craque Boiô, que comumente agraciava o time com uma bola oficial. Quanto ao seu uniforme tradicional, semelhante ao do Grêmio, foi patrocinado por Gonçalo Pinheiro, ex-gerente do Armazém Paraíba de Cajazeiras, no ano de 1984, através de amizade fraterna com Zé Tarzan.
Os seus maiores artilheiros foram: Renan (44 gols), Carlos de Hugo (41 gols), Miguel e Junior, ambos com 40 gols. Além destes, merecem destaque: Irapuan (gol.), João Pires (gol.), Galo (gol.), Genaldo (gol.), Gilson (gol.), Genival (gol.), Célio, Egnaldo Félix, Josemar, Pedro Alves, Tontonho, Beto, Zé de Gedim, Egnaldo Barbosa, Danilo, Diá, Dedé de Zé Luiz, José de Otávio, Claudio, Mauricélio, Kika, Bastião, Guilherme, Geneci, Onivaldo, Tetê, José de Zé Bento, Claudinho, Cinaldo, Francimar (Titi), Orlando, Geri, Naldinho, Ivinho, Everaldo, Valmir, Val e Pedro.
O retrospectivo da equipe em 157 jogos foi o seguinte: 102 vitórias, 34 empates e 21 derrotas, no período de 1984 a 1987. Tendo marcado 412 gols e sofrido 135.
Maiores goleadas aplicadas pelo Sporting:
. Sporting 6 X 1 Vasco (Núcleo I) - 01/05/1984;
. Sporting 6 X 1 Fluminense (Núcleo II) – 03/06/1984;
. Sporting 6 X 0 Guarani (Nazarezinho) – 01/07/1984;
. Sporting 6 X 0 Palmeiras (São José L. Tapada) – 16/09/1984;
. Sporting 5 X 0 Sporting (B) – 23/12/1984;
. Sporting (B) 6 X 0 Cruzeiro (São Gonçalo) – 14/10/1984;
. Sporting 10 X 2 Sporting (B) – 03/02/1985;
. Sporting (B) 6 X 0 Gávea (B) (S. Gonçalo) – 31/03/1985;
. Sporting 8 X 0 Duque (Nazarezinho) – 02/06/1985;
. Sporting (B) 9 X 2 Botafogo (Núcleo I) – 09/06/1985;
. Sporting 7 X 1 Botafogo (Núcleo I) – 23/06/1985;
. Sporting 7 X 0 Grêmio (São José L. Tapada) – 13/07/1985;
. Sporting 6 X 1 Pitombeira (Pitombeira) – 18/09/1985;
. Palmeiras (Santa Cruz) 1 X 6 Sporting – 20/10/1985;
. Sporting 6 X 0 Fluminense (A. Navarro) – 27/10/1985;
. Sporting 5 X 0 Palmeiras (Santa Cruz) – 03/11/1985;
. Sporting (B) 7 X 0 S. Francisco (S. Francisco) – 10/11/1985;
. Sporting 6 X 0 São Francisco (S. Francisco) – 10/11/1985;
. Sporting 6 X 1 Vasco (Núcleo I) – 02/02/1986;
. Sporting 8 X 4 Cajazeiras (Cajazeiras) – 02/03/1986;
. Sporting 7 X 1 Cruzeiro (Sousa) – 18/05/1986;
. Sporting 5 X 0 América (Sítio Curralinho) – 02/11/1986;
. Sporting 8 X 0 Vasco (Sousa) – 30/11/1986;
. Sporting 5 X 0 Ferroviário (Sousa) – 08/03/1987;
. Sporting 5 X 0 Corinthians (Sousa) – 01/05/1987;
- Estudantes Esporte Clube
Grande equipe que atuou nas décadas de 1980 e 1990. A equipe foi fundada a partir da transformação da Sociedade Esportiva São Gonçalo (SESG), criada por Deodato Coura.
O estudantes efetuou grandes jogos contra o Ceres e com as melhores equipes de Sousa, como Independente, Portuguesa, Náutico e Boa Vista. O time é responsável pela maior goleada aplicada na história na região ao vencer, em casa, uma equipe de Sousa pelo impressionante placar de 20 X 1, no ano de 1985. Merecem relevo no estudantes: Pedrinho (gol.), Baeco, Bardal, Eduardo, Batinha, Beré, Careca, Deodato, Eliezer, Estanislau, Flávio, Gilson Fernandes, Bolinha, Titi, Mama, Mauricélio, Johnson e Miguel. João Lopes foi presidente do Estudantes durante a sua vigência.
- Ceres Feminino Futebol Clube
Equipe feminina do Ceres fundada por Libério que atuou na década de 1980. Entre as atletas, destacam-se: Dedezinha (gol.) Claudete, Cheirosa, Teinha, Aurileide, Fátima de Manoel do Coco, Fátima de Zé Branquinho, Lucinha de Hugo, Dolores, Lucinha de Zé Pequeno, Neném e Luciene de Zé Bachete.
- JUTAC (Juventude, União, Trabalho, Amor e Comunidade)
Clássica equipe do Núcleo I, fundada em 1977 por Zé Rodolfo, Carlos Dias, João Ramalho, Gilmar Mathias e outros, que atingiu o seu auge na década de 1980. Alguns craques do time: Antônio Cardoso, Chico Petinha, Tarcísio, Antônio Hélio, Chico Tingó, Pedro Neto, Tiquinho, Carlos Dias, Dé, Pelé, Lú, Eduardo Rufino, Coruja...
Sobre alguns craques
- Zilton Teixeira
Camisa 10 altamente técnico e de ótima visão de jogo, excelente passe de bola e chute preciso. Atuou no São Gonçalo nas décadas de 1950 e 1960.
- Alcides de Zé Miguel
Centroavante, driblador e artilheiro, é considerado um dos maiores jogadores de futebol do acampamento. Atuou no São Gonçalo nas décadas de 1950 e 1960, e depois como titular, no Treze e no Campinense.
- Mário Medeiros
Atacante oportunista e artilheiro do São Gonçalo, chegou a defender o Treze de Campina Grande.
- Chico Chagas
Zagueiro bastante habilidoso, defendia bolas até de bicicleta. Jogou no São Gonçalo nas décadas de 1950 e 1960.
- Inaldo
Zagueiro viril e raçudo, não acreditava em bola perdida. Foi um marcador implacável dos craques Perpétuo e Edilson. Atuou pelo São Gonçalo e Ceres nas décadas de 1960 a 1980.
- Paulo Cascadura
Jogador de referência para o futebol de São Gonçalo. Atuou muito tempo pelo Esporte de Patos. Em seguida, foi para o Piauí, onde jogou e foi artilheiro pelas principais equipes profissionais, notadamente da capital, a exemplo do Flamengo-PI. Paulo chutava muito forte, era viril e bastante rápido.
- Chico Antunes
Centroavante artilheiro, veloz, criativo, raçudo e ótimo cabeceador. Atuou pelo Esporte de Patos, Treze de Campina Grande, Sociedade de Sousa e na segunda divisão do Ceará Sporting Club. Em São Gonçalo, jogou pelo São Gonçalo, Santos, Ceres e Náutico. No São Gonçalo, na década de 1960, ainda adolescente, substituiu o craque Zilton Teixeira.
- Bastião do Coco
Craque de estilo inconfundível e de referência no futebol da região. Era o dono do meio de campo de qualquer time que atuasse. Em 1973, participou do jogo em que a Sociedade derrotou o Botafogo de Cajazeiras, com Perpétuo e companhia. Na época, bastante jovem, entrou no segundo tempo e jogou ao lado de Garrincha e Edilson. Jogou grande parte de sua carreira pelo Ceres, nas décadas de 1970 a 1990. É considerado um dos maiores jogadores do futebol de São Gonçalo.
- Zé Alves
Meia-direita elegante, calmo e de muita categoria, cujas características ocasionaram surgimento do seu o apelido de Zé Bossista. Jogou no Santos e no Ceres.
- Ferrerinha
Irmão do grande jogador Alcides, atuava como um autêntico ponta-direita. Muito rápido e driblador, com estilo bastante semelhante ao de Garrincha, infernizava e desconcertava as defesas adversárias.
- Chiquinho Panelada
Atacante, era exímio driblador, tanto com a perna esquerda quanto com a direita. Franzino, era muito rápido no raciocínio e nas ações. Fazia gols, às vezes, driblando a defesa toda. Levava muita gente ao campo só para ver os seus dribles, pois apresentava um futebol de grande classe e categoria.
- Acácio de Zuca
Irmão de custódio, destacou-se na lateral esquerda. Era muito veloz, marcava, driblava e cabeceava bem. Era detentor de um dos chutes mais fortes da história do futebol local.
- Toinho de Olegário (Pitoco)
Possuía qualidades semelhantes às do seu irmão, Tiquinho. Driblava muito e era clássico, sendo considerado um grande craque do futebol são-gonçalense.
- Custódio
Iniciou a carreira como volante no Santos, onde formava o meio-de-campo com Zé Alves e Tião do Coco. Levava vantagem pela estatura, mas não possuía muita técnica, por isso foi desviado para a zaga, posição em que teve grande destaque. Tornou-se profissional, sendo considerado um dos melhores zagueiros da história da Sociedade e do Atlético de Sousa.
- Alberto Antunes
Ponta-esquerda de grande qualidade e de raríssima técnica. Driblava bem, cruzava na medida, era corajoso e chutava forte. Jogou no Ceres na década de 1970.
- Moacir Moreno
Goleiro seguro de defesas firmes e arrojadas. Aproveitava-se bem da boa estatura para efetuar saídas de gol providenciais nas bolas aéreas. A regularidade era uma das suas grandes qualidades, pois praticamente não cometia falhas nos jogos. Atuou pelo Náutico e Ceres na década de 1970.
- Gilvaldo Antunes
Jogador clássico, determinado e sério. Nas jogadas, entrava "duro", mas sempre de forma leal. Atuava como volante, um exímio marcador, cabeceava bem e chutava forte. Herdou as qualidades do pai, Gilberto Antunes, que era um zagueiro que jogava sério e com muita firmeza e lealdade.
- Pelado (1958-2018)
Meia muito habilidoso, ágil e versátil. Devido à baixa estatura, tornava-se bastante “liso”, muito difícil de ser marcado. Dava passes preciosos, mas também fazia belos gols. Atuou nas Décadas de 1980 e 1990 pelo Náutico, Estudantes, Comercial, Ceres Duque de Caxias (Cajazeiras), e 4 de Abril (Coremas).
- Kokinho
Jogava com habilidade e a elegância de um autêntico camisa 10 no meio de campo. Chegava com facilidade à área adversária, destacando-se, ainda, pelo excelente domínio e controle de bola, assim como pela qualidade e beleza dos gols. Era um jogador fino e educado, dentro e fora de campo. Atuou pelo Náutico, Estudantes e Ceres, nas décadas de 1970 e 1980.
- Osmar
Camisa 10 altamente habilidoso e objetivo. Possuía domínio de bola e visão de jogo espetaculares. Marcou um dos gols mais belos do futebol de São Gonçalo, num jogo em que o Ceres derrotou a tradicional e fortíssima equipe do Independente de Sousa por 4 X 0, em 1985, em que driblou toda a defesa adversária. Jogou nas décadas de 1970 a 1990 pelo Comercial, Ceres, Estudantes, Sousa e Sociedade.
- Beré
Atacante ágil, inteligentee especialista em passes curtos. Comumente deixava os atacantes na cara do gol com enfiadas e cruzamentos precisos. Com um futebol moleque e desconcertante, atuou pelo Ceres e Estudantes na década de 1980.
- Élio Siqueira
Zagueiro com habilidades de um meia, não dava chutões nem cometia faltas. Saía jogando na entrada da área com classe e elegância. Marcava os adversários com extrema lealdade. Atuou pelo Ceres nas décadas de 1980 e 1990.
- Edigler
Centroavante raçudo, de forte arranque, oportunista, que conhecia como poucos todos os atalhos da grande área. Chutava forte de fora da área com os ambos os pés. Tornou-se um dos maiores artilheiros do Ceres nas décadas de 1980 e 1990. Jogou pelo Sousa no campeonato paraibano de 1993.
- Pedrinho
Foi goleiro do Ceres e do Estudantes nas décadas de 1980 e 1990. Compensava a baixa estatura para a posição com um ótimo senso de colocação, além da agilidade, impulsão e reflexo incomuns.
- Batinha
Atuava como ponta-esquerda ofensivo. Era bastante veloz, habilidoso e driblador. O seu forte e certeiro chute de canhota o tornou um dos maiores artilheiros do Estudantes na década de 1980. Atuava no ataque ao lado do irmão Deodato.
- Estanislau
Zagueiro viril e técnico ao mesmo tempo, jogava com extrema raça e lealdade. Atuou pelo SESG e Estudantes na década de 1980. Abandonou o Futebol precocemente em 1988, após sofrer uma fratura na perna em partida disputada pelo Estudantes, em Sousa, contra o Boavista.
Craques de outros gramados que atuaram em São Gonçalo
- Edilson (1950-2018) da Sociedade e do Atlético de Sousa
Foi o melhor jogador da história de Sousa. Jogador fenomenal, com grande visão de jogo, bastante habilidoso, driblador, veloz e artilheiro nato. Disputou os campeonatos paraibanos de 1975 e 1976 pelo Atlético, sendo artilheiro isolado em ambos com 13 e 16 gols, respectivamente. Foi campeão e artilheiro piauiense pelo River em 1980 e disputou a série A do Brasileirão de 1981 pelo clube. Chegou a atuar pelo Ceres ao lado de Pelim.
- Perpétuo do Santos e Botafogo de Cajazeiras
Considerado o melhor jogador de Cajazeiras da história de todos os tempos. Especialista em cobranças de faltas, artilheiro, passes perfeitos, camisa 10 que jogava com extrema habilidade e maestria. Seu chute era rasante, certeiro e mortal. Foi homenageado com o nome do estádio de Cajazeiras “O Perpetão”.
- Wilton Moreno (Duque de Caxias e Atlético)
Detentor de rara habilidade e ótima visão de jogo no meio de campo, Wilton foi o maior craque Cajazeirense após a era Perpétuo. Entre outras equipes, ele defendeu o Campinense e o Estudantes de São Gonçalo (1990).
Outros craques que exibiram o seu futebol-arte em São Gonçalo por equipes de Sousa e Cajazeiras: Botijinha, Nego Di, Douglas, Chico de Dalva, Nelimar, Zamba, Galeguinho, Inha, Roberto Michelle, Fuba, Mucuim, Neném Mãozinha, Darlan, Nilsinho, Vanvan, Caçote...