O PRIMEIRO E ÚNICO COMANDANTE DA POLICIA MILITAR DA FEB, ATUAL POLÍCIA DO EXÉRCITO

(Military Police Platoon – MP in 2ºnd Worldwide War)

Este trabalho tem como objetivo trazer à luz da verdade, assim como dar o devido reconhecimento ao vulto histórico, Cap Sabino, Comandante do Pelotão de Policia Militar do Exército Brasileiro, na Segunda Guerra Mundial, o lugar que deveria estar ocupando no seio da Organização que dedicou a sua vida e deixou escrita a sua história.

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(Documento transcrito “ipsis literis” de email recebido do Cel R1/EB Angelo Maciel Monteiro, datado de 10 Ago 2012).

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Endereço do Comandante do Exército

Gen Ex Enzo Martins Peri

Comandante do Exército

Quartel General do Exército Bloco “A” 3º Andar

Setor Militar Urbano – SMU – CEP: 70630-901

Brasília – DF

Caro General Comandante

Estou escrevendo esta carta a V Exa, para agradecer e parabeniza-lo por mais uma manifestação de carinho e consideração para com os militares que compuseram a Força Expedicionária Brasileira.

Refiro-me à concessão da denominação histórica e do estandarte histórico do 2º Batalhão de Polícia do Exército, agora denominado de “Batalhão General Ventura”, publicada no Boletim do Exército 28/2009, de 17 de julho de 2009.

Para mim, que participei daquela Campanha contra o nazi-facismo, essa concessão me faz bastante feliz, posto que nossa História-Militar não é muito enaltecida, desafortunadamente, tornando-se imperioso que a enalteçamos, cada vez mais, principalmente nos dias em que vivemos, cultuando os seus efeitos e vultos relevantes.

E me traz muito orgulho quando vejo o Comandante do meu Exército, em gesto tão magnânimo e emocionante, restaurar a honradez de um militar tão valoroso, ex-presidente da Associação dos Veteranos da FEB, que, com certeza, servirá em muito para exaltar as tradições e valores do soldado brasileiro.

Apesar desse fato, de grande justiça, sinto-me um tanto preocupada, pois em termos de “Polícia do Exército”, em que pese os valores excepcionais dos Generais febianos Zenóbio da Costa (que é denominação histórica do 1º BPE) e Ventura Pinto (hoje, denominação histórica do 2º BPE) durante e após o conflito, o Exército ainda não fez a devida justiça ao principal artífice da importante tropa, hoje designada como Polícia do Exército – PE, Cap José Sabino Maciel Monteiro. Ele foi o primeiro e único comandante do Pelotão/Companhia de Polícia Militar da FEB, “célula mater” das organizações de Polícia do Exército, espalhadas por todo o Brasil.

A internet já disponibiliza para o mundo, a vida e as glórias do então Capitão Sabino. O site www.oprimeirocomandante.com.br vem proporcionando que todos conheçam os feitos daquele que realmente organizou e comandou em combate durante toda a Campanha (“de fio a pavio”), a 1ª Cia de Polícia Militar da FEB. No site, dentre outras pérolas acerca de nossa atuação na Itália, são exibidas as folhas de alterações desse destacado oficial. O que confirma, de sobejo, o que ora afirmo.

O saudoso Cap Sabino trouxe para a Força Terrestre tudo o que existe em termos de polícia militar (hoje Polícia do Exército) e organizou a fração de tropa brasileira na guerra, segundo ensinamentos das tropas similares norte-americanas.

O Major General Willis Crittemberger, Comandante do IV Corpo, a quem estávamos subordinados, exarou relevantíssimas referências elogiosas ao Cap Sabino, citando-o como exemplo a ser seguido pelos oficiais e praças da FEB (vide o elogio no site). É de se maravilhar como um oficial-general, de outro Exército, soube distinguir um brioso Oficial do Exército de outro Pais!

Quando escrevi o livro “Eu estava lá”, fui à casa desse oficial, a fim de coletar material para a obra, ocasião em que pude conhecer a sua família que possui três filhos militares.

Posteriormente, fiquei sabendo da existência de um processo junto à Secretaria-Geral do Exército para a concessão de denominação histórica à 1ª Companhia de PE, da Vila Militar do Rio de Janeiro. Fiquei muito feliz até porque a 1ª DE (Divisão a que tal subunidade é subordinada) leva o nome do impoluto Marechal Mascarenhas de Moraes e enquadra outras OM de tradições febianas. Soube também por um dos filhos do Cel Sabino, que esse processo não teve parecer favorável e seria negado, em vista de o então Cap Sabino não ter ligação com a atual 1ª Cia PE. E a portaria reguladora do assunto não permitir que subunidades sejam contempladas com tal honraria. Entretanto, tal entendimento afigura-se, a meu entendimento, equivocado: O art 2º, em seu “caput”, da Port 580/99 reza que “A Denominação Histórica, justaposta à designação das Grandes Unidades e Unidades, representa a homenagem... . Assim, constata-se não haver proibição explicita a que a SU também recebam denominações históricas, tanto que o Art 11 é bem cristalino: “É prerrogativa do Comandante do Exército a concessão das honrarias históricas, bem como a outorga de outras que, a seu critério, julgar conveniente”. Destarte, recentemente, os Departamentos da Força e os Colégios Militares (também não previstos no precitado Art 2º) receberam denominações históricas, por força, justamente, do art 11, fato que só traz para o Exército a lembrança e a exaltação de vetustas tradições. E mais: com relação às subunidades (não incorporadas) já existe inúmeros precedentes com como adiante referirei, fato bem compreendido pelos Generais Rui Monarca e Cesário, aquele então Comandante da 1ª DE e este do CML, que acolheram a proposta oriunda da 1ª Cia PE e a encaminharam COM PARECER FAVORÁVEL ao C DocEx, conforme prescreve o art 9º da dita Portaria. Queria, portanto, Comandante, que fosse corrigida essa injustiça para com o bravo febiano Cap Sabino, o primeiro e único Comandante, repiso da “Polícia do Exército”. Três grande nomes ressulgem ao se falar em “Polícia do Exército”: Generais Zenóbio da Costa e Ventura, ambos já homenageados com as distinções de patronos do 1º e 2º BPE e o Cap Sabino, em meu entender, de maior relevância do que os primeiros, eis que, nunca é demais repetir, comandou em combate, o que foi o “elemento formador” da “PE”. Urge resgatar do anonimato tal insigne vulto!

Peço vênia a V Exa para aduzir algumas considerações a mais, a respeito do meu pedido:

O Exército Brasileiro possui inúmeras Organizações que ostentam o nome de insignes militares que nunca nelas serviram, como o “Regimento Andrade Neves”, a “Região Ten Cel Luiz Cruiz”, o “Departamento Barão de Suruhhy”, etc, etc. O Art 11 da Port 580, de 25 Out 1999, confere a V Exa, sabiamente, a prerrogativa de outorgar honrarias históricas que, a seu critério, julgá-las pertinentes, para que V Exa não cometa injustiças. E é o que vem sendo feito há muito pelo glorioso Exército de Caxias , com relação a Subunidades independentes, não incorporadas a Unidade. Tal é o caso de inúmeras denominações históricas com tais SU (Companhias, Esquadrões e Baterias) foram agraciadas, em homenagem a vultos e feitos de nossa história militar, como o Ten Amaro, Tem Juventino da Fonseca, Estácio de Sá, Capitão Manoel de Araujo, Marechal Hermes da Fonseca, Rafael Pinto Bandeira, Barão de Pidamonhangaba, Cel Souza Doca, Tem Emilio Carlos Jourdan, Tem Cel Juvêncio, Maj Adalberto Pereira dos Santos, Gen Abreu e Lima, Cel Porto Carreiro, Capitão-Mor Bartolomeu Bueno da Silva, Tem Guilherme Carlos Lassance e outras, além daquelas que se referem a locais históricos e, batalhas memoráveis como “Companhia Casa Forte de Caxias”, “Bateria Caiena”, etc, não citadas para não me alongar na relação (vide relação de Organizações Militares possuidoras de Honrarias Militares, existentes no CDocEx.

Então, pergunto a Vexa, Gen Enzo: É justo o Exército olvidar o nome do Cap José Sabino Maciel Monteiro? É justo permitir que uma análise simplesmente literal e equivocada do texto de uma legislação venha a privar o Exército de evocar a gloriosa Força Expedicionária Brasileira (hoje com tão poucos remanescentes...) e de criar uma nova mística alusiva a essa Força, na relembrança do nome do tão citado e digno Cap Sabino?

Meu comandante, por derradeiro, confio em que V Exa fará justiça, resgatando a memória do primeiro e único Comandante da Polícia Militar da FEB. O que encherá de orgulho a 1ª Cia PE, a 1ª DE e o CML que aguardam com grande expectativa as decisão de V Exa.

Meu comandante, só quem realmente passou por um conflito de proporções mundiais pode aquilatar o sofrimento, a bravura, a tenacidade e a dedicação daqueles que dele participaram. Cabe aos que não estiveram lá, a obrigação moral de enaltece-los perenemente.

Respeitosamente,

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Maj Sal Elza Cansanção Medeiros

Rio de Janeiro, de julho de 2009

Este documento, que foi transcrito supra, na sua forma original de recebimento, aguarda dos nossos comandantes do Glorioso Exército Brasileiro, também sempre lembrado como o imbatível “Exército de Caxias”, uma resposta de gratidão e reconhecimento ao grande vulto da nossa história bélica na Segunda Guerra Mundial, o Cap Sabino, PRIMEIRO E ÚNICO COMANDANTE DA POLÍCIA MILITAR DA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA – FEB, nos campos de batalha, pelo seu amor à Pátria, ao Exército Brasileiro e a defesa da liberdade dos povos, com o risco da sua própria vida. Essa resposta deverá vir configurada pela denominação histórica de uma Organização Militar (OM), assim como já foi reconhecido o General Mascarenhas de Moraes com denominação de diversas organizações civis e miliares do País, por ter sido o grande comandante da Força Expedicionária Brasileira no teatro de operações na Itália. Assim, também, o Gen Zenóbio da Costa teve seu nome consagrado como patrono do 1º Batalhão de Polícia do Exército – 1º BPE, por tudo que fez para manter viva a “Militar Police”, Pelotão de Polícia Militar da FEB, e por seu labor, transformando-o em 1ª Companhia de Polícia do Exército - 1ª Cia PE; e o General Ventura Pinto, este não por ter comandado uma Subunidade (SU) de Polícia Militar em tempos de guerra, mas sim, por ter participado da campanha da Itália e sido comandante do 1º Batalhão de Polícia do Exército – 1º BPE, de 1961 à 1964, e um grande difusor dos feitos da Força Expedicionária Brasileira – FEB, em tempo de paz.

Assim, ainda espera a Nação Brasileira o devido reconhecimento desse Vulto Histórico, o Cap José Sabino Maciel Monteiro, por parte do Exército Brasileiro – EB, para colocá-lo no lugar sagrado e de direito que, ainda, até o presente momento histórico, lhe é devido.

Obs. Este trabalho será alvo de alteração, tão logo o reconhecimento desse herói brasileiro tenha seu nome sido homenageado, como patrono de uma Organização Militar do nosso grande Exército Brasileiro de Caxias.

Camponez Frota