O que é a fenomenologia da percepção em Merleau Ponty.

Ponty epistemologiza a concepção do corpo, contrariando os princípios cartesianos, superando a ideia penso logo existo, a certeza da existência da alma, sendo a referida apenas a cognição estruturada.

Para Ponty, a certeza da existência, está no corpo, existimos porque temos um corpo, só é possível a percepção pelo fato do corpo substanciar a cognição formatada.

Portanto, sem a materialidade do corpo não é possível o desenvolvimento do espírito.

Com efeito, vivemos no mundo por meio da existência do corpo, o ato da percepção não é apenas produto do espírito, pois não é possível o referido, sem a existência do corpo, deste modo, define-se o homo sapiens.

O sapiens antes de ser a razão é também o seu corpo, só sabemos de nossa existência, porque somos um corpo no mundo.

Não há cognição sem materialidade do corpo, sendo que o ferido sem a cognição refere-se tão somente ao mundo do instinto.

Entretanto, Ponty critica veemente o corpo apenas como estrutura mecanicista, no uso da filosofia fisiólogica, desse modo, o corpo não pode ser considerado como mero objeto.

Portanto, o corpo para Ponty só tem sentido se for considerado não apenas em sua materialização.

Deste modo, junçado ao corpo existe a cognição, denominada como espírito, cuja etimologia não tem referência com a alma cristã.

Sendo assim, há uma associação entre corpo e o espírito, em tal dialética desenvolve-se a fenomenologia da percepção, a ideia que cada pessoa tem um corpo, que percebe e sente cognitivamente.

Lógico que a mente é estruturada por um conjunto sintético, analítico, epistemológico, que define ideologicamente como percepção.

Quando o homem pensa, reflete, e, ao refletir atua no mundo, o pensamento no mundo fenomenológico e o resultado da percepção.

Portanto, o homem atua no mundo, dessa forma, age, de tal modo, que o corpo não é um objeto em si mesmo.

Por outro lado, não é também consciência pura, pois toda consciência é construida, desenvenvolvida, motivo pelo qual a consciência é subjetivada, parcializada e ideologizada.

Dessa forma, o corpo é também o fundamento da percepção, o entendimento do mundo representado, ideologizado, não há consciência sem corpo preexistente.

Com efeito, o corpo e a razão, são existentes dialéticamente, não é possível a existência da cognição sem o corpo.

Todavia, contrariamente, é possível a existência do corpo sem razão cognitiva, no entanto, trata-se apenas da materialidade como sustentação do instinto e não da percepção.

Sendo a percepção um fenômeno psíquico essencialmente sapiens.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 13/03/2020
Reeditado em 13/03/2020
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