Elogio da Loucura: Erasmo de Rotterdam, matéria de vestibular.

Elogio da Loucura, 1466-1536, Erasmo de Rotterdam.

Disse Erasmo, a loucura é aceitar certos comportamentos culturais religiosos como se fossem corretos.

Desidério Erasmo filósofo humanista, holandês, filho ilegítimo de um padre.

Foi forçado a vida religiosa pelos seus tutores, como estudante, um seminarista exuberantemente estudioso.

Muito rapidamente ultrapassou a cultura do próprio convento, mas ficou em um convento até completar trinta anos, quando simplesmente fugiu.

Foi viver na Inglaterra, tornou-se amigo de Thomas More, fidelidade um com outro até a morte de More pelas mãos criminosas de Henrique VIII.

Durante esse período, Erasmo concebeu a sua grande obra, Elogio a Loucura, crítica veemente as instituições do seu tempo, principalmente a questão política e religiosa.

Praticas culturais defendidas que não se fundamentavam em uma razão lógica, entretanto, em preceitos ideológicos.

Seu grande livro, foi publicado com apoio de More, em 1509, naturalmente que as ideias foram discutidas entre ambos, tornou-se um clássico da literatura internacional.

A primeira ideia de Erasmo, não fazia mais sentido o Antigo Regime, a sociedade feudal não teria significado para aquele período histórico, comportamentos completamente irracionais.

Necessário, com efeito, a mudança não apenas do modelo político, mas também do modo de produção, as relações entre os suseranos e servos estavam definitivamente em crise.

A sociedade estava se preparando para o novo mundo, que seria denominado de Estado moderno, a teoria como fundamento, o iluminismo.

Além do ataque as relações políticas, isso de forma mais metafórica, objetivamente desejava destruir as instituições religiosas, a imbecilidade do comportamento religioso, o aspecto psicótico, típico de um clero atrasado e medíocre.

Ataque veemente ao comportamento das ordens religiosas, o mundo da futilidade vivido pelos padres, detalhes imbecis, como exemplo, o numero das amarrações usadas para amarar as sandálias.

A cor da roupa, padronização dos uniformes entre outras coisas, como se esse comportamento tivesse alguma relevância com a vida religiosa em si, como se esses modelos elevassem a espiritualidade.

Era crítico da exegese da época, associação de certas formas de ideologias no entendimento hermenêutico de deus, ligação do entendimento ideológico teológico ao comportamento ético.

O homem estaria condenado ao inferno por não desenvolver a adoração correta a respeito das exigências de deus.

Erasmo tinha consciência que as práticas religiosas eram ideologias supostamente teológicas, a grande dificuldade como desvincular deus de projeções ideológicas, como se elas fossem o próprio fundamento exegético de deus.

Com maior animosidade desenvolveu críticas a respeito de comportamentos absurdos, pleitos diante dos tribunais, como amenizar questões carnais, referente ao afeto, o desejo sexual.

Transferências comportamentais absurdas, mortifica-se o desejo carnal pelo caminho da oração, punindo próprio corpo com torturas físicas.

A loucura dos salmos, quando os monges passavam a maior parte da vida odorando deus com cantos, essa prática é um insulto a inteligência de divina.

Cristo com sabedoria proibiu tudo isso ao dizer aos apóstolos, eu vos deixo apenas um preceito, um único mandamento, amai-vos uns aos outros, esse é o grande critério da salvação do homem, refletia Erasmo.

Malditos escribas e fariseus, que se prendem a tradição da oração e esquece o amor.

Na verdade Erasmo percebeu que certas formas de militância ligada um estado contemplativo, era tão somente alienação, perturbação mental.

Uma espécie de ateísmo militante na fé, o sujeito subjetivamente entende que deus deseja algo e pratica, quando na verdade não é o desejo de deus.

Então o sujeito é ateu, mas ele entende como fé, devido uma razão louca, transgredida, inversão do entendimento hermenêutico teológico.

Deste modo, quando diante de uma pessoa ou instituição que tem uma visão deturpada de deus, é inútil a pessoa equilibrada mostrar os delírios culturais de uma cognição deteriorada.

Erasmo entendia que o modus que Igreja praticava a fé era loucura, como esse modus era elogiado, motivo pelo qual escreveu, Elogio a Loucura.

Portanto, significava que era vangloriado o erro de interpretação exegética que fundamentava o comportamento do clero.

A crítica desenvolvida por Erasmo, aplicação invertida da interpretação, a serviço das ideologias, as inversões sustentadas nas relações políticas, produzidas pelo sistema feudal.

A loucura permanente, o grande mérito de Erasmo, a razão do seu livro transformar-se em um clássico da literatura universal.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 09/02/2020
Reeditado em 11/02/2020
Código do texto: T6861961
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