Feiras no interior do Amazonas fortalecem manejo de pirarucu
O pirarucu é manejado nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã. Em 2019, eventos beneficiaram cerca de 200 pescadores
A Feira de Pirarucu Manejado é um evento que virou tradição na vida dos pescadores da região do médio Solimões, no Amazonas. A programação acontece anualmente nos municípios do interior do estado, beneficiando manejadores que comercializam o maior peixe de escamas de água doce do mundo. Em 2019, foram comercializados 130 peixes nas feiras de Tefé e Alvarães, realizadas com apoio do Instituto Mamirauá.
Historicamente, a primeira feira do pirarucu aconteceu em 2004, em Tefé, e, de lá para cá, já são 15 edições que foram idealizadas com o objetivo de aproximar o produtor dos consumidores, bem como aumentar a renda dos manejadores. “Nos últimos três anos, o preço comercializado nas feiras tem sido superior ao preço pago por intermediários, o que tem compensado trazer o peixe para a feira”, analisou Ana Cláudia Torres, coordenadora do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá, organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Segundo Ana Cláudia, as feiras são organizadas pelos produtores e o Instituto Mamirauá, além de assessorá-los durante o manejo, também presta apoio de divulgação. “Mas o protagonismo é deles. Trata-se do resultado de uma intensa sensibilização dos produtores, para perceberem a importância de socializarem o trabalho da conservação nas cidades do entorno da reserva”.
Desde 2008, um dos principais grupos a realizar estas atividades é o Acordo de Pesca do Pantaleão – área localizada nos limites da RDS Amanã. Os pescadores que compõem o grupo residem nos municípios de Alvarães e Tefé. Em 2019, a quantidade estimada de beneficiários deste grupo são 120 pescadores, tendo 1/5 dos envolvidos participado da 15ª edição da Feira do Pirarucu Manejado.
Comercialização do pescado
Para Ana Cláudia, a principal dificuldade com a comercialização do pirarucu é a concorrência com o ilegal, uma vez que o pirarucu do manejo é ofertado em um curto período de tempo, variando entre setembro e novembro. Por outro lado, o peixe ilegal é ofertado o ano inteiro, sem qualquer restrição ou fiscalização.
“É uma competição desigual e desleal, pois o mercado exige regularidade na oferta, coisa que o manejo por respeitar a legislação não pode oferecer. Agora essa oferta poderia ser estendida por um tempo maior se houvesse condições de armazenamento. Se produz muito em uma época concentrada do ano e no período em que não se produz do manejo, o mercado é abastecido com o ilegal”, destaca Ana Cláudia.
Educação Ambiental
Em 2019, o Instituto Mamirauá executou o projeto “Pirarucu Legal no Mercado Local”, que teve o patrocínio do Banco da Amazônia e do Governo Federal. Visando sensibilizar os consumidores, técnicos do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá realizaram palestras sobre o manejo de pirarucu em escolas do município de Tefé. Segundo os organizadores, a estimativa é que 600 estudantes, de oito escolas, tenham participado das palestras.
O destaque deste ano foi para a Escola Municipal Bertholletia Excelsa, no bairro de Vila Nova e a Escola Municipal Colônia Ventura, no bairro do Abial. Ambas têm uma logística diferenciada, pois estão localizadas em área da cidade de difícil acesso. A ação teve apoio da Secretaria Municipal de Educação de Tefé. “As escolas demonstraram atenção e foram acessíveis ao diálogo”.