NINGUÉM GOSTA DE AMASSAR BARRO

Hermes Trismegistus (três vezes grande) foi um pastor, legislador e filósofo egípcio que viveu há mais de três mil e trezentos anos. Ficou mais conhecido como filósofo e sábio. Sua obra, de difícil compreensão, fechada a pessoas de curto entendimento, deu origem ao termo “hermético”, que significa “perfeitamente fechado”.

Amassar barro, no sentido figurado, quer dizer pelejar, realizar uma tarefa cansativa e repetitiva muitas vezes, para se obter o resultado desejado, tanto no que diz respeito a se obter conhecimentos para as coisas utilitárias e comuns da vida, como também para a sabedoria com relação à vida, a si mesmo, às Leis do Universo e a Deus.

Legal não? Mas... e daí? O que tem uma coisa a ver com a outra?

Usualmente se expressa “amassar barro” quando se fala do caminho a ser percorrido por iniciantes em cada profissão, especialmente os engenheiros civis, que literalmente pisam no barro no início das obras. Das gerações que estão entrando no mercado de trabalho nos dias atuais, muitos querem “queimar etapas” e já alcançar um posto relevante na alta administração das empresas, desconsiderando que os mais velhos, os do topo, seguiram um longo caminho para chegar lá. Para os apressadinhos, vale dizer: “Calma, calma, você ainda vai ter que amassar muito barro!”.

A expressão referida parece atual, mas, não é. Existe um livro na bibliografia logosófica (www.logosofia.org.br), o “Intermédio Logosófico”, que conta um fato interessante ocorrido com Hermes Trismegistus e um de seus discípulos. O caso é muito apropriado para os jovens “apressadinhos” das gerações X, Y e Z dos dias atuais. No episódio relatado, o iniciante questiona Hermes sobre o porquê de somente ele ter de amassar uma certa pasta - sentido figurado de sabedoria, de fazer da sua vida uma obra prima - se seus colegas estavam dispensados daquele esforço. O mestre lhe responde que poderia liberá-lo da tarefa, porém, ele o penalizaria se promovesse qualquer atraso, ou prejudicasse o trabalho dos demais.

Após uma série de reflexões, aquele discípulo concordou em continuar o labor inicial, entendendo que para adquirir conhecimentos e sabedoria é necessário amassar o barro mental que se possui, ou seja, estudar até incorporar o movimento automático à própria consciência, de forma que o transforme em algo natural em si. Como diz Hermes no conto: “Se aspiras trabalhar como o fazem meus outros discípulos, que se inspiram em belas imagens e fragmentos de arte, prepara-te como eles”.

Luciano Carneiro Tavares
Enviado por Luciano Carneiro Tavares em 19/11/2019
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