JONY ENTRE DOIS MUNDOS À PROCURA DA MESMA COISA
Tamanho não é documento é o que se diz. O autor de “Jony entre dois mundos à procura da mesma coisa”, Gabriel Kayano Freudenthal, tem onze anos de idade, mas escreve com o fôlego de um autor grande; melhor dizendo, de um grande autor.
Era uma vez um menino deslocado em seu meio, infeliz porque fora abandonado pela mãe. Recolhido e adotado por um casal, tem problemas com o padrasto e sonha um dia reencontrar seus pais verdadeiros. Jony atrai o ciúme do velho homem, porque se dá melhor com a madrasta, bem mais jovem. Innsbruck, na Áustria, com suas casas coloridas é o cenário ideal para a história de Jony. Dessas cores, Gabriel Kayano retira o material para a fantástica aventura do herói e seu amigo Crank.
Guiado apenas por uma sensação, Jony deixa a área da escola onde estudava e vai para numa velha casa abandonada. Ali acha um bilhete escrito para ele, o primeiro de muitos, dizendo que procurasse a maior casa verde do bairro.
No dia seguinte, Jony inicia suas aventuras pelos dois mundos em que procura a mesma coisa. Enfrenta animais perigosos, bichos nojentos, provas difíceis, criaturas mitológicas, humanos cruéis. Segue as pistas com determinação e tenta separar a realidade do sonho, o mundo real do universo paralelo. Recebe armas e ajuda de algum ser invisível, ao mesmo tempo em que usa os recursos modernos, seu Ipod, por exemplo.
Jony enfrenta tudo que é necessário para seguir adiante, até mesmo situações constrangedoras e provas repugnantes. Recebe a ajuda de seu diário falante, viaja no tempo, vai ao espaço, conhece um mundo exótico, todo feito de coisas comestíveis.
O herói de Gabriel Kayano também passa pela casa preta e pela experiência de lidar com os limites de sua pele; o mundo exterior e o mundo interior.
Finalmente chega à casa rosa, onde vive um rei cuja filha foi raptada pelos ogros. Jony deve salvar a princesa. Será que consegue? E se conseguir, o herói irá se casar com a princesa, encontrar seus pais e levá-los para um castelo onde serão felizes para sempre?
Descobrir essa parte fica para o leitor, porém aconselho a ter o espírito preparado, pois Gabriel Kayano sabe lidar com as palavras e com os fatos; com o sonho e com a realidade.
São treze capítulos surpreendentes. Doze passagens hercúleas e uma conclusão que nos leva a refletir, ao considerar a visão de uma criança – Jony – perante um mundo que o desafia e assombra. Recomendo esta leitura, pois tem um roteiro bem construído e apresenta riqueza de detalhes; é um relato que prende a atenção, mantém o suspense e traz soluções inesperadas.
Parabéns ao jovem Gabriel Kayano Freudenthal que estreia com maestria no mundo das letras e no romance de aventuras. Ele nos conta que quer ser engenheiro ou advogado, mas esperamos que encontre sempre um espaço em suas atividades para nos contar outras histórias como esta.
Nilza Azzi
Academia Campineira de Letras e Artes