POESIA E TEATRO
POESIA E TEATRO
A poesia transmite uma mensagem que dispara as sensações que despertam emoções nas pessoas que apreciam a nobre arte teatral. Um texto poético encenado no palco de um teatro encanta e integra a plateia em um olhar, um instante e um cenário poético através de uma paisagem e uma atuação poética. A palavra na lavra do poeta vira uma faca de ponta ou uma lâmina de vários gumes e quando incorporada pelo ator ou atriz potencializa o despertar das emoções
Na verdade desde os primórdios o teatro, que nasceu com finalidade religiosa e didática que tinha a função de transmitir ensinamentos ligados à conduta e à moral dos espectadores, sempre manteve uma relação de proximidade com a poesia. Tanto que os registros documentados que existem da dramaturgia grega, são em versos, a Odisseia e a Ilíada, grandes epopeias seguem um rígido esquema de métrica poética, e eram divulgadas oralmente através de declamações em praça pública. Desde o início a poesia era para ser falada, cantada, e não mantinha uma relação de exclusividade com a leitura.
Essa interligação do teatro e da poesia fez com que as duas formas de expressão caminhassem juntas ao longo dos tempos gerando celebradas obras que até hoje são encenadas e recitadas. No afã de ver sua arte tomar corpo em uma ação teatral, o poeta se esmerou em se dedicar a uma dramaturgia incensada de poesia criando diálogos que trazem à tona o reflexo multifacetado do seu ofício poético, que acintosamente abre mão de uma linguagem sofisticada visto que para o poeta a poesia é universal, não tem tempo, preço, ou hora, está no pranto de quem canta, está no canto de quem chora, está no espinho, na flor, está na prata da lua, escondida atrás da porta, no brilho do olho da rua!
Está na ternura do olhar tão intenso de magia, e não dispensa a alquimia dos mistérios e rituais, está na esquina das nuvens derramando seus deslumbres sobre todos os mortais. Está na ponta da estrela, na bota do astronauta, na gota do oceano, na engrenagem do plano, na lágrima que cai do céu, no âmago do ser humano, nas asas de qualquer pássaro, no voo da asa delta, na abelha fazendo mel. Está na água que vem da fonte, na pista, no trilho, na trilha, aquém e além do horizonte, no fogo, no mar e na ilha, sublime como a natureza e acima do bem e do mal, está no palco da vida e desfila pela avenida mesmo sem ser carnaval.
Antonio Carlos de Paula (AC de Paula)