Os melhores e piores pais da ficção
Neste Dia dos Pais, há muitas figuras paternas na ficção que merecem ser lembradas porque se tornaram símbolos ou de pais maravilhosos ou de péssimos pais. Se há pais que realmente merecem esse nome, também há os que podemos dizer que o são apenas no nome, pois não sabem dar amor, proteção e são verdadeiros exemplos de maldade e comportamentos abusivos. Sendo assim, vamos falar dos melhores e piores pais da ficção, não esquecendo de dizer que este texto é o resultado de uma opinião pessoal e cada pessoa tem direito a discordar.
Portanto, vamos mencionar os melhores:
1- Tio Phil: o tio de Will Smith na série Um maluco no pedaço era um belo exemplo de pai amoroso e preocupado com os seus rebentos Carl, Hillary e Ashley. O personagem, muito bem interpretado pelo inesquecível James Avery, ainda tinha lugar para o sobrinho atrapalhado Will, interpretado pelo então principiante Will Smith, orientando-o para a vida, dando broncas e tentando fazer com que o tresloucado parente ganhasse juízo. Tio Phil não era perfeito, mas tinha sempre boas intenções, dava broncas e castigos e vivia a ralhar com o sobrinho. Porém, quando Will precisava, ele não deixava de dar um abraço e um ombro amigo, mostrando que realmente amava o jovem. Dois momentos memoráveis de Tio Phil e Will Smith são o abraço que ele dá em Will no episódio A nova desculpa do papai, quando Will desaba em prantos após ver seu pai abandoná-lo de novo e o episódio final, no qual ele revela que sempre havia acreditado em Will e visto potencial nele quando ele ainda era um garoto que dava trabalho;
2- Don Vito Corleone: o personagem de Marlon Brando, que na vida real era um péssimo pai, tornou-se um símbolo de figura paterna no cinema. O mafioso implacável e astucioso era um marido exemplar e pai carinhoso, que fazia de tudo para defender sua família. Se ele não era um exemplo de cidadão honesto, ninguém podia negar que era um pai maravilhoso;
3- Rhett Buttler: o gentleman canalha interpretado por Clark Gable que não se importava com a Guerra da Secessão e tinha reputação de canalha e sedutor se redimiu ao se apaixonar de verdade pela mimada e egoísta Scarlett O’hara e ao se mostrar um pai totalmente devotado. Se Scarlett era uma mãe negligente, Rhett vivia para a filha, mimando-a e fazendo tudo que ela queria. Podemos admitir que ele errou ao estragar a filha de mimos, só que ninguém pode deixar de admitir que ele era um pai extremamente amoroso. Tanto que a morte de Bonnie o destruiu por dentro e esfacelou o seu casamento com Scarlett;
4- James Braddock; este foi uma pessoa que viveu de verdade. Boxeador americano descendente de irlandeses, foi interpretado por Russell Crowe em A luta pela esperança. No filme, ambientado na época da Depressão Americana, Braddock abandonou os ringues e tem que sustentar a família, composta por sua esposa e três filhos, resolvendo voltar a lutar e se tornando um exemplo de superação e perseverança. Ele chega a ficar sem comer para que a filha coma carne. A melhor cena do filme é aquela em que Braddock faz seu primogênito, Jay, devolver ao açougue um pedaço de carne que o menino tinha roubado para a família. Após a devolução, Jay confessa que roubara porque estava com medo de que o pai, por não poder alimentar a família, tivesse que mandar os filhos longe. Braddock promete que os filhos não irão para longe e o filho começa a chorar. Amorosamente, o pai abraça o filho, dizendo-lhe que está tudo bem e que entende porque ele agira daquela forma. A cena em que o pai se mostra tão compreensivo é realmente comovente.
Agora, falemos de alguns péssimos pais:
1- Leo: personagem abusivo interpretado por Jackson Antunes da novela A favorita, ele espancava a esposa, chamava-a de inútil e também maltratava os filhos. Seu filho mais novo, Domenico, chegou a perder a fala. No final, Catarina, a esposa submissa, cansou de apanhar e deu uma guinada na vida, começando a trabalhar e abandonando-o no final da trama. No capítulo final, sua filha mais velha diz que ninguém sentirá sua falta;
2- Jake: quem assistiu ao filme neozelandês O amor e a fúria tem de concordar que ele é um perfeito exemplo de péssimo pai. Desempregado, usa o dinheiro do seguro-desemprego para beber com os amigos, espanca a esposa, ignora os filhos, que o temem por causa de seu temperamento violento e faz coisas que parecem inacreditáveis, como ir beber em um bar em vez de visitar o filho que está num centro de detenção juvenil. Sua esposa, Betty, só toma uma atitude após o suicídio da filha mais velha, Grace. Jake não vai ao funeral da filha, preferindo beber num bar e Betty resolve deixa-lo, revelando que um dos seus amigos havia estuprado a filha e que toda a violência doméstica havia destruído não apenas a menina, mas também a família. No final, ela vai embora, salvando o que ainda há para salvar;
3- Campos Lara: o protagonista do romance O feijão e o sonho de Orígenes Lessa não faz coisas como maltratar os filhos ou espanca-los, porém peca pela negligência, deixando de prover suas necessidades básicas e sendo totalmente ausente, ignorando-os enquanto vive com a cabeça nas nuvens. Maria Rosa, sua esposa, tem de lutar como pode e se sente abandonada. Só mais tarde, quando os filhos estão crescidos, ele se dá conta de como os privou de uma vida mais feliz e confortável;
4- Saulo: o personagem da novela Passione era péssimo em tudo. Mau marido e pai, envenenou o próprio pai para conseguir assumir os negócios da família, era abusivo com a esposa e os filhos e chegou a chutar seu filho mais velho quando este, sob efeito de drogas, pediu-lhe socorro. A cena mais forte envolvendo este personagem é a em que o filho mais velho, diante da família, agarra-o pelo colarinho e faz mil acusações, chamando-o de “pai de merda”. Se a expressão parece desrespeitosa, não dá para negar que é fruto de muita mágoa e revolta.
Enfim, há mil exemplos de bons e péssimos pais na ficção e na vida real. Um texto como este pretende apenas falar de alguns exemplos que merecem ser mencionados. Muitos mais nomes poderiam ser citados, até porque a vida nunca deixa de nos brindar com boas histórias que valem uma reflexão.