Homem da Meia-Noite volta a fazer crítica social
Vestido com o seu tradicional fraque (traje formal que se usa em eventos e cerimônias que ocorrem durante o dia; equivalente ao smoking, utilizado à noite) o clube carnavalesco Homem da Meia-Noite saiu exatamente a 0h deste domingo de Carnaval (dia 03 de março de 2019), da sua sede na Rua do Bonsucesso, para as ruas do Sítio Histórico de Olinda.
Quem conhece a história e acompanha a trajetória desse calunga oitentão percebeu que a agremiação, depois e muitos e longos anos, voltou a fazer crítica social, honrando o seu nome de registro: Clube de Alegorias e Críticas O Homem da Meia-Noite.
No seu fraque, trazia a frase “O povo resiste desde 1988” (data da promulgação da última Constituição); na cartola, a mensagem “Juntxs podemos”, numa alusão (ou convite) à necessidade da resistência popular.
As críticas também podiam ser vistas nas camisas 2019 comercializadas pela agremiação, com alusões ao “Basta” de escolas e hospitais fechados, insegurança/assaltos, alimentos caros e os pedidos de igualdade, “Respeito” e “Paz” feitos pelas comunidades dos morros e das periferias, principalmente.
Este ano, o tema do desfile do calunga foi “A Voz do Morro” , numa homenagem ao Morro da Conceição (Recife), uma comunidade conhecida pela sua luta social e resistência cultural; à cirandeira Lia de Itamaracá, Patrimônio Vivo de Pernambuco; Lucas dos Prazeres e o grupo percussivo Patusco, de Olinda.
A roupa do Homem da Meia-Noite foi confeccionada pelas estilistas Rafaela Mendes, Maria Alice e Jessica Silva. Por mais de 30 anos, até o Carnaval de 2012, a vestimenta do calunga era feita, exclusivamente, pelo alfaiate “Seu Brasil” (Alderico Fernandes de Oliveira). Ele morreu aos 84 anos, no dia 05 de março de 2012 (16 dias após o desfile do calunga no Carnaval daquele ano), no Hospital Miguel Arraes, em Paulista. A partir de 2013, a exclusividade acabou. E, a cada ano, um estilista diferente se encarrega de produzir a peça para o desfile.
Desfile – Durante a madrugada deste domingo (03 de março), o Homem da Meia-Noite percorreu cerca de quatro quilômetros de ruas e ladeiras do Sítio Histórico de Olinda. Próximo das 4h, o calunga chegou à sede da troça carnavalesca Cariri Olindense, na Praça Miguel Canuto, no Guadalupe, e entregou simbolicamente a chave de abertura do Carnaval.