Histórias que poluem a mente

Às vezes, após assistir a um filme, sentimos que perdemos nosso tempo vendo algo que não nos acrescentou nada e, para piorar, muitos filmes têm histórias pesadas, bastante pervertidas. Assim, junto com a raiva por termos gastado nosso tempo inutilmente, vem um arrependimento por também termos visto algo que poluiu nossa mente, enchendo-nos de imagens horríveis.

Há algum problema em retratar gente pervertida na ficção? Em princípio, não. A perversão pode chocar, desagrada e ofender, mas ela existe e escritores não podem ignorar sua existência. O problema está em como retratá-la, o contexto no qual se encontra inserida. Eu mesma já criei personagens pervertidos, como um pedófilo. Porém, a perversão nunca pode ser retratada como algo normal, pois não há nada de saudável em um adulto abusar de crianças.

O problema de muitas dessas histórias é que botam certas perversões como normais e até aceitáveis e nós, sem perceber, acabamos mergulhando em tramas sujas e inverossímeis, - que nos apresentam versões distorcidas da realidade – e depois, ao desligarmos a TV ou sairmos da tela do computador, ficamos nos perguntando: como vimos uma porcaria dessas?

Há quem goste dessas coisas, embora não assuma. É o chamado prazer inconfessável (ou guilty pleasure, em inglês). O enorme número de pessoas viciadas em pornografia só reforça a afirmação. Talvez muitas tenham começado por curiosidade, tentadas pelo prazer de fazer algo proibido. E coisas pervertidas costumam ser viciantes. Quando alguém se dá conta, pode estar querendo ver aquilo de novo.