KANT & OLAVO DE CARVALHO

Depoimento de Rafael Nogueira.

"O Globo" encomendou de três pesquisadores de universidades públicas -- especialistas em Kant, segundo nos informam alguns diplomas -- uma crítica a uma aula do professor Olavo de Carvalho.

E como ficou o texto?

Olavo é apresentado de forma caricata, portanto, errada; sua aula é deformada e mal interpretada; os comentários explicando Kant não estão de acordo com o texto original do próprio Kant (pode olhar o alemão); e os aspectos destacados são pueris.

Vergonhosamente, confesso: eu esperava mais.

Pelo título desnecessariamente provocativo já tinha que ter desconfiado que se tratava de idiotice, mas por um momento achei que finalmente começaria um intercâmbio filosófico da academia com o Olavo, ainda que de baixo nível por parte dus dotô. Como pude esperar tanto?

Logo no começo, O Globo admite: convidou TRÊS especialistas para analisar uma aula de Olavo de Carvalho.

Em seguida, um professor diz que Olavo não gosta de Kant porque não aceita o contraditório, nem quaisquer questionamentos. Bem, é Olavo que lê tudo o que escrevem há décadas e publica na expectativa de ser respondido à altura.

Depois, dizem que Olavo não aceita a convivência entre religiões e que entre seus alunos exige que gostem das mesmas coisas. Vamos por partes:

1. Olavo é católico, então, naturalmente, o catolicismo tem alguma superioridade sobre as outras religiões, em sua visão. Nenhum evangélico, nenhum espírita, nenhum muçulmano acha que a sua religião tem exatamente o mesmo valor que qualquer outra. Por algum motivo, a verdade e o caminho parecem estar mais num canto do que noutro. Quem não é assim, não é católico, nem evangélico, nem espírita, nem muçulmano. É um kantiano multiculturalista que coloca a convivência acima da verdade, e isso só gera mais problemas de convivência ainda, além de confusões, erros e mentiras. Respeitar é perfeitamente possível, mas, crer em tudo? Não dá.

2. Olavo tem muitos alunos católicos, é verdade, mas não é feita nenhuma verificação, nenhuma, sobre a religião de aluno Tal ou Qual. Eu mesmo era meio iluminista quando ouvi o Olavo pela primeira vez e soube valorizar seu pensamento. Ele nunca quis saber. Tem muito ateu, protestante e espírita aluno do Olavo. Só não tem jornalista de esquerda.

3. Os alunos são tantos, de lugares tão distintos e de formação tão heterogênea que imaginar que Olavo exerce algum tipo de controle sobre religiosidade, valores, comportamentos, preferências etc. é muito ingênuo. Tem que ser muito tolo para pensar que isso é possível.

Todo o resto mantém esse nível, ou desce. A reportagem não passa das baixarias, más leituras, mentiras e confusões de sempre.

É triste, mas previsível. Superestimei a galera do complexo PUCUSP.

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Rafael Nogueira
Enviado por Israel Rozário em 11/02/2019
Código do texto: T6572266
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