Dr. FRANCISCO MELLO, (66996892292) ADVOGADO CRIMINALISTA, BRASIL, CENTRO OESTE, RONDONÓPOLIS-MT. ARTIGO: FEDERALISMO, MARAGATOS VERSUS CHIMANGOS

FEDERALISMO, MARAGATOS VERSUS CHIMANGOS

Os três Estados meridionais do Brasil, mormente o Rio Grande do Sul, vivenciaram entre 1893 e 1895, a Revolução Federalista, um entrevero de natureza política de grande repercussão no começo da República.

A causa principal foi o descontentamento com a administração exercida pelo Presidente do Estado do Rio Grande do Sul – antes de 1891 era Província -, Júlio de Castilhos, o qual pertencia ao Partido Republicano Rio-grandense.

Os apoiadores de Castilhos eram os Chimangos, também conhecidos como Pica-Paus; positivistas, centralizadores, presidencialistas e alinhados ao Governo Federal.

De outra banda estavam os Maragatos, inspirados nos ideais de Gaspar Silveira Martins, os quais pretendiam derrubar Júlio de Castilhos e estabelecer a Descentralização Política de viés Parlamentarista.

Os Maragatos eram contrários às Diretrizes do Presidente Floriano Peixoto que apoiava Castilhos, de tal forma que convenceram os revolucionários dos Estados de Santa Catarina e Paraná a lutar pelo Federalismo, dando feição nacional à Revolução.

O Movimento Revolucionário Federalista foi nocauteado em fevereiro de 1894, na batalha da Lapa no Paraná quando enfrentou as forças do Marechal de Ferro.

Sem provisões e munição os rebeldes se fragilizaram. Seis meses depois os Chimangos decapitaram o chefe dos Maragatos, Gumercindo Saraiva, e, enviaram sua cabeça para o governador Júlio de Castilhos.

Os Maragatos continuaram a luta, mas, enfraquecidos findaram por assinar o termo de Paz em agosto de 1895 na cidade de Pelotas, RS.

Moral da História. A Proclamação da República e foi rejeitada bravamente por algumas lideranças sociais e políticas brasileiras.

Eles se insurgiram porque não toleravam o Presidencialismo, o Positivismo, o Centralismo, e a manutenção das Oligarquias nos governos dos Estados.

Ocorre que o Presidente da República Marechal Floriano Peixoto soube sufocar não só o Federalismo como todas as revoltas da época.

Convém registrar que em 1923, quando o Presidente da República era Artur Bernardes, o entrevero entre maragatos e Chimangos se repetiu.

Joaquim Francisco de Assis Brasil, Líder dos Maragatos, enfrentou as forças de Borges de Medeiros, seu rival político, que o derrotara na eleição de 1922 para governador do Estado do Rio Grande Do Sul.

Os chimangos venceram novamente com as bênçãos do Governo Federal, mas, para cessar definitivamente a peleia, as partes celebraram em dezembro de 1923 o Acordo de Pedras Altas, pelo qual os Maragatos conseguiram algumas mudanças na Constituição Federal e na organização das futuras eleições no Rio Grande do Sul.

Para lembrar, os revolucionários foram apelidados de Maragatos pelas forças da situação, numa analogia à Comarca espanhola de Maragateria cujos habitantes tinham por gentílico: Maragatos, os quais usavam lenços vermelhos e andejavam como ciganos, comercializando cavalos roubados.

Atualmente este conceito não é mais pejorativo sendo motivo de orgulho usar lenço vermelho e se denominar Maragato.

Em retorsão, os revolucionários apelidaram os combatentes castilhistas de Chimangos, por eles, usarem lenços brancos, numa alusão a ave de rapina: chimango ou carrancho dos Pampas.

Os gaúchos atualmente usam faceira e respeitosamente lenços vermelhos, brancos e de outras cores demonstrando integração e civilidade.

Tudo por hoje indiada. Abracito.

Dr. Francisco Mello dos Santos. Advogado Criminalista. OAB-MT 9550. Especialista em Direito Penal e Processual Penal. drfranciscomello@terra.com.br (669)96892292.

Dr Francisco Mello
Enviado por Dr Francisco Mello em 08/01/2019
Reeditado em 08/01/2019
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