+ QUE 1000 PALAVRAS
Capturar esse momento numa imagem?
Pensamento instigante, confesso, que me ocorre após a leitura de dezenas dessas lamentações profanas de nossos incorrigíveis ressentidos -- algo contemporâneo, talvez, da lavra de algum verdadeiro poeta -- a minha tentativa está por aí, no EIS O HOMEM! -- ou de pintor / ilustrador entre os meus preferidos : Chris Mars, Derek Hess, Nicola Samori, Michael Hussar, Patrick Valenza...todos mais ou menos underground e atormentados por suas visões peculiares, arrebatadoras.
Nada fofinho, como o kitsch imbecilizante de Romero Britto, claro.
Logo percebi que talvez não conseguisse escolher UMA imagem emblemática, suficientemente catártica para o momento -- "a idade exigia", diz Pound -- mas talvez três imagens, duas delas relativamente massificadas na consciência visual coletiva, encerrando o espírito desse peculiar momento de transição.
A primeira, O HOMEM DESESPERADO, de Coubert, que possui o curioso detalhe de ser um auto-retrato, a expressão falando por si só, os olhos arregalados de quem se recusa a aceitar mesmo aquilo que já não pode ser negado.
A segunda, o delírio entorpecedor e perturbante de O GRITO, de Edvard Munch, as estruturas do real fora de eixo, sem prumo, como que no limiar da absorção por algum vórtex inexorável, faminto, onívoro.
E a terceira seria o pesadelo infernal de DETERIORAÇÃO DA MENTE SOBRE A MATÉRIA, de Otto Rapp, a condição existencial humana capturada num vislumbre exagerado do insano e do grotesco que, de resto, é repulsivo assim justamente porque somos nós, aquilo.
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