MOVIMENTOS ÉTNORRACIAL
As relações étnorraciais na educação e o processo de socialização do negro estão intimamente vinculados a construção da identidade afro-brasileira. A cor da pele, de atributo simplesmente biológico, assume um conteúdo cultural, social e moral em um imenso conjunto de quali' cativos inferiorizantes. Esse processo aconteceu, principalmente, com os fenotipicamente negros ou de pele mais escura, que não podem “disfarçar sua origem racial”.
A formação destes comportamentos sociais contrários a atitudes de discriminação e preconceito racial; promoveu o enraizamento dos direitos humanos que pauta a liberdade, igualdade, respeito e direito de se pronunciar cidadão.
Segundo Deborah Silva, o debate sobre os grupos étnico-racial e a cultura africana é algo recente. Destacando a década de 1970 como um período que os estudiosos dos movimentos negros chamam de “re-invenção” do movimento negro no Brasil.
Procurando romper com a cegueira. Pois muitos brasileiros acreditam que a nossa desigualdade está relacionada somente com a divisão de renda, mas os reais fatores estão ligados a diversos campos da vida social despontando a educação, a construção da identidade nacional brasileira e as relações sócio-culturais.
Neste contexto encontramos os movimentos negros (MN) que necessitam do apoio de curso sobre História da África e Cultura Afro-Brasileira. Fortalecendo os movimentos de políticas públicas e de alianças em prol da igualdade racial na educação.
Os professores Anderson Ribeiro e Renísia Cristina, também trabalham as limitações do processo cultural e educacional brasileiro. Mas em suas discussões abordam questões emblemáticas que descrevem a construção da pluralidade cultura, apontando problemas no sistema educação que lamentavelmente vão além dos diálogos étnorraciais.
É de extrema necessidade a inclusão da História e Cultura Africana e Afro-Brasileira nos currículos escolares. Os artigos aqui trabalhados corroboram com a inclusão da africanidade nos conteúdos programáticos das escolas brasileiras, mas surge uma necessidade da investigação, destacando os estereótipos, as falsas imagens sobre a África e as sociedades africanas; promovendo irreflexões das bibliografias estudas a visão de seus autores, e sua correlação com o movimento de luta pela igualdade e a legitimidade do negro enquanto sujeito do processo histórico.
Porém existe um contexto dual que vai além da introdução do ensino de História Africana. O sistema educacional brasileiro é um dos mais precários do planeta, não promovendo nem mesmo o seu papel principal que é conscientizar. Os pesquisadores aqui citados concordam que a educação pragmatiza a “bestialização” da sociedade brasileira.
A professora Deborah Silva se limita na discussão da “trajetória da população negra neste contexto excludente capitalista que possibilitará, no mínimo, que se indague sobre a infundada associação dos números da desigualdade à mera “falta de capacidade” de negros e negras”.
Já os professores Anderson Ribeiro e Renísia Cristina afirmam que ao “assumirmos o papel/função de educadores nos vemos cotidianamente cercados por questões que necessitam de um tratamento diferenciado para que possamos contribuir na formação de indivíduos lúcidos, críticos e de uma sociedade mais justa e democrática. Entre temas de grande relevância, a educação étnico-racial tem recebido uma atenção especial a partir da última década”.
Os artigos analisados trazem um arcabouço de ideias que hora se aproximam, ora se distanciam; pois ambos trabalham a História Africana ao longo da construção da identidade nacional, divergindo referente os conflitos educacionais que caoticamente vão além da cor da pele, complicando de forma drástica a inclusão da africanidade nos conteúdos escolares.
As leituras realizadas nos apontam a infeliz presença do etnocentrismo em meio à sociedade brasileira, um ranço preconceituoso que impede que os homens se respeitem, praticando a igualdade. Faz-se de suma emergência a reinvenção de nossas bases ou paradigmas. Os professores precisam romper com o sistema, se fundamentando em outros princípios: o do respeito e o da igualdade.
Os profissionais da educação precisam transver a arte de ensinar e aprender. Promovendo a reinvenção de bases que compreendem as nossas múltiplas ancestralidades, não mais difundindo um diálogo “evidenciando que o ideal de nação brasileira foi historicamente construído sobre dois pilares, e ambos têm em seu epicentro a figura do negro. Tanto o atraso da nação, quanto o progresso da nação voltam-se para a mistura de raças entre brancos, negros e índios. A abordagem de intelectuais era uma nação de raças mistas, como a nossa, era inviável e estava fadada ao fracasso”. (SCHWARTZ apud DIAS, 2005)
A trajetória dos negros em todos os campos da história brasileira e mundial; promoveu uma influência marcante nas estruturas da sociedade. Despertando um olhar que rompem com a classificação do tom da pele, um movimento de confronto com as atmosferas discriminatórias; visando a promoção da paz e da igualdade entre a sociedade multicultural
Referências
FILICE, G.C.R. & SANTOS, S.D. Movimento Negro e Políticas Públicas: singularidades de uma luta pela educação no Brasil (1970 - 2003). Pág. EAD.
OLIVA, R.A. & FILICE, G.C.R. Identidades em Construção Pluralidade Cultura, o Ensino de História Africana e a Educação Étnico-Racial, Diálogos Necessários. PáG. EAD.
SCHWARTZ, S.B. Segredos Internos. Engenhos e escravos na sociedade colonial 1550-1855. SP: Cia das Letras.