Ouro Preto e Mariana: berços de maçons que fazem e ensinam

Prof. Arnaldo de Souza Ribeiro

“Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males”.

François Marie Arouet – Voltaire. Nasceu em Paris - França, no dia 21 de novembro de 1694 e faleceu em Paris - França, no dia 30 de maio de 1778. Foi escritor, ensaísta, deísta e filosofo iluminista.

1. Introdução

No dia 09 de junho de 2018, integrantes da Loja Maçônica Itaúna Livre – LMIL em comitiva constituída pelos Irmãos Arnaldo de Souza Ribeiro, Guilherme de Paula Gonçalves, Michel Faber de Oliveira, Ronan Nonato Ferreira de Lima e pelas cunhadas Fernanda Fonseca Lima, Juliana Teodoro Maciel e Luanda de Almeida Viana, foram a Ouro Preto para assistirem à apresentação do espetáculo: Inconfidência Maçônica: Revolução Francesa à Conjuração Mineira. Um espetáculo escrito e interpretado pelo Irmão John Vaz. Na mesma oportunidade também participaram da solenidade de entrega de títulos a pessoas e entidades que trabalham em benefício da comunidade e na promoção da dignidade da pessoa humana.

O espetáculo iniciou às 17 h no adro da Igreja Nossa Senhora do Carmo e foi concluído na Casa da Ópera, o mais antigo Teatro da América Latina, ainda em funcionamento.

A partir das 16h, a comitiva itaunense concentrou-se na Praça Tiradentes, próximo a estátua do Grande Irmão e Mártir, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, para esperar pelo evento.

Naquele dia, Ouro Preto encontrava-se com a elegância e o glamour que lhe são peculiares. Parecia saber o que estava por vir. Certamente, já avisada por um gênio ou pelos mistérios que a protegem. Desse modo, se vestiu à parisiense para sediar o espetáculo e receber os participantes.

Era possível ver as nuvens aproximarem-se dos casarões, das ruas e das ladeiras setecentistas, a tarde transformar-se em noite e o sol a recolher-se para ceder seu lugar à garoa que se misturava à névoa, permeadas pelo agradável frio de inverno ouro-pretano. Frio que logo seria aquecido pela aguerrida e coerente apresentação que se iniciaria e que levaria os presentes às origens da Ordem Maçônica e dos princípios por ela defendidos, e que se encontram materializados nos registros e nos exemplos dos valorosos irmãos que nos antecederam.

Já perplexos com o espetáculo da natureza os presentes também foram surpreendidos pelos Irmãos e Cunhadas, que apressadamente passavam pela Praça em direção ao adro da Igreja com seus trajes de gala, marcadamente pelos ternos, vestidos e chapéus predominantemente pretos. E, assim, fizeram lembrar os iluministas setecentistas mineiros que, por aquelas ruas e Praça, também andaram em direção às suas reuniões secretas.

Experiência semelhante já vivera e relatara a poetisa Cecília Meireles, no livro Cancioneiro da Inconfidência quando estivera em Ouro Preto nos idos de 1940, para acompanhar e relatar os festejos da Semana Santa:

Vim com o modesto propósito jornalístico de descrever as comemorações da Semana Santa; porém os homens de outrora misturaram-se às figuras eternas dos andores; nas vozes dos cânticos e nas palavras sacras, insinuaram-se conversas do Vigário Toledo e do Cônego Luiz Vieira; diante dos nichos e dos Passos, brilhou o olhar de donas e donzelas, vestidas de roupas arcaicas, com seus perfis inatuais e seus nomes de outras eras. Na procissão dos vivos caminhava uma procissão de fantasmas: pelas esquinas estavam rostos obscuros de furriéis, carapinas, boticários, sacristães, costureiras, escravos e pelas sacadas debruçavam-se aias, crianças, como povo aéreo, a levitar sobre o peso e a densidade do cortejo que serpenteava pelas ladeiras. [1]

Naquele final de tarde e começo de noite, os Irmãos não viram e nem pensaram em fantasmas e sim, presenciaram o empenho dos organizadores, a harmonia dos convidados, a maestria dos atores, a felicidade dos homenageados, e, ainda, a beleza dos textos e dos cenários que os reportavam à ambiência do século XVIII, que materializavam um marco histórico e que evocavam reflexões de como a história se repete e, sobretudo, a necessidade de conhecê-la para que não se incorra nos mesmos erros.

Impulsionado pela importância e beleza do evento, segue um breve resumo para compartilhá-lo com aqueles que lá não estiveram e, sobretudo, materializar as atitudes nobres, realizadas no passado e no presente, para que sirvam de estímulos e sejam repetidas no futuro.

2. Histórico do evento

Tradicionalmente as Lojas Maçônicas: Confidentes de Vila Rica, GLMMG; Cavaleiros da Inconfidência Mineira, GOB; Padre Rolim, GOMG, de Ouro Preto, e Loja Estrela do Oriente, de Mariana, GOMG, promovem sessão aberta e festiva no primeiro sábado, subsequente ao dia 21 de abril, e o fazem em homenagem aos inconfidentes mineiros, ocasião em que outorgam títulos de benemerência a pessoas e instituições.

Iniciam a homenagem no Panteão dos Inconfidentes, instalado no interior do Museu da Inconfidência, onde estão sepultados seus restos mortais. Seguem-se com uma cerimônia ritualística branca, aberta ao público e a finalizam com a homenagem a uma pessoa e a uma entidade que se destacaram durante o ano, na prestação de serviços filantrópicos. Portanto duas homenagens são prestadas por cada Loja Maçônica participante.

Neste ano a cerimônia foi postergada para o dia 09 de junho, para atender à disponibilidade do teatro e do ator.

Quiseram os organizadores apresentar a peça Inconfidência Maçônica: Revolução Francesa à Conjuração Mineira, escrita pelo ator e historiador Ir.’. John Vaz, que a interpretou, com a participação dos Irmãos Frederick Hunzicker, Tales Bellini e membros do Capítulo Demolay Confidentes de Vila Rica. Desse modo, proporcionaram um grande espetáculo teatral e deram uma roupagem nova e inédita à cerimônia e à homenagem.

E foram felizes com essa iniciativa, marcada pela beleza da peça, pela maestria dos intérpretes e, ainda, por avivar a proximidade existente entre os propósitos da Revolução Francesa e da Conjuração Mineira, ambos gestados nos ensinamentos iluministas. Some-se, ainda, o momento que vive o país, que clama por reflexões e tomadas de decisões com vistas a promover o bem-estar da coletividade e promover a dignidade da pessoa humana.

3. Revolução Francesa

A primeira parte do espetáculo foi encenada no adro da Igreja Nossa Senhora do Carmo, construção iniciada em 1756, portanto, contemporânea aos fatos e objetos da peça.

De forma clara, objetiva e elucidativa, princípios inerentes aos grandes mestres, o escritor, ator e historiador, John Vaz, relatou e interpretou o que se passava na França, naquele entardecer do século XVIII. Acentuou a influência dos iluministas na Revolução Francesa e na Conjuração Mineira. Asseverou a presença marcante dos maçons na França e em Minas Gerais, e que todos eram detentores de princípios e pensamentos de repulsa ao absolutismo e à falta de liberdade. E que se inspiravam nos atos, ações e ensinamentos de Rousseau, Montesquieu, Voltaire, Locke, Diderot e D'Alembert.

Eram pensadores que defendiam o domínio da razão sobre a visão teocêntrica que imperava na Europa desde a Idade Média. Que o pensamento racional deveria substituir as crenças religiosas e o misticismo, que dificultavam a evolução do homem. Que o homem deveria ser o centro e buscar respostas para as questões que os afligiam, escudados na ciência e na razão e não somente pela fé.

Sabe-se que as ideias iluministas iniciaram-se no século XVI e encontraram seu apogeu no século XVIII, intensamente vividas e difundidas na França e, consequentemente, influenciaram a Revolução Francesa. Seus defensores tinham como lema: Liberdade, igualdade e fraternidade.

Da França, o movimento expandiu para o mundo, com especial influência na Independência dos Estados Unidos e na Inconfidência Mineira.

Preconizavam os iluministas que, se todos fizessem parte de uma sociedade justa e equânime, a felicidade comum seria alcançada, o que não ocorria àquele tempo.

Ao tempo da Revolução Francesa, o Estado Francês constituía-se de três Estados, sendo:

Primeiro Estado - composto pelo clero;

Segundo Estado - formado pela nobreza;

Terceiro Estado - composto por todos aqueles que não pertenciam ao Primeiro nem ao Segundo Estado, no qual se destacava a burguesia.

Nesse sentido ensina Heródoto Barbeiro:

O clero e a nobreza eram tidos como o primeiro e segundo Estados, respectivamente. Ambos possuíam privilégios feudais, isenção do pagamento de impostos e propriedades rurais e urbanas. Partilhavam de imposto sobre a produção, direitos de pedágios e exerciam cargos públicos políticos e judiciários.

A Igreja justificava o absolutismo, perpetuando a aliança do trono e do altar. O alto clero desfrutava de regalias e de riquezas inatingíveis ao baixo clero, que vivia na miséria. A nobreza palaciana vivia das pensões reais, comprometendo o erário público. A nobreza provincial decadente espoliava os camponeses, impondo-lhes pesados impostos. [2]

Na forma em que era gerida a França, o Terceiro Estado, embora mais numeroso e constituído por aproximadamente noventa e seis por cento da população era sempre preterido e vencido pelos dois primeiros. Pressionava para que as votações das leis fossem individuais e não por Estado. Se assim o fosse, poderia aprovar normas que os favorecessem. Sem, contudo, lograr êxito, pois o Primeiro e o Segundo Estado sempre recusavam a proposta e as votações continuavam a ser realizadas por Estado.

Inconformados com a indiferença do Rei, do Primeiro e do Segundo Estado, a burguesia propôs, no dia 10 de junho de 1789, a instalação de uma Assembleia Nacional, para formular uma nova Constituição para a França. Diante do silêncio do rei, da nobreza e do Alto Clero, no dia 17 de junho de 1789, os burgueses, os trabalhadores e demais integrantes do terceiro estado se declararam em reunião para formularem uma Constituição.

No dia 14 de julho de 1789, a Bastilha foi tomada e, no dia 4 de agosto de 1789, a Assembleia Nacional instituiu uma série de decretos, entre eles, o que cortava os privilégios da nobreza, como a isenção de impostos e o monopólio sobre terras cultiváveis.

A mesma Assembleia instituiu a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que reivindicava a condição de cidadãos aos franceses e não mais de simples súditos do rei.

Em setembro de 1791 promulgaram a nova Constituição francesa, que assegurava a cidadania para todos e pressionava o monarca Luís XVI a aceitar os seus critérios. Essa Constituição previa ainda a igualdade de todos perante a lei, o voto censitário, o confisco de terras eclesiásticas, o fim do dízimo, a constituição civil do clero.

Embora formasse um novo país e os princípios da Revolução Francesa espraiassem por vários países da Europa e América, a paz e o sonho dos revolucionários não se materializaram na forma que desejaram.

A França conturbou-se novamente, em especial pela insatisfação, insegurança e incompreensão entre os revolucionários. Desse modo, o sofrimento do povo fez convergir a esperança de progresso e equilíbrio no jovem general Napoleão Bonaparte que, a princípio, agiu como ditador e posteriormente como imperador da França.

Nesse sentido Heródoto Barbeiro:

O Diretório nomeou Napoleão comandante de Paris e, ao mesmo tempo, difundiu um boato de que os jacobinos preparavam um golpe. Napoleão pôs as tropas nas ruas. Os jacobinos ocuparam o Senado e o Conselho dos 500, refutando o golpe e acusando Bonaparte de ser o verdadeiro golpista. As tropas invadiram o legislativo e Napoleão proclamou a destituição do Diretório. [3]

O Período de Napoleão Bonaparte estendeu-se de 1800 a 1815 e mudou o cenário político do continente europeu e americano, em especial com a vinda de Dom João VI, para o Brasil em 1808.

4. Conjuração Mineira

Concluída a primeira parte do espetáculo, os participantes se dirigiram para o Teatro Casa da Ópera, onde o historiador e artista John Vaz, relata a saga dos conjurados de 1789, e o faz pela voz de dois emblemáticos personagens da história setecentista mineira: Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho e Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

Antônio Francisco Lisboa contesta com veemência o suicídio de seu amigo Cláudio Manoel da Costa, versão também contestada pelo historiador e professor marianense Roque Camello.

Nesse sentido Roque Camello:

Um morreu antes de ser sentenciado, com evidências irrefutáveis de assassinato, o mais velho e ilustrado de todos, Cláudio Manoel da Costa. Porque conveniente, a história oficial deu-lhe o fim por suicídio, algo incoerente com a verdade dos fatos, hoje fruto de muitos e aprofundados estudos. Dentre tantos historiadores, severos pesquisadores como Tarquínio José Barbosa de Oliveira e Ivo Porto de Menezes, vê-se uma convergência pelo assassinato. [4]

Prosseguiu Antônio Francisco Lisboa a falar de seus trabalhos em Congonhas do Campo, o memorável conjunto de esculturas em pedra-sabão realizadas entre os anos de 1794 a 1804, e a representação que deu a seus amigos mortos e degredados, para que fossem eternamente lembrados e reverenciados.

Com a ajuda da escritora Marilei Moreira Vasconcelos [5], pode-se complementar as informações de Antônio Francisco Lisboa, sendo:

Abdias – Francisco de Paula Freira

Amós – Antônio Francisco Lisboa - Aleijadinho

Baruc – Tomaz Antônio Gonzaga

Daniel – José Alvares Maciel

Ezequiel – Alvarenga Peixoto

Habacuc – Oliveira Lopes

Isaias – Joaquim José da Silva Xavier – Tiradentes

Jeremias – Cláudio Manoel da Costa

Joel – Salvador Gurgel

Jonas – Rego Fortes

Naum – Domingos Abreu Vieira

Oséias – Domingos Vidal Barbosa

Entre as causa que motivaram a Conjuração Mineira, destacam-se: as restrições de liberdade e o abuso na cobrança de impostos.

A redução do ouro extraído das minas, o endividamento dos mineradores e a insensibilidade da Coroa, somados aos abusos políticos e aplicação de altas taxas e impostos.

A decretação de uma série de leis que prejudicou o desenvolvimento industrial e comercial do Brasil, em especial no ano de 1785, quando proibiu o funcionamento de indústrias fabris em território brasileiro.

E, ainda, estabeleceu que cada região aurífera pagasse cem arrobas de ouro por ano e se não o fizesse aplicaria a Derrama, que se constituía na entrada de soldados da Coroa nas casas dos inadimplentes, para retirar bens até completar o valor devido.

Aquelas atitudes e incertezas promoveram grande insatisfação no povo mineiro, em especial, nas elites representadas pelos intelectuais, juristas, militares, fazendeiros e donos de minas que almejavam pagar menos impostos e participar da vida política do país.

Muitos dos descontentes detinham experiências adquiridas na Europa, enquanto estudantes, e, sobretudo, cientes e adeptos das ideias de liberdade, igualdade e fraternidade vindas do iluminismo europeu. Desse modo, começaram a se reunir para buscar soluções definitivas para por fim aos problemas que os afligiam.

Entre os conjurados destacou-se o alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido por Tiradentes, pela sua coragem e solidariedade com o grupo, inclusive, no final do processo, assumiu toda a culpa e disse ter sido o líder e o mentor de todo movimento, o que lhe custou a vida.

A ideia do grupo era conquistar a liberdade definitiva e implantar o sistema de governo republicano em Minas Gerais. Chegaram até mesmo a criar uma bandeira, constituída de um triangulo vermelho em um fundo branco, com a inscrição em latim: Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade ainda que Tardia).

O sonho não se realizou tendo em vista a delação de Joaquim Silvério dos Reis, Inácio Correia Pamplona e Basílio de Brito Malheiro Lago.

Suspensa a Devassa, presos os inconfidentes, foram enviados para o Rio de Janeiro e acusados pelo crime de infidelidade ao rei. Depois de um longo processo, com torturas e constrangimentos, veio a sentença: degredo para a África e, somente Tiradentes, por assumir a liderança do movimento, foi condenado à forca em praça pública.

Nesse sentido ensina João Ribeiro:

Tiradentes, também conforme o seu coração bem formado e leal, participou desses transportes, e dizia que só ele em verdade devia ser a vítima da lei e que morria jubiloso por não levar após si tantos infelizes que desencaminhara.

...

Na manhã de 21 de abril entrou na sua cela o algoz para vestir-lhe a alva, e ao despir-se dizia o mártir que o seu “Redentor morrera por ele também nu”. [6]

Embora não obtido o fruto que se esperava com a Conjuração Mineira, a morte de Tiradentes e o degredo de seus colegas não foram em vão, ou seja, plantava-se ali uma semente, que germinaria 33 anos depois, no dia 07 de setembro de 1822.

Concluído o espetáculo, o Irmão Jonh Vaz e os artistas participantes foram calorosamente aplaudidos de pé pelos presentes e passou-se à entrega dos Títulos de Homenagens, em Sessão Solene presidida pelos Veneráveis Mestres: João Bosco da Costa, Confidentes de Vila Rica, Ouro Preto, GLMMG; Wanderley Ramos, Cavaleiros da Confidência Mineira, Ouro Preto, GOB; Ivo Antônio Alves Lima, Padre Rolim, Ouro Preto, GOMG e Dimas da Conceição Gomes, Estrela do Oriente, Mariana, GOMG.

5. Homenagens e homenageados

Assim como os Inconfidentes que percorreram as ruas e ladeiras de Ouro Preto e Mariana no século XVIII, na busca da liberdade e da promoção de uma sociedade mais justa, equânime e fraterna, de igual modo, os Irmãos que integram as Lojas que prestaram as homenagens e aqueles que as receberam, também o fazem neste alvorecer do século XXI.

Para comprovar as assertivas acima, seguem breves resumos dos textos que foram lidos no dia 09 de junho de 2018, que relatam a vida e os trabalhos dos homenageados e comprovam seus valores para a sociedade.

5.1 - Loja Maçônica Confidentes de Vila Rica:

1. Luciano Guimarães Pereira: é natural de Ouro Preto, filho de Afonso Pereira e de Esmeralda Freitas Guimarães Pereira. É advogado, especialista em Direito Público e Mestre em História. Foi Secretário Fundador do LEO Clube de Mariana, ocupou todos os cargos distritais e nacionais desta entidade e recebeu a Medalha de Excelência LEO, da Associação Internacional de LIONS Clubes.

Ingressou no LIONS Clube de Mariana. Em 2009, foi empossado como o mais novo Governador do Mundo da Associação Internacional de LIONS Clubes, naquele ano.

Ocupa a cadeira de número 24 da Academia Mineira de Leonismo e a cadeira de número 36 da Academia Marianense de Letras.

Escreveu três livros: A Defesa da Honra: Ações de injúria no século XVIII em Mariana, Minas Gerais; Água do Coração e O Sorriso da Cigana. Todos com destinação social.

2. NAJOP: surgiu em setembro de 1997 com o objetivo de oferecer aos discentes a prática profissional de advocacia e atendimento à comunidade carente de Ouro Preto.

Como projeto de extensão, surgiu em 2002, sendo um dos mais antigos da UFOP e permite, aos discentes do curso de Direito da UFOP, a vivência com questões complexas, dinâmicas e reais em diferentes campos do ensino jurídico.

Desde sua criação em 1997 até o ano de 2015 já transitaram em julgado mais de 2279 processos judiciais acompanhados pelo NAJOP. Atualmente, conta com 322 processos ativos, sendo 15 pelo sistema PJE. As ações propostas, em sua grande maioria, tratam de alimentos, divórcio, usucapião, curatela e responsabilidade civil.

5.2 Loja Maçônica Cavaleiros da Inconfidência Mineira:

1. Winder Rodrigues Pinheiro: é natural de Governador Valadares-MG e casado com Cláudia Lúcia de Oliveira Pinheiro. É pai de seis filhos, sendo três deles, filhos do coração.

Ingressou na Polícia Militar do Estado de Minas Gerais no dia 02 de janeiro de 1989, exerce hoje o cargo de Comandante do 52º Batalhão da PMMG, na condição de Tenente Coronel.

Foi um dos fundadores da Loja Maçônica Cavaleiros da Inconfidência Mineira, filiada ao Grande Oriente do Brasil, com sede em Ouro Preto e foi seu primeiro Venerável Mestre. Nas palavras de sua esposa, Cláudia, “por onde Winder passa deixa um pouco de si e leva um pouco de cada um de nós”.

2. GRUPO SOL DE MARIAS: criado em 06 de maio de 2017, estabelecido na Rua Pará, nº 173, Bairro Colina, Mariana.

O Grupo Sol de Marias, entidade filantrópica, tem como principais finalidades: apoiar crianças, jovens, adultos e famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social e de extrema pobreza, e o faz através de programas assistenciais de alimentos, vestuários e medicamentos. Auxilia também outras entidades que desempenham o mesmo papel.

A manutenção do grupo é feita através de contribuições mensais de aproximadamente 50 mulheres, que priorizam beneficiar as pessoas carentes da cidade de Mariana e, sempre que necessário e possível colaboram com demandas de pessoas carentes de outros municípios próximos.

5.3 Loja Maçônica Padre Rolim:

1. José Ricardo Borges: é filho de Celestino Dionízio Borges e Maria de Lourdes Borges. Casado com Solange Abade Correia. É pai de 4 filhas: Ana Carolina Borges, Emanuela Eleonor Borges, Débora Regina Borges e Carla Acácia Borges.

É Servidor Público da Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP.

Iniciado na Maçonaria no dia 18 de novembro de 2000, Loja Maçônica Padre Rolim n.º 209, do Oriente de Ouro Preto. É um Irmão generoso, humilde, simples. Está sempre à disposição para auxiliar àqueles que dele precisam e pronto para participar e apoiar todas as iniciativas, filantrópicas, comemorativas e formais da Loja Maçônica Padre Rolim e das demais Lojas da região. Desprovido de quaisquer vaidades e transborda virtudes, quando e aonde chega contagia o ambiente com sua alegria singular, sua postura simples e fraterna.

2. Fernando Augusto: É casado com Luciana de Oliveira Barros e pai de Fernanda Oliveira, reside atualmente em Ouro Branco-MG.

Formado em Administração, é servidor público da Prefeitura Municipal de Ouro Preto e empresário na área de Tecnologia da Informação e Comunicação.

Iniciado na Maçonaria no dia 16 de abril de 2004, Loja Maçônica Padre Rolim n.º 209.

Entre 2013 e 2016, foi Delegado Distrital do Grande Oriente de Minas Gerais, para o Distrito Itacolomi, que compreende as cidades de Ouro Preto, Mariana, Itabirito, Ponte Nova, Ouro Branco, Conselheiro Lafaiete, São Joao Del Rey, Barbacena e Rezende Costa. Foi condecorado com a Medalha do Mérito Cívico "Tomás Antônio Gonzaga" pela Ordem dos Cavaleiros da Inconfidência Mineira, na data de 18 de agosto de 2012.

5.4 A Loja Maçônica Estrela do Oriente n.º 12.

1. Maria Cristina Pereira: é natural da cidade de Mariana, filha de Bendito Pereira e Maria Salete Pereira.

Iniciou sua vida profissional no comércio. Atuou como professora de pessoas especiais na Comunidade da Figueira entre os anos de 1994 a 1996. Foi professora da APAE de Mariana por dois anos e integrou o primeiro Conselho Tutelar da cidade de Mariana.

Juntamente com seu amigo Izaltino Teodoro fundou a Instituição Filantrópica CASA LAR ESTRELA onde atua voluntariamente há 20 anos, cujos trabalhos iniciaram em 1997, com crianças e adolescentes especiais e hoje com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.

Integra, também, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente como conselheira representante do Poder Público, e, ainda, é diretora voluntária da Instituição CASA LAR ESTRELA.

2. CAMAR: foi criada no ano de 2005, com o auxílio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente da cidade de Mariana, para tirar do lixão as famílias que recolhiam o material diretamente naquele local.

Inicialmente contava com 20 associados. Hoje, o número subiu para 30, constituído em sua maioria, por mulheres.

Desde sua criação, a CAMAR recebe o apoio da Prefeitura Municipal de Mariana, que disponibiliza a estrutura física onde desenvolvem suas atividades de gestão dos materiais, o veículo para transporte e um funcionário que acompanha os trabalhos.

O resultado do trabalho da CAMAR é notório na cidade de Mariana. Atualmente, existe enorme adesão por parte da população e dos estabelecimentos comerciais à coleta seletiva, o que faz reduzir a quantidade de resíduos encaminhados ao Aterro Sanitário. Desse modo, contribuem com o meio ambiente e, ainda, aumenta a renda dos associados, o que lhes permite viver com dignidade.

6. Maçonaria e sua importância no contexto social

Perde-se, com o tempo e com a discrição de seus integrantes, a real importância da Maçonaria, tendo em vista que, para ela e seus integrantes o importante é servir e contribuir para o bem-estar da humanidade e não servir-se dos bens da humanidade.

Prova insofismável dessa assertiva, encontra-se no que foi vivenciado no dia 09 de junho de 2018, sendo:

Um Irmão veio do Rio de Janeiro e trouxe todo o seu talento de artista, para promover a reflexão acerca da influência do iluminismo, na Revolução Francesa, na Conjuração Mineira, na evolução e na consolidação dos direitos humanos.

Irmãos, cunhadas, sobrinhos e sobrinhos vieram de diversos municípios para participar e aprender com o evento, realizado no Adro da Igreja Nossa Senhora do Carmo e na Casa da Ópera.

Os esforços e a sabedoria dos Irmãos integrantes das Lojas: Loja Maçônica Confidentes de Vila Rica, Loja Maçônica Cavaleiros da Inconfidência Mineira, Loja Maçônica Padre Rolim, de Ouro Preto e Loja Maçônica Estrela do Oriente, de Mariana e dos jovens membros do Capítulo Demolay Confidentes de Vila Rica, que, além de proporcionar uma aula de história e civismo, permitiram que se conhecessem as vidas e os trabalhos realizados pelos homenageados e Instituições: Fernando Augusto, José Ricardo Borges, Winder Rodrigues Pinheiro, Luciano Guimarães Pereira, Maria Cristina Pereira, CAMAR, GRUPO SOL DE MARIAS e NAJOP, dignos de respeito e, sobretudo, de serem seguidos.

7. Conclusão

A história sempre se repete com pessoas, formas e lugares diferentes. Desse modo, assim como no anoitecer do séc. XVIII, na França e no Brasil, pessoas sonharam com a liberdade e com a promoção do bem comum e buscaram concretizá-los com a Revolução Francesa e Conjuração Mineira.

Neste alvorecer do século XXI, as Lojas Confidentes de Vila Rica, Ouro Preto, GLMMG; Cavaleiros da Confidência Mineira, Ouro Preto, GOB; Padre Rolim, Ouro Preto, GOMG e Estrela do Oriente, Mariana, GOMG, reconheceram, incentivaram e valorizaram pessoas e instituições que trabalham para minimizar o sofrimento dos menos favorecidos e perpetuaram esse reconhecimento com a outorga dos títulos.

Entre os homenageados, encontrava-se o Irmão Luciano Guimarães Pereira, autor de três livros, sendo: A Defesa da Honra: Ações de injúria em no século XVIII em Mariana; Água do Coração e O Sorriso da Cigana. Os dois primeiros destinados a entidades que trabalham com animais abandonados em Ouro Preto, Mariana e Anchieta, no Espírito Santo.

Enquanto as vendas de O Sorriso da Cigana, inicialmente, destinavam-se ao combate à retinopatia diabética, segunda maior causa de cegueira no mundo em pessoas em idade produtiva. Num segundo momento, toda arrecadação será destinada à realização de cirurgias de catarata em pessoas carentes da região. Importante destacar que a catarata é a maior causa de cegueira no mundo.

Em paráfrase ao que se fez, ao que se viu e ao que se ouviu naquela solenidade realizada no dia 09 de junho de 2018, se os olhos são as janelas da alma, literalmente, os Irmãos de Ouro Preto e Mariana e seus homenageados trabalham para que as pessoas possam enxergar melhor, pelos exemplos e pelas cirurgias e assim, ter acesso à farmácia preconizada pelo Irmão Voltaire: “Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males”.

Se os Irmãos que fizeram a Revolução Francesa e a Conjuração Mineira – tão bem revisitada pelos artistas que as apresentaram – naquele tempo, abriram os olhos das pessoas com os ensinamentos iluministas, os irmãos ouro-pretanos e marianenses do século XXI, de igual modo o fazem, quando trabalham, reconhecem e homenageiam pessoas, cujas vidas e exemplos consubstanciam-se na construção de uma sociedade mais justa, equânime e fraterna.

Que o Grande Arquiteto do Universo os proteja e os ilumine.

Itaúna - MG, 1º de julho de 2018.

Notas

1. MEIRELES, Cecília. Romanceiro da inconfidência. 13ª impressão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p. 13.

2. BARBEIRO, Heródoto. História geral. São Paulo: Editora Moderna, s/d, p. 265.

3. BARBEIRO, Heródoto. História geral. São Paulo: Editora Moderna, s/d, p. 276.

4. CAMELLO, Roque José de Oliveira. Inconfidente Cláudio Manoel da Costa: primeiro advogado assassinado em Minas. Disponível em: < http://www.editorajc.com.br/inconfidente-claudio-manoel-da-costa-primeiro-advogado-assassinado-em-minas/> Acesso em 28.06.20118.

5. VASCONCELOS, Marilei Moreira. Aleijadinho: iconografia maçônica. 2ª ed. São Paulo: Radhu Ltda., 1989, p. 104.

6. RIBEIRO, João. Historia do Brasil. Rev. e comp. por Joaquim Ribeiro. 16. ed. Rio de Janeiro: São José, 1957. p. 315.

Biografia

BARBEIRO, Heródoto. História geral. São Paulo: Editora Moderna, s/d.

CAMELLO, Roque José de Oliveira. Inconfidente Cláudio Manoel da Costa: primeiro advogado assassinado em Minas. Disponível em : < http://www.editorajc.com.br/inconfidente-claudio-manoel-da-costa primeiro-advogado-assassinado-em-minas/> Acesso em 28.06.20118.

MEIRELES, Cecília. Romanceiro da inconfidência. 13ª impressão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.

RIBEIRO, João. Historia do Brasil. Rev. e comp. por Joaquim Ribeiro. 16. ed. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1957.

VASCONCELOS, Marilei Moreira. Aleijadinho: Iconografia Maçônica. 2ª ed. São Paulo: Radhu Ltda., 1989.

* Arnaldo de Souza Ribeiro é Doutor pela UNIMES - Santos - SP. Mestre em Direito Privado pela UNIFRAN - Franca - SP. Especialista em Metodologia e a Didática do Ensino pelas Faculdades Claretianas - São José de Batatais - SP. Coordenador e professor do Curso de Direito da Universidade de Itaúna - UIT - Itaúna - MG. Professor convidado da Escola Fluminense de Psicanálise – ESFLUP - Nova Iguaçu - RJ. Diretor Financeiro e membro da Comissão de Direito Imobiliário da 34ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB - Itaúna - MG. Membro do Instituto Mineiro de Direito Processual - IMDP – Belo Horizonte, MG. Sócio efetivo da Associação Brasileira de Filosofia e Psicanálise – ABRAFP - Belo Horizonte – MG. Sócio Benemérito da Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa - Cordisburgo – MG. Membro do Grupo de Escritores Itaunenses e Presidente da Academia Itaunense de Letras – AILE, Itaúna – MG. Membro do Instituto do Direito de Língua Portuguesa – IDILP – Lisboa e da Comunidade de Juristas de Língua Portuguesa – CJLP – Lisboa, Portugal. Advogado e conferencista. E-mail: arnaldodesouzaribeiro@hotmail.com