A declaração do general Mourão e o nosso substrato cultural
Foi grande a polêmica em torno da recente declaração do general Mourão sobre os povos que formaram nosso país, ao dizer que “temos a herança de privilégios dos portugueses, a indolência dos índios e a malandragem dos africanos”. Pois bem, goste você ou não do general Mourão, o que é fato é que ele disse a verdade, por mais dolorida que possa ser.
Por mais que você odeie o general, não se pode negar o que ele falou, ainda que ele possa ter, talvez, se expressado mal. Nosso substrato cultural, formado principalmente pelos portugueses, indígenas e africanos nos fez uma das nações mais ricas culturalmente, com uma grande vantagem de atributos, mas, infelizmente, com muita desvantagem também. Pois bem, explicando mais em miúdos o que o general quis dizer, de forma muito mais didática e, por assim, “eufêmica”, os povos ibéricos nos deixaram sim uma herança cultural de privilégios, bem como corrupção na política, nepotismo, patrimonialismo, e outros vícios típicos do nosso estamento burocrático (quem sabe heranças lá do império romano, junto com o desejo de expansão, dando impulso às colônias ultramarinas); enquanto herdamos dos povos indígenas a indolência, que não seja em suma uma preguiça e acomodação, de forma negativa, mas sim uma ausência de motivação à labuta de nível mais avançado, igual aos europeus e asiáticos, o que talvez possa ser explicado devido aos hábitos confortáveis das aldeias, com as tantas riquezas e abundância de alimentos nas florestas tropicais; e quanto à herança africana, a “malandragem” que ele quis dizer se refere ao nosso típico “jeitinho”, isto é, ao molejo e astúcia para lidar com várias situações difíceis, bem como à superstição (daí os nossos tão temidos “maus olhados” e “urucubacas”).
Isso não é somente nosso, mas também faz parte de praticamente todas as nações do globo. Por exemplo, os asiáticos (principalmente japoneses e chineses) possuem uma disciplina e ordem invejável (herança dos samurais e generais), assim como os escandinavos (quem sabe devido à engenhosidade que passaram os vikings para desenvolver uma sofisticada navegação e conquistar um palmo de terra fértil); e os russos com sua “frieza” típica de terras gélidas, e no outro extremo há o Oriente Médio, onde ocorreu tantas e tantas guerras entre os povos desde os tempos bíblicos, na disputa pelo crescente fértil, assim como mais ao sul, quando na Arábia pré-islâmica os beduínos desenvolveram um forte tino comercial para comprar e vender suas mercadorias nos lombos dos camelos, e fervor bélico para sobreviver a tantos saques e conflitos em meio à tamanha aridez do deserto e com seus poderosos sultões autoritários (nem precisa falar de ditaduras e espírito de guerra por lá, né?); e o subcontinente indiano então, que foi povoado por inúmeras etnias oriundas de várias regiões, formando uma população gigantesca, densamente povoada e diversificada (hoje cultua mais de trezentas milhões de divindades!); a América do Norte, com suas treze colônias de imigrantes, que foram somente para trabalhar, trazendo sua ética protestante, construindo seus ranchos e defendendo com unhas e dentes suas propriedades (berço do “american way of life); assim como hoje esses últimos (com um forte legado também iluminista republicano ocidental, não se batem com os iranianos (herdeiros do império persa, tão temido e repudiado pelos gregos, que lançaram a base da democracia). Como vemos, todos esses povos possuem também suas vantagens e desvantagens no substrato cultural, e por que conosco seria diferente?!
Não, não é rebaixar a nossa formação cultural, nem tampouco ter “complexo de vira-latas”, conforme as palavras de Nelson Rodrigues, mas sim ter a humildade e autocrítica em reconhecer nossos defeitos. Eu mesmo sou brasileiro miscigenado de europeu e indígena, e patriota com muito orgulho, mas deixo de fazer essa autocrítica como homem nascido e criado nesta cultura. O próprio general Mourão também deixou claro ao mencionar que “eu sou filho de amazonense, sou indígena. Somos a junção desses três povos, com as coisas boas e ruins que eles têm, sem colocar estigma em nenhum deles”, afirmou. Ele disse ter criticado também os portugueses: “Eu falei que a herança de privilégios é ibérica, do português que gosta de ter privilégios”.
Mas aí você me pergunta: e aí? Como lidar com isso? O que poderíamos fazer? Pois bem, como disse acima, nenhum povo é perfeito, todos possuem suas vantagens e desvantagens culturais. Nossas vantagens são inúmeras, as quais, se eu fosse colocar aqui, não acabava mais, o que perspassa desde a fé e as riquezas da civilização europeia que trouxeram os portugueses, até à sabedoria oral dos indígenas, às artes dos africanos, bem como outros povos que se juntaram a nós, construindo assim uma brava gente brasileira. Tudo bem que os escandinavos possam ser muito mais organizados socialmente, mas jamais terão o carisma, a simpatia e a criatividade artística que nós da Terra de Santa Cruz temos.
Foi grande a polêmica em torno da recente declaração do general Mourão sobre os povos que formaram nosso país, ao dizer que “temos a herança de privilégios dos portugueses, a indolência dos índios e a malandragem dos africanos”. Pois bem, goste você ou não do general Mourão, o que é fato é que ele disse a verdade, por mais dolorida que possa ser.
Por mais que você odeie o general, não se pode negar o que ele falou, ainda que ele possa ter, talvez, se expressado mal. Nosso substrato cultural, formado principalmente pelos portugueses, indígenas e africanos nos fez uma das nações mais ricas culturalmente, com uma grande vantagem de atributos, mas, infelizmente, com muita desvantagem também. Pois bem, explicando mais em miúdos o que o general quis dizer, de forma muito mais didática e, por assim, “eufêmica”, os povos ibéricos nos deixaram sim uma herança cultural de privilégios, bem como corrupção na política, nepotismo, patrimonialismo, e outros vícios típicos do nosso estamento burocrático (quem sabe heranças lá do império romano, junto com o desejo de expansão, dando impulso às colônias ultramarinas); enquanto herdamos dos povos indígenas a indolência, que não seja em suma uma preguiça e acomodação, de forma negativa, mas sim uma ausência de motivação à labuta de nível mais avançado, igual aos europeus e asiáticos, o que talvez possa ser explicado devido aos hábitos confortáveis das aldeias, com as tantas riquezas e abundância de alimentos nas florestas tropicais; e quanto à herança africana, a “malandragem” que ele quis dizer se refere ao nosso típico “jeitinho”, isto é, ao molejo e astúcia para lidar com várias situações difíceis, bem como à superstição (daí os nossos tão temidos “maus olhados” e “urucubacas”).
Isso não é somente nosso, mas também faz parte de praticamente todas as nações do globo. Por exemplo, os asiáticos (principalmente japoneses e chineses) possuem uma disciplina e ordem invejável (herança dos samurais e generais), assim como os escandinavos (quem sabe devido à engenhosidade que passaram os vikings para desenvolver uma sofisticada navegação e conquistar um palmo de terra fértil); e os russos com sua “frieza” típica de terras gélidas, e no outro extremo há o Oriente Médio, onde ocorreu tantas e tantas guerras entre os povos desde os tempos bíblicos, na disputa pelo crescente fértil, assim como mais ao sul, quando na Arábia pré-islâmica os beduínos desenvolveram um forte tino comercial para comprar e vender suas mercadorias nos lombos dos camelos, e fervor bélico para sobreviver a tantos saques e conflitos em meio à tamanha aridez do deserto e com seus poderosos sultões autoritários (nem precisa falar de ditaduras e espírito de guerra por lá, né?); e o subcontinente indiano então, que foi povoado por inúmeras etnias oriundas de várias regiões, formando uma população gigantesca, densamente povoada e diversificada (hoje cultua mais de trezentas milhões de divindades!); a América do Norte, com suas treze colônias de imigrantes, que foram somente para trabalhar, trazendo sua ética protestante, construindo seus ranchos e defendendo com unhas e dentes suas propriedades (berço do “american way of life); assim como hoje esses últimos (com um forte legado também iluminista republicano ocidental, não se batem com os iranianos (herdeiros do império persa, tão temido e repudiado pelos gregos, que lançaram a base da democracia). Como vemos, todos esses povos possuem também suas vantagens e desvantagens no substrato cultural, e por que conosco seria diferente?!
Não, não é rebaixar a nossa formação cultural, nem tampouco ter “complexo de vira-latas”, conforme as palavras de Nelson Rodrigues, mas sim ter a humildade e autocrítica em reconhecer nossos defeitos. Eu mesmo sou brasileiro miscigenado de europeu e indígena, e patriota com muito orgulho, mas deixo de fazer essa autocrítica como homem nascido e criado nesta cultura. O próprio general Mourão também deixou claro ao mencionar que “eu sou filho de amazonense, sou indígena. Somos a junção desses três povos, com as coisas boas e ruins que eles têm, sem colocar estigma em nenhum deles”, afirmou. Ele disse ter criticado também os portugueses: “Eu falei que a herança de privilégios é ibérica, do português que gosta de ter privilégios”.
Mas aí você me pergunta: e aí? Como lidar com isso? O que poderíamos fazer? Pois bem, como disse acima, nenhum povo é perfeito, todos possuem suas vantagens e desvantagens culturais. Nossas vantagens são inúmeras, as quais, se eu fosse colocar aqui, não acabava mais, o que perspassa desde a fé e as riquezas da civilização europeia que trouxeram os portugueses, até à sabedoria oral dos indígenas, às artes dos africanos, bem como outros povos que se juntaram a nós, construindo assim uma brava gente brasileira. Tudo bem que os escandinavos possam ser muito mais organizados socialmente, mas jamais terão o carisma, a simpatia e a criatividade artística que nós da Terra de Santa Cruz temos.