(NÃO) PRECISA LER!

Se a imagem vale mais que mil palavras, para que nós devemos começar a ler ou nós deveríamos continuar a escrever?

Ao que tudo indica, portanto, a significação semântica da imagem é superior a do texto escrito. As palavras são menores que as imagens, no frigir dos ovos!

A dimensão visual ganha um sentido tão profundo que a significação textual não mais é necessária.

Assim, as civilizações que desenvolveram a escrita, extrapolando as imagens representativas dos seres, pela significação simbólica do mundo, estão erradas, pelo senso comum do progresso natural da humanidade. Fica a pergunta: a decadência social/individual em si, é perceptível, sem se valer de um termo de comparação. Assim, se todos nós, em certa medida, e com ênfase considerável, estamos em queda livre, a percepção dessa queda, somente poderá ocorrer quando dermos com a cara no chão. Mas aí já é tarde demais...

O bom mesmo resume-se a olhar as figurinhas, em vez de ler os significados delas no texto escrito. Mesmo que seja um texto singelo. Quem fala de Wittgenstein... Resistir é tudo!

Então, não há maior sentido nas coisas que a imagem que as representa, ou a imagem que de si emana? A beleza em si basta no deleite visual tão somente? Apresentando-se somente visualmente, por meio de imagens. O texto (legenda) perde-se em importância quanto contraposto à imagem que tenta explicar?

Para que ler-se, então? Basta apontar as gravuras representativas do fenômeno?

Então é isso? Não pode ser, se o conceito de algo é dinâmico. Ou seja, abarcando seu circulo de latência, como uma percepção de tudo que ele pode fazer, seus elementos essenciais e acidentais. Então uma representação ilustrativa desse ente não se mostra suficiente para expressar toda a sua totalidade. Um filme, talvez, pudesse ter uma maior representatividade do ente em si. No entanto, ainda não tão completamente quanto a sua descrição escrita, engendrada metodicamente e estilisticamente. A definição, como expressão escrita (e posteriormente verbal) do círculo de latência.

Então, a figura de uma pessoa é um reducionismo ou um engodo, quando engendrada ao fim de enganar, pois não expressa a pessoa em sua totalidade; ou enfatiza um aspecto acidental, valendo-se de um apelo contextual. Menos até mesmo que uma definição, que já é a compressão do conceito dessa pessoa.

Ao se viver num mundo praticamente visual, onde as aparências criadas propositalmente pelas imagens cobrem a realidade (eideticamente abstraída), é preciso estar-se de sobreaviso sobre aquilo que estamos a observar. A expessão visual, elaborada a partir de um propósito ou despropósito, gera um padrão de dissonância cognitiva, que por sua vez, leva à imbecilização.