DEMOCRACIA: ENTRE O TER E O SER

A título introdutório, procuremos refletir: "Um país se faz com homens e livros", plasmou Monteiro Lobato, no livro “América”, em 1931. Repito, no mesmo sentido do que está dito na postagem em voga, de minha lavratura: “A humanidade divide-se entre os que têm e os que são. Estes últimos transformam o mundo. A mudança reside neles...”, Facebook, 03/07/18. E é bem verdade: a humanidade se divide entre ricos e pobres, vale dizer, entre os que têm e os que materialmente nada possuem – os excluídos sociais. Há que se acrescentar a essa visão macroeconômica sobre o ser humano, a sua intrínseca e escondida caverna (Platão): o Homem dividido entre o Bem e o Mal. Aqui é que o "TER" como antítese ao "SER" passa a ressaltar maximamente: mesmo no patamar e ótica do Bem, os interesses se sobrepõem à formação intrínseca, porque não vivem sozinhos e aqueles que têm, precisam dar respostas práticas protetivas dos interesses materiais de sua corriola. Estes da classe dominante, em regra são mais bem-dotados do exercício da inteligência e os seus decorrentes ardis materiais traduzidos em legislações protetivas de seus negócios. Portanto, o que interessa mesmo é o humano ser e os seus íntimos predicados. Os "rumos de uma Nação" são traçados pelo equilíbrio entre estes pragmáticos interesses. Já que em cada humano ser reside um diferenciado patamar ético e neste, a individualizada concepção do Bem e do Mal, só me parece possível uma fórmula nada mágica, porque leva tempo: a construção de uma sedimentada consciência dos valores democráticos na cabeça dos dirigentes e do Povo; o qual, com o decurso do tempo, pensará como Nação, ao se administrar os interesses de cada classe. Ressalto que (para mim) uma sociedade sem classes me parece utopia. Então, tudo se resume na figura dos homens e mulheres, os líderes que farão ou não do país uma Nação, num determinado período histórico normalmente longo, de pacienciosa e difícil construção. A mim, parece que o Brasil está sendo "passado a limpo", na quadra momentânea. Dela dependerá o futuro nacional. Vês como tudo isso é matéria de difícil abordagem? Para finalizar, a nação brasileira em formação há pouco mais de 500 anos, através de suas lideranças políticas e econômicas e do Povo organizado necessitam de esclarecimentos educacionais, de modo a que haja um aumento do patrimônio axiológico-cultural, e, também, como decorrência da efetiva ação publicitária de seus intelectuais como formadores de opinião. Todo isso exposto, paro para afirmar que aos POETAS – tratam da "lucidez enternecida" de seu povo pejado de necessidades – têm um palpável compromisso histórico, ajudando na formação dos valores, a fim de que o eleitor possa fazer a sua escolha entre o SER e o TER, logrando, no mínimo, construir momentos de felicidade pessoal e plausíveis perspectivas – válidas para o futuro da grande Pátria de mais de 207 milhões de almas, segundo recentes estimativas do IBGE. Grato pelas sínteses interlocutórias: um apreciável e incipiente mundo de ideias nos territórios submersos e/ou subjacentes a elas... Realmente estamos num outro lapso histórico. Há cerca de cinquenta a trinta anos, de lá para cá, ou seja, a partir do rompimento constitucional, ainda resistia a camisa de força dos anos de chumbo e suas muito questionáveis sequelas punitivas. E o que vemos na atual quadra histórica brasileira? Discutimos o continente e o conteúdo – publicamente – nas redes sociais (universais) da contemporaneidade política, histórica e social, assegurado o direito de opinar e dele fazer bandeira, não é mesmo? Parece-me que o País se abebera do que há de melhor para a Nação Brasileira: assegurar a pública opinião de seu Povo obreiro e trabalhador. Deste exercício exsurgirá a escolha de seus escalões dirigentes, na área político-administrativa, através do voto universal e secreto. Salve o ano eleitoral de 2018...

– Do livro inédito A VERTENTE INSENSATA, 2017/18.

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