QUANTOS DIAS...QUANTAS GERAÇÕES ?
Ainda há pouco, pela programação artística duma televisão fechada , me surgia a emoção e a vontade de escrever um sumário sobre uma sensação da vida, em suma, da atual vida de todos nós.
Divido minha emoção com quem me lê.
A fonte da minha inspiração foi a apresentação da peça teatral (ocorrida em 2010), o musical OS MISERABLES, por ocasião do seu vigésimo quinto aniversário (25 ANOS!) na cidade de Londres, homenagem que ocorreu ali mesmo, local da sua primeira apresentação, no ROYAL OPERA HOUSE no ano de hum mil novecentos e oitenta e cinco, depois que um artista francês, assistindo ao musical OLIVER, teve a ideia de transformar o clássico de Victor Hugo em dramaturgia e, então, o levou primeiramente aos palcos da França em hum mil novecentos e oitenta.Cinco anos depois Victor Hugo estrearia nos palcos londrinos.
Falar da clássica obra cuja história retrata a perene luta do Homem para defender sua dignidade humana pelo seu tempo , a obra genial que inspirou várias encenações teatrais aplaudidas pelo mundo afora, inclusive entre nós, seria redundar sobre os semelhantes percursos e percalços da Humanidade pela sua História repetitiva, inclusive pelos tempos contemporâneos, a despeito de toda evolução tecnológica que hoje nos pontuaria como “seres desenvolvidos”.
Mas... não é disso que quero falar.
Quero contar da EMOÇÃO muito forte que tive quando, em meio ao final da peça comemorativa aos vinte e cinco anos de encenação, naquele momento maior em que a música protagonista do tema do enredo "ONE DAY MORE" era cantada por todos os personagens a sonorizar um telão que mostrava a retrospectiva das cenas principais da ópera, então , foi chamada ao palco A PRIMEIRA GERAÇÃO DE ARTISTAS que estreou a peça bem ali , há exatos vinte e cinco anos atrás e que nunca a deixaram morrer em qualidade , pois o seu legado artístico foi ENSINADO ÀS DEMAIS GERAÇÕES. Um a um...
VINTE E CINCO ANOS de sucesso ininterrupto, digamos, aproximadamente duas gerações passadas ali pelo ROYAL OPERA HOUSE, artistas de todas as artes ecléticas, sincronicamente harmonizadas num belo todo, sem que nada se perdesse pelo tempo.
Ali se cumprimentavam em meio às lágrimas, pelo mérito de não terem deixado a beleza e o recado da peça morrer, nos dizendo da importância de se preservar os palcos do hoje para as artísticas gerações futuras.
A sensação que tive foi a de que O PALCO É COMO UM PAÍS.
Foi a metáfora pungente que em fustigou por dentro, a DA EDUCAÇÃO ESQUECIDA,mais precisamente, e que me remeteu a nós.
Não se pode deixar a peteca da educação cair em nenhum palco da vida...nunca, sob pena de se perder o espetáculo principal.
E tal não é nenhuma novidade.
Charlie Chaplin já dizia que: “a vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante chore , dance e ria intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”.
Concluo que, hoje , ao olhar para dentro e extensivamente para os lados planetários de nós, todos somos um pouco da História de Victor Hugo e do palco dos “Les miserábles", essa perene peça humanística encenada em todas as línguas genuínas, sem ser preciso tradução alguma, bastando apenas se saber olhar e sentir, a depender da ótica metafórica a ser interpretada, aceita ou refutada, por cada um de nós.
A minha sensação metáforica é óbvia: aquela cuja chamada das gerações ao palco de dantes nos ensina poeticamente que é preciso educar urgentemente para se preservar as cenas que nos valha o difícil e contagiante teatro da vida.
É preciso, inclusive, respeitar o legado do conhecimento construído.
Tão simples e tão difícil entre nós.
Eu preciso parar, eu sei, mas eu nunca sei parar de escrever.
Todavia, quero dizer que, parafraseando Chaplin, antes que as cortinas se fechem, as dum palco social decantado e destruído, o daqueles que já não podem comemorar legados porque simplesmente não o edificaram, que saibamos ser os atores protagonistas da nossa peça conjunta.
Qual um coral de todas as vozes harmonizadas sob o ocmando dum digno maestro.
Que sejamos chamados ao palco para comemorarmos nossos feitos pelos tempo.
Nossos pequenos grandes feitos da cidadania!
Que sejamos nós a nos unir, a ensinar, a edificar, a lutar, a gritar, a resgatar valores coletivos perdidos em prol do crescimento social sustentável, aqueles nos quais acreditamos; tudo isso antes que já não nos haja mais bons espetáculos a se descortinar, aqueles que ressuscitam os aplausos pelo que, de verdade, valeu a pena das lutas encenadas e consagradas.
Afinal,” o show sempre continua”...ainda que seja ele o atual, o próprio e triste rescaldo dos nossos teatros apodrecidos pelos tempos perdidos.
É quando eu me pergunto:
Quantos “ONE DAY MORE”?
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obs: segue o Link do youtube
https://www.youtube.com/watch?v=yH-dIzhgipU