o Gênesis de Robert Crumb
Depois de ler o livro do Gênesis de Robert Crumb pude compreende-lo melhor através das ilustrações deste genial cartunista.
Adão e Eva, Caim e Abel, o fratricídio, a marca de Caim. O sopro de vida do Criador na narina do primeiro homem, a cirurgia para criação da mulher. A árvore genealógica humana que nos parece entediante conhece-la pelos muitos nomes que povoaram a terra. Pude compreender sob outra perspectivas a vida de Abraão por exemplo. Ao retratar Deus, Crumb optou por desenha-lo como um velho, sábio supremo, barbas longas, cabelos longos, aqui há a simbologia de sempre: sabedoria, olhar de um Pai amoroso, o domínio do tempo. Também ao retratar o Adversário, Satanás, o desenhou como a serpente “o ser mais astuto entre os animais” que andava sobre dois pés até a sua condenação divina onde passou a rastejar como as serpentes ainda o fazem até os dias de hoje. Crumb diz utilizar a versão bíblica King James, uma escolha precisa para o trabalho que pretendia mostrar. Tive uma compreensão mais ampla quanto aos anos de vida das pessoas primitivas: por óbvio que hoje, não concebemos homens vivendo 8,9 séculos...Deus provavelmente se “arrepende” de dar-lhes um sopro de vida tão potente. Este livro me foi supimpa, admiro mais ainda a partir de hoje este velho Crumb. Pelo trabalho sacerdotal de ilustrar uma história difícil de entender para as cabeças medíocres como a minha, me ajudou a conhecer um pouco melhor o Início e me deu um novo olhar, uma nova ótica do Gênesis. As expressões das pessoas, seus rostos, a frenologia daquele povo, seus fenótipos. Como será que ele os imaginou? Por que será que Abraão tem a cara que tem? E quanto a Sarai, por que pensou em lhe dar olhos tão grandes e cheios de esperteza feminina. E os seios de Sarai? Crumb se saí bem com seios, com todo o corpo feminino, (esse talento é melhor percebido em outras obras do artista, como por exemplo “minha vida”). Os animais do dilúvio. Os casais de bichos, a construção da arca feita da madeira do cipreste. Noé e sua família, como conceber tamanha variação de expressões? Crumb foi à fundo na antiguidade e saiu de lá tocado, renovado. Talvez mais confiante de que segue no caminho espiritual da disciplina e criação, tem êxito seu trabalho porque dá cara a uma cena bastante incrível, literalmente; as histórias são completamente piradas e isso é magnífico! Crumb bem que poderia viver como um membro da família de Enós por exemplo, que subiu ao plano astral perto dos 905 anos. Assim aos quase oitenta anos ainda seria um efebo criativo em pleno apogeu cheio do sopro de vida. Mas Jeová não faz mais homens assim, tão longevos. E o que dizer dos querubins e da espada flamejante que rodopia guardando o caminho da árvore da vida? Tudo isso lá no Éden. O lugar perfeito. Crumb é como seu personagem Mr.Natural, um guru mas notem que espécie de guru que afugenta seguidores, imbecis que precisam de uma palavra de um homem. Eis o seu mantra: Aiquiotarioeusou!