O PREÇO DE SER
Por Gecílio Souza
É nestes momentos que definimos os lados, as bandeiras, os espaços, as metas, os horizontes. É nestes momentos que se rompem os laços frágeis e fortalecem-se os vínculos fortes com aqueles cuja história se confunde com a nossa. É nestes momentos que as grandezas verticais se revelam nas demandas horizontais. É nestes momentos que são ressaltadas as cores da identidade e o sentido de existir exige ser redefinido. É nestes momentos que se deixa de ser "quase", "mais ou menos", "talvez", "depende", "vou ver". Finalmente, é nestes momentos que, ou se define, ou se definha. A definição é um ato de coragem, de valentia, de amor, de dignidade e de sabedoria, desde que implique na definição do outro. Eu, particularmente, optei por me definir, consciente dos carimbos que me marcarão: esquerdista, petista, comunista, marxista, o que for... Mas me defino pelos da minha cepa, da minha estirpe, da minha saga, porque um mundo sem o negro, a mulher, o indígena, a prostituta, a lésbica, o gay, o travesti, o trans... enfim, sem o 'quase" gente, me definha e aborta de mim o sentido de existir.