Ao tempo em que Aracaju completa mais um ano de existência, torna-se oportuno lembrar aqui a figura do médico e viajante alemão Robert Avé-Lalemant, o qual conhecendo a nova capital de Sergipe quatro anos após a sua fundação, em 1859, deixou registrado em seu livro "Viagens Pelas Províncias da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe" suas impressões sobre a nova cidade.
Praticamente ele viu Aracaju nascendo e a retratou em sua formação, não com um pincel, mas com palavras.
Admirável é que tenha feito isso em tão poucas linhas!
Dos três dias inteiros em que permaneceu na capital recém-fundada resultou um precioso relato cuja leitura é imprescindível nos dias de hoje aos que desejam saber de Aracaju em seus primórdios.
As páginas em que descreve a capital em seus primeiros anos têm o poder de nos levar até esse remoto passado, tal é a vivacidade com que relatou tudo que viu.
E quase tudo que viu agradou-lhe, por isso escreveu: "Tem aspecto sumamente agradável. Tudo é bonito e novo na margem, embora muito provisório. A residência do Presidente, a Câmara Provincial dos Deputados, um quartel, uma igreja e até uma loja maçônica - tudo ostenta na sua pequenez e exiguidade de espaço primorosa e bonita aparência. ( Robert Avé-Lalemant, Viagens Pelas Províncias da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, Belo-Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980, pág. 331 ).
Através de sua obra temos uma visão do movimentar e da rapidez das construções e do dinamismo visto na cidade nesse aspecto quando escreve: "Por toda parte se trabalha, por toda a parte se constrói, se cria" e mais adiante observa que "nos quatro anos decorridos desde a fundação da cidade, já se tem feito muito em Aracaju e estar-se fazendo outro tanto" (Robert Avé-Lalemant, obra citada, págs. 332 e 334).
Observou também e encantou-se com a beleza das mulheres nativas denominadas tapuias - aquelas que já habitavam no povoado de Aracaju antes deste ser elevado a categoria de cidade. E nesse aspecto como ele desperta nossa atenção e alimenta nossa curiosidade, quando descreve os encantos de uma tapuia em particular, muito conhecida por sua beleza: "De pé na porta de sua cabana, penteava os cabelos, na atitude dum verdadeiro modelo de Ticiano, as espáduas roliças cobertas por uma nívea camisa, não precisando fazer para isso o menor esforço, como se toda a personalidade selvática tivesse perfeita consciência do seu irresistivel encanto. (Robert Avé-Lalemant, obra citada, pág. 336).
Embora Aracaju tenha-lhe agradado em seus aspectos gerais, Robert Avé-Lalemant viu-lhes os defeitos.
Segundo ele o grande defeito de Aracaju era a falta de água pótável. Os seus moradores apanhavam água da chuva e havia uma espécie de nascente na areia por trás da cidade. Porém afirma: "O que se tem para beber é ruim, amarela cor de ouro". (Robert Avé-Lalemant, obra citada, pág. 335).
Outro defeito da cidade nascente, no seu ponto de vista, eram os seus arrebaldes, pois "permitiram a gente de classes baixas fixados aos poucos em Aracaju, construirem habitações a seu modo e conforme os modelos que já tinham sob os altos coqueiros. Vê-se assim, por trás e junto a parte bonita da cidade de Aracaju, uma horrível aglomeração de casas cinzentas, de barro, com telhados de palha de coqueiro, ranchos primitivos, como se justifica no sertão, mas que não deviam nunca ser permitido numa capital provincial recém-fundada. (Robert Avé-Lalemant, obra citada, pág. 335).
O viajante notou tabém como era tedioso viver em Aracaju, cidade sem concertos nem teatro. O que amenizava esse tédio era a música, quando grupos de pessoas se reuniam a noite em frente ao palácio do governo para assistir a banda de música do batalhão aquartelado na cidade.
E essas noites, escreveu ele "tinham certamente seus encantos. Expementei-os para nuna mais esquece-los" (Robert Avé-Lalemant, obra citada, pág. 336).
A 18 de maio de 1859 Robert Avé-Lalemant despediu-se da terra sergipana mas nos deixou um precioso retrato de nossa cidade ao nascer e que por isso é leitura agradável e indispensável em qualquer tempo.
Praticamente ele viu Aracaju nascendo e a retratou em sua formação, não com um pincel, mas com palavras.
Admirável é que tenha feito isso em tão poucas linhas!
Dos três dias inteiros em que permaneceu na capital recém-fundada resultou um precioso relato cuja leitura é imprescindível nos dias de hoje aos que desejam saber de Aracaju em seus primórdios.
As páginas em que descreve a capital em seus primeiros anos têm o poder de nos levar até esse remoto passado, tal é a vivacidade com que relatou tudo que viu.
E quase tudo que viu agradou-lhe, por isso escreveu: "Tem aspecto sumamente agradável. Tudo é bonito e novo na margem, embora muito provisório. A residência do Presidente, a Câmara Provincial dos Deputados, um quartel, uma igreja e até uma loja maçônica - tudo ostenta na sua pequenez e exiguidade de espaço primorosa e bonita aparência. ( Robert Avé-Lalemant, Viagens Pelas Províncias da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, Belo-Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980, pág. 331 ).
Através de sua obra temos uma visão do movimentar e da rapidez das construções e do dinamismo visto na cidade nesse aspecto quando escreve: "Por toda parte se trabalha, por toda a parte se constrói, se cria" e mais adiante observa que "nos quatro anos decorridos desde a fundação da cidade, já se tem feito muito em Aracaju e estar-se fazendo outro tanto" (Robert Avé-Lalemant, obra citada, págs. 332 e 334).
Observou também e encantou-se com a beleza das mulheres nativas denominadas tapuias - aquelas que já habitavam no povoado de Aracaju antes deste ser elevado a categoria de cidade. E nesse aspecto como ele desperta nossa atenção e alimenta nossa curiosidade, quando descreve os encantos de uma tapuia em particular, muito conhecida por sua beleza: "De pé na porta de sua cabana, penteava os cabelos, na atitude dum verdadeiro modelo de Ticiano, as espáduas roliças cobertas por uma nívea camisa, não precisando fazer para isso o menor esforço, como se toda a personalidade selvática tivesse perfeita consciência do seu irresistivel encanto. (Robert Avé-Lalemant, obra citada, pág. 336).
Embora Aracaju tenha-lhe agradado em seus aspectos gerais, Robert Avé-Lalemant viu-lhes os defeitos.
Segundo ele o grande defeito de Aracaju era a falta de água pótável. Os seus moradores apanhavam água da chuva e havia uma espécie de nascente na areia por trás da cidade. Porém afirma: "O que se tem para beber é ruim, amarela cor de ouro". (Robert Avé-Lalemant, obra citada, pág. 335).
Outro defeito da cidade nascente, no seu ponto de vista, eram os seus arrebaldes, pois "permitiram a gente de classes baixas fixados aos poucos em Aracaju, construirem habitações a seu modo e conforme os modelos que já tinham sob os altos coqueiros. Vê-se assim, por trás e junto a parte bonita da cidade de Aracaju, uma horrível aglomeração de casas cinzentas, de barro, com telhados de palha de coqueiro, ranchos primitivos, como se justifica no sertão, mas que não deviam nunca ser permitido numa capital provincial recém-fundada. (Robert Avé-Lalemant, obra citada, pág. 335).
O viajante notou tabém como era tedioso viver em Aracaju, cidade sem concertos nem teatro. O que amenizava esse tédio era a música, quando grupos de pessoas se reuniam a noite em frente ao palácio do governo para assistir a banda de música do batalhão aquartelado na cidade.
E essas noites, escreveu ele "tinham certamente seus encantos. Expementei-os para nuna mais esquece-los" (Robert Avé-Lalemant, obra citada, pág. 336).
A 18 de maio de 1859 Robert Avé-Lalemant despediu-se da terra sergipana mas nos deixou um precioso retrato de nossa cidade ao nascer e que por isso é leitura agradável e indispensável em qualquer tempo.