Maquiavel o injustiçado
Niccolo Di Bernardo Dei Machiavelli - Nicolau Maquiavel ou simplesmente Maquiavel para os mortais, nasceu em 1469 em Florença na Itália e morreu em 1527 na mesma cidade.
Maquiavel foi um filósofo renascentista e um dos homens mais inteligentes que a humanidade já teve. Ele dominava quase todas as ciências desde filosofia até matemática, fluente em latim e francês, foi historiador, escritor, estrategista militar, economista, diplomata, musico, político e conselheiro.
Ao contrário de muitos dos demais intelectuais e eruditos que cursaram as melhores universidades Maquiavel, por falta de recursos, teve que abandonar os estudos superiores.
Dessa forma, boa parte de tudo o que sabia Maquiavel, não aprendeu em academias ou escolas, mas lendo, observando e anotando o que as pessoas ou grupos faziam ou como se se comportavam.
Excelente observador e estrategista, muitas vezes previu, com acerto, o resultado de contendas e negociações políticas. Como conselheiro e diplomata evitou batalhas desnecessárias e poupou muitas vidas.
Pela sua formação, argúcia e experiência podemos dizer que Maquiavel foi mais um prático que teórico e isso se comprova pela objetividade de seus escritos, conselhos e orientações que deixou.
Como secretario da Chancelaria da República Florentina observou o comportamento de grandes nomes da época e a partir dessa experiência tirou algumas conclusões para elaborar o seu mais famoso livro O Príncipe.
É bom que se diga que embora essa obra só tenha sido publicada em 1513, cinco anos após a morte do autor, o seu conteúdo, a fama, os feitos e o comportamento de Maquiavel já eram conhecidos de muito tempo e por toda a Itália e em alguns outros países da Europa.
Sempre reprovando os insanos comportamentos dos detentores do poder Maquiavel tece severas críticas aos governantes a quem denominou de príncipes numa época em que reis eram papas e papas eram reis.
Irritados com esses puxões de orelha que seguidamente recebiam de Maquiavel, reis e papas da época tudo fizeram para denegrir a sua imagem e sua sabedoria a ponto de ele ser execrado e perseguido na sua própria terra.
Os jesuítas o acusaram de ser contra a igreja e Maquiavel perdeu seu emprego. Foi preso e torturado como qualquer herético na época da Inquisição.
Depois de ler O Príncipe o cardeal inglês Reginald Pole se diz horrorizado com a obra e começou uma campanha difamatória, póstuma, contra Maquiavel.
Com o passar do tempo as opiniões contra Maquiavel foram se acumulando e vieram a originar a designação de maquiavélico para todas as intrigas, traições, astúcia ou maldade.
Na verdade, em seus escritos Maquiavel descreve como era a administração dos reinos e como deveria ser.
Faz recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o Estado.
Como por exemplo: É bom que o príncipe tenha bondade, moral e religião, más se não as tiver, pelo menos deve aparentar que as tem.
Para conhecer o povo é preciso ser príncipe e para conhecer o príncipe é preciso ser povo.
Não se deve confiar nos governos e os governos não devem confiar no povo.
Todo o bom estado depende do bom governante e os príncipes devem saber que os costumes superam as leis.
Mas apesar de criticado Maquiavel foi, também, muito elogiado e mereceu todos os louvores por sua coragem e pela análise de uma sociedade decadente a atrelada a um sistema de religião corrompida.
De acordo com os filósofos Rousseau, Spinoza e Diderot Maquiavel foi um verdadeiro republicano e as suas ideias foram muito úteis para a compreensão do estado e da filosofia política.
Maquiavel propôs regras para que o Estado seja estável e poder dar estabilidade e segurança aos seus cidadãos. Por isso é considerado o pai da ciência política moderna e o fundador da teoria do estado moderno.
Em seu outro livro A arte da guerra, Maquiavel diz que só é livre o povo e uma cidade armada, pois todos os profetas armados venceram e todos os profetas desarmados foram vencidos.
Para finalizar podemos dizer que todos aqueles que usam a expressão “maquiavélico” para designar atos e comportamentos sórdidos o fazem por desconhecer a história.