PLATÃO E MARCUSE - Da filosofia antiga de Platão à contemporânea de Marcuse
O que é o amor?
Texto dedicado ao filósofo Marco Antônio Abreu Florentino:
Ou seja, antes de começar a falar no Banquete , SÓCRATES pergunta: o amor é bom ou mau, belo ou feio, se ajuda ou se atrapalha, deveríamos saber o que ele é.
Para desconcerto geral dos convidados de Agatão, Sócrates define o amor como sendo a busca da beleza e do bem. E sendo assim, ele mesmo não pode ser belo nem bom. Quem ama, deseja algo que não tem. Quando se tem, não se deseja mais, ou se se deseja, deseja manter no futuro, o que significa que não o tem. E todos só desejam o melhor, ninguém escolhe o mal voluntariamente. Logo, o amor é o desejo do belo e do bom.
Sócrates vai contar o que a sacerdotisa de Delfos, Diotima, contou-lhe sobre o amor. Diotima disse que durante uma festa, todos os deuses foram convidados, menos a deusa Penúria. Faminta e isolada, ela procurou alimento nos restos da festa. Porém, ao ver o deus Astuto, deus engenhoso, cheio de recursos e que estava embriagado, deitado num jardim, a deusa resolveu ter um filho com ele. Nasce daí o deus Eros (ou amor), que assume as características de seus pais.
Como sua mãe, ele é pobre, carente, faminto, desejante. Mas como seu pai, ele é nobre, cheio de recursos para alcançar o que lhe aprouver, saciando suas necessidades. Para Platão, no nível mais imediato, o amor refere-se à nossa sensibilidade e apetites, principalmente o sexual. Vemos, a partir de um corpo, a beleza, e o desejo de procriar nele.
Isso significa, inconscientemente, que o desejo por um corpo belo é a tentativa da matéria de se eternizar. Os filhos são uma forma dos pais serem eternos. No entanto, o belo não é somente o corpo, tanto que logo que esse desejo se esvai, percebemos que outros corpos também nos atraem.
Luiz Carvalho de Nogueira
PLATÃO E MARCUSE - Da filosofia antiga de Platão à contemporânea de Marcuse.
Caro amigo Luiz Carvalho Nogueira:
Recomendo a leitura de EROS E CIVILIZAÇÃO, onde o autor desenvolve o conceito de ¨luta pela vida¨, no qual Eros é tratado como sinônimo do ¨instinto da vida¨ e que representa, em última análise, a luta contra o capitalismo e suas formas de opressão, repressão e desigualdade, em que a civilização cria as condições objetivas para a construção de uma sociedade menos perversa e mais igualitária, baseada na socialização do trabalho e da política, através das ideias da psicanálise Freudiana no âmbito da sociedade de classes. Aborda o problema da sexualidade e sua vinculação às relações de poder e arranjos sociais e históricos de dominação e controle. Qualquer postulante a filósofo, tem a obrigação de conhecer Herbert Marcuse e sua obra capital.
Eros e Civilização é um livro que vale a pena ser lido: desafia e enfrenta o complexo tema da subjetividade humana, dos desejos libidinais e do impulso pela morte, da repressão moral e do problema da sexualidade no capitalismo, cria melhores condições para, hoje, avaliarmos novas formas de luta frente a uma compreensão mais elaborada da realidade e de suas contradições.
Marco Antônio Abreu Florentino