O brasileiro crê-se esperto e aos lusos desdenha debochando de seus feitos. Sequer uma centelha de amor a esse povo reserva. É triste.
Eu amo Portugal ainda que seja da Península Ibérica apenas uma sexta parte. Mas isso não importa.
 
Amo seus caminhos sinuosos, as vielas de Lisboa, de Coimbra. Num salto já estou em Caldas da Rainha, Óbidos, Nazaré. Depois descanso para chegar a Viana do Castelo. Rapidinho estou no Porto e mergulho pra Vila Nova de Gaia. Em seguida subo a Viseu, Guarda, Serra da Estrela, Vilar Formoso e entro em terras espanholas para encontrar a maravilhosa Salamanca. Tomo ali meu vinho, mas prefiro dormir em Ávila com sua muralha romana do início do seculo 12.
 
A linda Ávila que não quis os restos de Tomás de Torquemada, o cão católico da inquisição a quem Isabel, a rainha, recolheu a mão outrora tão protetora.
 
Ah...Espanha dos meus sonhos. Passaria dias falando de ti.
 
Fazendo o Caminho de Santiago, atravessei sem exagero, mais de 500 vilas, cidades e pueblos. Cruzei os Pirineus, toda a Navarra,  La Rioja, Castilla y León, Galícia e de sobra a Cantábria e o Principado das Astúrias. Andei muito, tropecei muito, escorreguei muito. Gastei muita sola, mas como foi porque quis, fui feliz.
 
Modestamente posso dizer que sou um brasileiro que hoje conhece uma Espanha que poucos espanhóis viram. 
 
Eles conhecem a pele, os olhos e os cabelos, mas eu conheço os intestinos da Espanha, suas vísceras, algo que eles morrerão sem ver talvez porque os intestinos não dão status a quem os conhece.
 
Quero ainda voltar. Meu cajado continua ao alcance das minhas mãos encostado na parede do meu escritório.
Sergio Righy
Enviado por Sergio Righy em 30/09/2017
Reeditado em 09/10/2017
Código do texto: T6128981
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