CONQUISTA DA AMÉRICA ESPANHOLA

MAIAS (primeira parte)

Os Maias viviam na península de Yucatán, essa região corresponde hoje a Guatemala, Honduras, Belize e sul do México. Copan é considerada a mais bela cidade Maia, por sua beleza e arquitetura foi chamada pelos historiadores de Alexandria Maia. Os Maias foram os inventores de um tipo de cimento eficiente, que permitiam colar as grossas pedras de seus edifícios e estradas. Em relação a política e sociedade os Maias nunca foram um grande império, mas construíram grandes cidades como Chichen-Itzá, Maiapán, Palenque e Tikal. Eram pequenas cidades Estado, isto é cada qual tinha seu governo leis e costumes próprios. Nessas cidades haviam palácios, largas estradas, e templos em forma de pirâmide.

No Egito as pirâmides serviam de túmulos para os faraós, enquanto que as pirâmides Maias serviam de base para seus templos religiosos construídos no topo. Algumas dessas pirâmides chegavam a ter setenta metros de altura (equivalente a um prédio de 25 andares) e seus sacerdotes se consideravam nessa altura mais próximo dos deuses. Quanto a sociedade era hierarquizada, a elite era formada por nobres e sacerdotes, abaixo deles vinham os artesãos e trabalhadores livres, agricultores em sua maioria. Os nobres e sacerdotes ajudavam o rei a governar cada cidade. O rei era visto pelo povo como representante dos deuses. Os agricultores acreditavam que para conseguir boa colheita tinham de pagar impostos para o governante. Os impostos eram pagos com parte da colheita e com trabalhos gratuitos para o governante. A agricultura era muito importante para os Maias, eles produziam feijão, abóbora, algodão, abacate, cacau e milho. O milho era a principal base de sua alimentação.

No campo das ciências os Maias eram bons astrônomos, conseguiam prever com grande precisão os eclipses do sol, descrever as fases de Vênus e elaborar calendários que facilitava seu dia a dia e conseguiam calcular a duração do ano com a mesma precisão de hoje. A partir do ano 900 os Maias abandonaram suas cidades e se espalharam pela região, o motivo ao certo ninguém sabe, mas dentro de todas as teorias o mais provável que foi o esgotamento da terra.

OS INCAS

Um mito diz que os Incas tinham origem divina por isso eram chamados de filhos do sol. Diz também que seu império foi fundado por dois personagens lendários Manco Capác e sua Irma esposa Mama Ocilla. Os Incas por volta do ano de 1400 viviam da agricultura e pastoreio nas terras altas e frias na cidade peruana de Cuzco, a qual conquistaram em 1438, esse grupo falava a língua quíchua. Nas decadas seguintes expandiram seus domínios, construindo assim o maior império indígena da América do Sul. O primeiro imperador chamava-se Pachakuti. Em seu apogeu o império possuía milhares de quilômetros de estrada percorridas por mensageiros e comerciantes, eram tão eficientes que apenas em duas semanas uma ordem do imperador era transmitida para todo o império. As principais cidades eram Cuzco que era a capital, possuía construções planejadas templos decorados e ruas movimentadas. A outra cidade era Machu Picchu. Em seu apogeu o império Inca estendia-se por 5200 km, abrangia o Peru, Equador, Bolívia, Chile e Argentina, tendo uma população de 12 milhões de habitantes.

O que deixa os historiadores intrigados é a construção de Machu Picchu numa montanha de 2400 m. Os incas não possuíam animais de carga e nem de instrumentos modernos para transportar as grandes pedras usadas em sua construção. Escadarias foram cavadas na montanha ligando palácios, templos e outras construções. A cidade de Machu Picchu foi abandonada logo depois da chegada dos espanhóis 1532 e redescoberta somente em 1911. A cidade estava encoberta pela vegetação, o que ajudou em sua preservação. Hoje a cidade é visitada por milhares de turistas do mundo inteiro. Os incas tinham uma agricultura desenvolvida geralmente em terraços, boa irrigação. Os camponeses constituíam a maioria da população. Cada aldeia era formada por um conjunto de famílias unidas por laços de parentesco que recebia o nome de “Ayllu”. O chefe do ayllu era o Kuraqa.

As terras do Ayllu eram divididas em três partes, uma para o imperador, outra para os sacerdotes e outra para as famílias camponesas. Alem de trabalhar nas três terras os camponeses eram obrigados a trabalhar para o Estado, na construção de estradas e pontes. Essa obrigação era chamada de Mita. As sobras da produção de alimentos eram estocadas e distribuídas entre a população quando por algum motivo tais como secas prolongadas, muita chuva ou outro problema qualquer ocorria a falta de alimento.

O imperador conhecido como “INCA” ou Filho do Sol, era visto como semidivino e possuía enormes poderes e privilégios. Abaixo dele estavam os sacerdotes e os chefes militares, todos originários da nobreza. Depois vinham os artesãos, os soldados, os contabilistas, os projetistas e os funcionários públicos. Esses profissionais viviam em cidades e eram sustentados pelo governo. Por ultimo vinham os camponeses.

Onde esses povos como Maias Incas e Astecas chegariam se não fossem derrotados pelos espanhóis nunca saberemos, mas de sua enorme capacidade de erguer cidades, viver e progredir em um meio hostil, ninguém pode duvidar. Temos de levar em conta também de sua grande evolução no campo das ciências, principalmente da astronomia.

O povo Inca não desenvolveu a escrita, mas possuía um interessante sistema de registro chamado de QUIPU Era um cordão ao qual estavam amarrados vários cordões menores e de cores e tamanhos variados, onde se faziam diferentes tipos de nós. As cores dos cordõezinhos permitiam identificar os tipos de objetos, os nós indicavam quantidade e datas. Pelo quipu o imperador tinha informações sobre populações, produção e economia. No Quipu eram registrados quantos armazéns havia no império, quantidade de alimento armazenado, numero de pessoas, animais e datas. Durante a conquista os espanhóis queimaram milhares de quipu que certamente poderia ter nos revelado muito sobre os Incas e sua história.

Na América Latina além do português e espanhol ainda hoje existe uma grande quantidade de línguas faladas pelos descendentes desses povos indígenas, uma delas é o quéchua e Aimara no Peru. No Paraguai além do espanhol se fala o guarani. Essa língua deriva dos índios Tupis-guaranis que viviam no Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia. A língua indígena é usada no cotidiano, ao passo que o espanhol é usado apenas na comunicação formal. Cada localidade usa o dialeto de sua região, dessa forma o Quíchua é a língua mais falada na América espanhola.

CONQUISTA DA AMÉRICA ESPANHOLA

Logo que os espanhóis chegaram na América com Colombo em 1492, viram que os nativos da ilha Hispanhola (atual Haiti) usavam enfeites de ouro. Nas viagens seguintes fazendo uso de armas de fogo, obrigaram os nativos chamados de Aruaques a extrair todo o ouro ali existente. Esgotado o ouro da ilha os espanhóis partiram para conquistar o continente. Sob as ordens do rei espanhol o oficial HERNÁN CORTEZ desembarcou onde hoje é o México com 508 soldados, cavalos e canhões. Cortez ficou sabendo que vários povos menores eram inimigos dos Astecas se aliou a eles e chegou a capital Asteca em 1519. O imperador Asteca Montezuma confundiu Cortez com um deus asteca e o recebeu com muitos presentes de ouro. Cortez aprisionou Montezuma e começou tomar os objetos de ouro dos astecas, assim teve início a violência entre eles. Um dos episódios mais violentos foi quanto um oficial espanhol ordenou um massacre dos astecas enquanto eles estavam festejando uma colheita cantando e dançando totalmente desarmados. Os astecas chamaram esse episódio de “Noite Triste”. As táticas de guerra que Cortes teve a seu favor foram o apoio de outras tribos indígenas, armas de fogo, cavalo, armas de aço, doenças as quais os nativos não tinham imunidade. A tática de combate entre eles era diferente, enquanto os astecas lutavam para fazer prisioneiros, os espanhóis lutavam para matar e destruir, seu único interesse era se apoderar das riquezas dos Astecas. No contra ataque os Astecas obrigaram Cortez a se refugiar em uma cidade dos aliados chamada de Tlaxcala. Depois Cortez com um exército de 150 mil índios e 900 espanhóis, bombardeou e invadiu a capital asteca. Em 1521 dois anos apenas de sua chegada Hernán Cortez pôs fim ao império Asteca.

A CONQUISTA DOS INCAS ( segunda parte)

Desejando matar sua sede de cobiça por ficar sabendo que na América espanhola havia muito ouro, o espanhol FRANCISCO PIZARRO, com apenas 180 homens, cavalos e armas de fogo, entrou no território Inca em 1532 e conquistou a cidade de Cajamarca. Convidou o chefe Inca Atahualpa para um encontro amigável, ao chegar o chefe foi preso e seus guerreiros foram mortos pelos soldados de Pizarro. Em seguida partiram para conquista da mais importante cidade Inca que era a cidade de Cuzco. Para isso contaram com a ajuda do povo Wanka que era inimigo dos Incas. O povo inca estava dividido entre as disputa pelo poder entre dois irmãos, Atahualpa e Huáscar, esse fato facilitou sua derrota para os espanhóis. Após tomar Cuzco Francisco Pizarro fundou a cidade de Los Reyes atual cidade de Lima em 1535, e fez dela a capital do domínio espanhol. Quando Pizarro sequestrou Atahualpa exigiu como resgate uma grande quantidade de ouro, após receber mandou decapitar o chefe inca Atahualpa. Liderados pelo novo chefe inca Manco Inca. Teve início uma ferrenha guerra no sul do Peru. As lutas entre incas e espanhóis se prolongaram até 1572 quando os espanhóis aprisionaram e decapitaram Tupac Amaru o último líder da resistência Inca. Concluímos que entre sua chegada em 1532 a 1572 foram 50 anos de luta para os Incas serem derrotados.

Hernán Cortez chegou ao México com 508 soldados, Francisco Pizarro no Pero com 180 homens, pergunta-se quais os motivos que levaram tão poucos a derrotar tantos indígenas: 1= Os espanhóis além de espadas de ferro e armaduras tinham armas de fogo com poder destrutivo muito maior que as armas indígenas. Os indígenas lutavam para fazer prisioneiros, enquanto os espanhóis para matar, os espanhóis possuíam cavalos, táticas de guerra diferente. Os indígenas foram pegos de surpresa e inicialmente acreditavam que os espanhóis eram deuses. 2= As doenças trazidas pelos espanhóis mataram mais que as armas de fogo, tais como gripe, varíola, sarampo entre outras. 3= Contaram com o auxilio das tribos subjulgadas. 4= Os espanhóis sabiam muito mais sobre os indígenas através dos intérpretes do que os Astecas e Incas sabiam sobre os espanhóis, e eles se aproveitaram e muito dessa vantagem por conhecer os pontos fracos do inimigo

COLONIZAÇÃO ESPANHOLA

Inicialmente o governo da Espanha transferiu para particulares como Hernán Cortez e Francisco Pizarro o direito de explorar e conquistar as terras da América. Posteriormente o rei espanhol foi centralizando a administração e aumentando seu controle sobre a população e riqueza da nova colônia espanhola. Para tal o monarca espanhol criou dois importantes órgãos: A CASA DE CONTRATAÇÃO em 1503 com sede em Sevilha, cidade portuária da Espanha, com a finalidade de controlar o comércio e a navegação entre a Espanha e suas colônias na América. O controle era feito pelo sistema de porto único. Os navios que iam para a colônia só podiam sair de Sevilha, Os que iam para a Espanha só podiam sair de Havana em Cuba, Vera Cruz no México e Cartagena na Colômbia. Dessa forma o rei mantinha rígido monopólio do comércio com suas colônias. Esse processo acabou gerando o contrabando, muito praticado em toda colônia espanhola

O CONSELHO DAS ÍNDIAS= Criada em 1524 fazia as leis, cuidava da justiça e nomeava funcionários para as colônias. Posteriormente o governo decidiu aumentar seu controle criando entre os séculos XVI e XVIII quatro vice reinos: Nova Espanha, Peru, Nova Granada e Rio da Prata. E as capitanias de Cuba, Guatemala, Venezuela, Chile, todas situadas em pontos estratégicos. Essas capitanias deviam defender as colônias de possíveis ataques piratas, principalmente dos ingleses. Outro sistema foi o de frotas protegidas pelos galeões que eram navios de guerra.

As sociedades hispano - americanas foram formadas por cinco grupos : Chapetones = Eram os colonos nascidos na Espanha, ocupavam os principais cargos políticos, militares e religiosos e tinham enormes privilégios. Os Criollos eram filhos de espanhóis nascidos na América, eram ricos fazendeiros, donos de minas e comerciantes, eram impedidos de ocupar altos cargos, mas podiam ser vereadores nas câmaras municipais, eram chamados de Cabildos.

Mestiços = eram filhos de espanhóis ou Criollos com índias ou africanas, há de se considerar que o numero de africanos na América espanhola era bem reduzido, ao contrário do Brasil que era em elevada porcentagem, portanto mulheres negras eram em quantidade bastante reduzida em relação a população , os mestiços ocupavam funções de pouco prestígio, tais como pedreiros, ferreiros, carpinteiros ou capataz de fazenda. Indígenas = constituíam a maior parte da população eram duramente explorados nas fazendas, tecelagens e minas. Africanos escravizados = Trabalhavam nas grandes plantações de cacau na Colômbia, Equador e Venezuela.

A sociedade hispano americana era formada pela minoria branca europeia com muita riqueza e poder, e a grande maioria de mestiços e índios que realizavam trabalho pesado sujo e mal remunerado ou escravo. Alem disso mestiços índios e escravos sofriam forte descriminação racial. Os mestiços eram proibidos de usar joias de ouro, armas e roupas de seda.

Nos primeiros 250 anos de colonização a principal atividade econômica na America espanhola foi a mineração. Foi com a descoberta das ricas minas de prata de Potosi (Bolívia) em 1545 e Zacatecfas (México ). Considerando como de sua propriedade o rei espanhol mandou distribuir lotes auríferos aos que tivessem dinheiro para iniciar sua exploração. O penoso trabalho de arrancar o precioso metal das minas ficou destinado aos indígenas. As duas formas de trabalho forçado nas minas foram a mita e encomienda. A mita era o trabalho obrigatório que os membros das aldeias tinham de prestar para os espanhóis quatro meses ao ano. Esses trabalhadores os Mitayos recebiam um terço do trabalho assalariado de um trabalhador livre. A encomienda era o direito concedido ao colono espanhol de explorar o trabalho indígena nas minas, plantações e fazendas. Em troca o colono devia dar aos índios assistência material e religiosa, ou seja alimenta-los e vestir e ensinar-lhes a religião católica. Os índios cumpriam a sua parte mas os colonos raramente cumpriam a sua, milhares de índios morriam devido aos maus tratos e sem ter aprendido uma única oração. Um dos mais cruéis exemplos de exploração humana foram os trabalhos nas minas de São Luís de Potosi. Alem de prejudicial a saúde e perigoso o trabalhador subia e descia por escadas feitas de madeira amarradas com couro, os acidentes eram constantes. Cada trabalhador portava uma candeia (tocha ) que pouco iluminava, devia descer e subir carregando cerca de 30 quilos de parta por dia em uma sacola amarrada ao pescoço. Muitos morriam por fome ou doenças como a pneumonia, quedas de grandes alturas, ou pelo vício do consumo de álcool. Frei Domingo de São Tomás, padre que viveu nessa época escreveu: “Não é prata que se envia para a Espanha, é suor e sangue dos índios.”

Na América espanhola se praticava também a agricultura, a pecuária e fabricação de panos grosseiros. Eles cultivavam a batata, milho, cacau, tabaco e cana de açúcar, gado e animais de transporte. A maior parte dos produtos eram exportados para a Europa. Com o declínio da mineração no séc. XVIII (1701 a 1800) a agricultura e pecuária começaram a se desenvolver mais rapidamente. Os trabalhadores nas fazendas eram geralmente africanos trazidos após a segunda metade do séc. XVII, as grandes fazendas destinadas a produzir produtos de exportação como cacau, açúcar, anil e carne eram chamadas de plantation.

Podemos concluir com esse texto que da mesma forma portugueses no Brasil e espanhóis na América espanhola exploraram a terra e o povo, dizimaram várias tribos, anularam suas culturas e impuseram o seu modo de vida e pensar. Deixaram para trás rastros de suor e sangue de nossa gente, levaram nossas riquezas, os indígenas do nosso continente nada receberam além de maus tratos exploração e doenças. No caso específico do Brasil qual foi a herança deixada por Portugal legada aos brasileiros, apenas desalento, uma língua ruim, divida e sífilis ( doença sexual) trazidas por D. João XVI e sua comitiva quando vieram para o Brasil fugindo de Napoleão em 1808. O pouco que D. João VI fez aqui no Brasil não foi visando o bem dos brasileiros, mas sim proporcionar bem estar para a corte portuguesa.