ÁFRICA ATUAL
É comum generalizarmos a origem dos escravos negros por terem vindos da África, assim, sua proveniência continental africana muito contribuiu para essa visão equivocada. Os grupos escravizados eram identificados pelo porto que embarcavam em direção ao seu flagelo além-mar, ao invés de ser identificado por sua etnia, promovendo dessa forma a generalização. Outro ponto que precisa ser esclarecido que a prática de escravização entre as tribos rivais já eram praticadas antes da chegada dos europeus ao continente, porém em menor escala. Para o europeu (portugueses) era arriscado adentrar ao continente com a finalidade de capturar escravos, era muito mais vantajoso comprar através do escambo (troca de mercadorias) os escravos capturados por outras tribos, os quais eram trocados por tabaco, tecidos, armas e ferramentas.
Os escravos provinham principalmente da África Sub Saariana (abaixo do deserto do Saara) principalmente do Congo, Angola e Moçambique. Dois grandes grupos predominavam entre as tribos os Bantos ( Norte ) e Sudaneses (Sul ), em que a língua, costumes, tradições, religião eram diferentes, diferenciavam-se também na parte física. Convém esclarecer que Banto não é uma raça e sim um tronco linguístico que se subdivide em mais de 400 dialetos. Para precaver a união entre os negros e dificultar uma rebelião eles eram mesclados com escravos de diversos idiomas e cultura diferentes.
Em países como Ruanda, Uganda e outros eles se dividiam em dois principais grupos, Tutsi e Hutus. Desde o séc. XV os Tutsi eram a minoria mas dominavam os Hutus. Em 1885 foi realizada na Alemanha a conferência de Berlin, nessa conferência ficou acordado entre os países europeus a invasão e divisão do continente africano, por esse acordo cada nação europeia poderia invadir e dominar com a finalidade de exploração (neo colonialismo), a parte da África que conseguisse dominar, independente do grupo que habitasse essa região. Tal processo contou com o apoio da Igreja, a qual visava cristianizar os povos africanos a ajuda-los a ter uma condição de vida melhor levando a civilização, no entanto isso nunca ocorreu
Utilizando-se da mesma tática de outros colonizadores durante a história da humanidade, quem invadisse uma região se aliava ao grupo menor, o qual já nutria ódio e rivalidade contra o grupo maior, ou se aliavam aos detentores do poder. Os europeus forneciam armas e os treinavam a combater as tribos rivais que eram escravizadas e obrigadas a trabalhar para os europeus.
Apenas para ilustração os Belgas sob o comando do rei Leopoldo ocuparam o Congo, apoiado pelos Tutsis cometeram muitas atrocidades contra o povo Hutu. Ruanda era uma colônia Belga dominada pela minoria rica Tutsi até 1959 quando os Hutus ganharam maior poder político. Em 1962 por ocasião de sua independência os Tutsis foram perseguidos e fugiram para Uganda. Em 1990 a Frente Patriótica Ruandesa, composta pelos exilados Tutsi, invadem Ruanda com o apoio do exército de Uganda. Em 1993 os dois países assinam um acordo de paz. Denominado Acordo de Arusha. Cria-se em Ruanda um governo de transição, composto por Hutus e Tutsi. Em 1994 derrubaram o avião que transportava o presidente Juvenal Habyarimana. Responsabilizaram os Tutsis pelo atentado, com a morte do presidente, teve início um verdadeiro massacre dos Hutus contra os Tutsis no qual foram mortas mais de 800 mil Tutsi e Hutus moderados, homens, mulheres, velhos e crianças. Usaram todo tipo de armas de fuzil AK 47 de fabricação russa, granadas, pistolas, mas predominantemente facões, porretes e outras armas.
O fim do genocídio só foi interrompido com a invasão de tropas da ONU. Atualmente com o fim das hostilidades Ruanda começou a apresentar significativos sinais de desenvolvimento sobremaneira no campo social. Outro detalhe que necessita ser destacado é que o continente africano é uma região muito rica em minérios, pedras preciosas (diamantes) e petróleo, no entanto na maioria das nações africanas o povo é muito carente, em alguns casos motivados por conflitos tribais.