CRIACIONISMO E EVOLUCIONISMO

Prof. Dr. Antônio Mesquita Galvão

Num passado não muito remoto, se costumava ouvir, sem maiores discussões, teses relativas ao surgimento do homem, com base numa análise fundamentalista das Sagradas Escrituras, através da espiração de Deus num boneco de barro. O Antigo Testamento tem narrativas antropomórficas, ou seja, para reforçar a pobreza das línguas antigas, utilizava-se muito de formas, expressões e situações humanas comparativas.

Assim, vamos encontrar Deus-jardineiro (… plantou árvores num imenso jardim…), Deus-oleiro (… fez um boneco de barro…), Deus transeunte (… passeava com Adão pelas alamedas…), Deus anestesista (… fez Adão cair em profundo sono…), Deus cirurgião (… retirou sua costela…), Deus-oficial-de-justiça (… e os expulsou…) e, por fim, Deus-alfaiate (… fabricou roupas para Adão e Eva…), tudo a justificar as narrativas que atribuíam a Deus atitudes semelhantes às humanas: “… Deus arrependeu-se…” ou “… o Senhor irou-se…” e outras expressões linguísticas peculiares da práxis humana. A isto se chama antropomorfismo.

Assim, o Deus-oleiro não passa de uma metáfora, uma tentativa da limitação humana explicar coisas infinitas. O homem está para Deus assim como o barro está para o oleiro: esta é a idéia central. Em literaturas antiquíssimas, contemporânea às Escrituras, lê-se na Babilônia, no Egito, e até entre os Maorís da Nova Zelândia, escritos e imagens identificando uma divindade, em sua oficina, plasmando bonecos de argila.

Charles Darwin (1809-1882) a partir de seu livro “A origem das espécies” (1859) defende a tese de que o homem seria um descendente do mesmo grupo de animais que o chimpanzé (pan-troglodytes) e outros símios. É fácil notar a tempestade de debates e protestos que se seguiram a essas afirmações.

As Igrejas não aceitam – por enquanto – a teoria evolucionista por imaginar que ela possa contrariar a Bíblia quando esta afirma que Deus criou o homem, à sua imagem e semelhança. Ora, não esqueçamos, porém, que Deus é espírito, e o homem, foi criado à imagem e semelhança espiritual de Deus, pois Deus não tem corpo nem forma humana. Imagem e semelhança de um espírito divino é graça, amor, solidariedade, liberdade e justiça.

O homem, dentro da equação aristotélico-tomista, é

essência (seu espírito) mais acidente (sua matéria). A imagem e semelhança com o Criador tende à essência e não ao acidente. Ora, isto nos leva a uma primeira conclusão científica, que a fé já nos havia esclarecido: a essência do homem (semelhança de Deus) não provém de evolução, mas de criação direta de Deus, como geradora de um ser irrepetível. Também a mulher, eufemicamente tirada da costela, é metáfora, como representar uma união tipo carne-de-minha-carne.

O princípio vital (a alma, nefesh, no hebraico) só poderia ser provido por um gesto criador de Deus. Isto é um artigo de nossa fé, do qual não é possível abrir mão. O corpo, no entanto, como simples veículo, pode ter tido diversas fontes, desde o clássico barro até a utilização de uma matéria viva, plasmado em um corpo preexistente. Dizemos poder se afirmar como tese, uma vez que a especulação ainda emerge em névoas científicas. Seria, porém aceitável alguém afirmar que a alma (a essência) criada por Deus foi agregada a uma matéria viva já existente, não um macaco como os de hoje, que são adiantados e não evoluem mais, mas de algum primata mutante, o piteco (macaco) ántropos (homem) erectus (que anda em pé) é o possível ancestral (pelo acidente) do homem e do macaco. Deus criou o homem e depois ele evoluiu, como as gerações evoluem física e intelectualmente até hoje.

É uma teoria a ser considerada, que não pode ser jogada fora, nem rejeitada pelos que dizem: “não li, mas não gostei!”, pois tem fundo científico-antropológico e em nada, em absolutamente nada arranha a fé da Igreja e a interpretação da Bíblia. Para espanto meu, quando fiz um curso bíblico, li essas teorias em polígrafos de tradicionais escolas bíblicas católicas e luteranas, como a mostrar que ciência e religião, pesquisa e fé podem caminhar juntas e se completar, sem choques, sem chiliques nem tradicionalismos irracionais. O criacionismo e o evolucionismo são duas teorias que tentam explicar a criação e a evolução do homem. Embora nenhuma delas possa ser comprovada em laboratório.

O evolucionismo é a teoria que surgiu no século XIX, a partir da publicação de “A Origem das Espécies”, em 1859, após uma viagem de Darwin às Ilhas Galápagos. Já no criacionismo a Bíblia narra à história da origem de tudo: “No princípio criou Deus os céus e a terra”. Esta é a ideia central do criacionismo: Deus criou todas as coisas, inclusive o homem, a partir do primeiro casal Adão e Eva. Para que se tenha uma noção mais aproximada de como surgiu a humanidade, o ambiente em que se criou e formou suas raças, teríamos que recorrer a outras ciências, como a antropologia e a arqueologia, capazes de estabelecer uma cronologia, bem como propiciar aos estudiosos uma gama de subsídios a respeito do surgimento do homem na terra, seus progressos e as várias etapas de seu desenvolvimento. O estudo científico, tal qual aparece nos livros, sobre a origem do cosmo e do homem ainda é um pouco controvertido em termos de locais e especialmente de datas.

Deste modo, poderíamos estabelecer uma cronologia provisória – na ciência as descobertas sempre são provisórias – da humanidade, de suas cidades, descobertas, cultura e conquistas. A ciência, em especial a antropologia, grosso modo, classifica de Homo sapiens, toda a espécie humana, a partir de um determinado estágio de evolução. Antes deste, porém, a arqueologia identifica, por fósseis, a existência de antropóides (o pitecantropo = homem-macaco) há 4 milhões de anos. Depois, vemos o Homo habilis (há 2 milhões de anos) e seu sucessor, o Homo erectus (que descobriu o fogo e passou a habitar em cavernas), no início do chamado período quaternário.

O começo do estudo mais efetivo a respeito da humanidade vai encontrar o homem, há cerca de 200 mil anos, vivendo em cavernas, nos primórdios ágrafos da chamada Idade da Pedra. Trata-se da fase mais antiga da cultura humana, com fases distintas. O pesquisador John Lubbock cunhou, em 1865, os termos “paleolítico” (do grego paleo, antigo e lithos; pedra) e “neolítico” (de neo, novo) para definir os períodos da pedra talhada e polida respectivamente .

Estas fases, no entanto, mercê constantes descobertas e resultado de estudos, a cada dia se modificam e são jogadas cada vez mais atrás. Há, ainda, a se considerar que existem uma ponderável disparidade de datações entre as tantas bibliografias existentes.

1. Paleolítico (Idade da Pedra Lascada)

• termina mais ou menos em 8.500 a.C.;

2. Mesolítico (8.500 – 7.000 a.C.)

• período pré-histórico intermediário; ocorreu após a época das  glaciações;

3. Calcolítico (7.000 – 3.500 a.C.)

• transição entre dois períodos; surge a cerâmica pintada;

4. Neolítico (até 3.000 a.C. quando inicia a Idade do Bronze)

• É a chamada “Idade da Pedra Polida”; a agricultura torna-se usual na maioria das cidades.

As datações das bibliografias não são exatas; variam – como dissemos – de autor para autor, assim como de uma enciclopédia para outra. Também há casos em que determinada região estava em uma era, o período paleolítico, por exemplo, e a outra, já ingressara no mesolítico. Ainda que pertencentes ao mesmo gênero, esses primeiros Homo sapiens não apresentam um aspecto idêntico ao do homem moderno. Os achados fósseis mais recentes sugerem que o modelo do homem moderno, o Homo sapiens sapiens, apareceu pela primeira vez há mais de 90 mil anos.

A compreensão atual da evolução humana tem seus pilares nos fósseis conhecidos, porém o quadro está longe de se completar. Somente futuros descobrimentos permitirão aos cientistas cobrir as grandes lacunas na concepção atual da evolução humana. Mediante o uso de complexos dispositivos tecnológicos, assim como do conhecimento acumulado dos esquemas dos depósitos geológicos, os antropólogos estão em condições de assinalar os lugares mais propícios para a busca seletiva de novos fósseis.

Há importantes documentos arqueológicos encontrados em um tell de Wadi-en-natuf no Egito, referentes à Palestina do período paleolítico (13.000 a 8.500 anos atrás). A cultura natufiana da Palestina revela a existência do homem na região (do rio Nilo às montanhas do Iraque) desde o começo da Idade Paleolítica (cerca de 200 mil anos atrás).

Igualmente notáveis são algumas descobertas a respeito da cultura fayumiana, referente ao tell de el-Fayum. Quando se desce o Nilo, vindo do Sudão, o Egito propriamente começa na primeira catarata. A região de Fayum, também do período neolítico, situa-se próximo ao delta, na margem esquerda, quem sai para o Mediterrâneo. Os teste de radiocarbono parecem colocar os achados de Fayum no fim do quinto milênio, o que revela a existência de aldeamentos no Egito a partir (datas aproximadas) de 4.500 a.C., chamado período pré-dinástico.

Embora o homem natufiano vivesse principalmente de caça, pilhagem e pesca, a presença de foices de pedra e de outros instrumentos indica que ele tinha aprendido a colher o grão do campo e, quem sabe, até cultivar cereais, embora de maneira rudimentar, muito limitada .

É, entretanto, no período neolítico, que se completou a transição da habitação das cavernas para a vida sedentária. Foi nessa época que começaram a surgir os aldeamentos permanentes. No período cambriano (500 milhões de anos) surgiram os primeiros vertebrados.

1. OS PRIMEIRO ALDEAMENTOS

A cultura do Oriente Médio se confunde bastante com a palestina e a judaico-bíblica. Os períodos neolítico e calcolítico da arte mesopotâmica ( 7000 - 3500 a.C.), anteriores à aparição definitiva da escrita, são designados pelo nome de seus depósitos arqueológicos: no norte, Hassuna, onde têm sido achadas algumas moradas e cerâmicas pintadas; Samarra, cujos desenhos abstratos e figurativos das cerâmicas parecem ter significado religioso; e tell Halaf, onde se fez cerâmicas decoradas e estatuetas de mulheres acocoradas, em posição de parto, interpretadas como deusas da fertilidade. No sul, os primeiros períodos recebem as denominações de obeidiano, referente a Obeid, uma cidade-estado, com um povo desconhecido que povoou a Suméria (5500- 4000 a.C.) e antigo e médio Uruk (4000-3500 a.C.).

A cultura obeidiana caracteriza-se pela cerâmica brilhante decorada em negro encontrada na localidade, ainda que existam exemplos posteriores em Ur, Uruk, Eridu e Uqair. Também surgiram nessa época os zigurates, ou torres escalonadas, típicas construções religiosas da Mesopotâmia. A chamada “torre de Babel” seria um desses zigurates.

No Terceiro Milênio, os cananeus estabeleceram-se em diversas cidades-estado, uma das quais foi Jericó. Sua localização transformou a Palestina em um ponto de encontro de influências religiosas e culturais procedentes do Egito, da Síria, da Mesopotâmia e da Ásia Menor. Foi também o campo de batalha natural das grandes potências da região, e esteve sob o domínio de vários impérios. Jericó hoje é definida como um sítio arqueológico, situado na Cisjordania, ao norte do Mar Morto, onde foram encontradas diferentes tell . As escavações mais antigas foram realizadas, em tell Al-Sultan, em 1952, pela arqueóloga inglesa Katheleen Kenyon. Com terras férteis e uma primavera constante, foi local aprazível, capaz de atrair invasores e ocupação permanente, desde 9000 a.C. Nas cavernas da região de Wadi-en-natuf , foram encontrados objetos domésticos que se reportam a Jericó neolítica, talvez a cidade mais antiga do mundo.

A Jericó neolítica é realmente surpreendente! Seus habitantes – quem quer que eles tenham sido – estavam bem na vanguarda da marcha para a civilização, mais de cinco mil anos antes de Abraão .

Vários sítios arqueológicos, como os tell Halaf e es-Sawwan, indicam a pujança das culturas halafiense (± 5.000 a.C.) e Sawwaniana (± 4.400 a.C.), com aldeamentos que arquitetura padrão. O período halafiense sucedeu o obeidiano. Outras tantas cidades-estado, como Nínive, por exemplo, construída, pela primeira vez, na era Neolítica, e outras aldeias que se converteram em cidades, retratam o surgimento de uma sociedade tribal, em substituição aos estamentos que privilegiavam a autoridade familiar, do chefe do clã. A verdade é que os aldeamentos oriundos da Idade da Pedra revelam a presença humana (do Egito ao Iraque) desde a Idade Paleolítica (± 250.000 anos). No início do degelo (cerca de 9.000 a.C.) já se encontrava nessas cidades, a produção de alimentos, domesticação de animais para a alimentação e uma certa organização urbana.

Outro aldeamento, situado na região do Antilíbano, inserida nos primeiros aldeamentos da humanidade é Alepo, cidade-estado de localização privilegiada, hoje palco de guerra da Siria contra o Estado Islâmico. Por sua importância, pelos dados reveladores dos óstracos lá encontrados, a pesquisa arqueológica na região continua até hoje. Igualmente, a cidade fenícia de Alalac (hoje Síria) pode ser incluída nos albores das construções urbanas. Na Anatólia (Capadócia), um importante sítio arqueológico pré-histórico, neolítico, em Çatal-Hüyuk, revela que por volta de 9.000 a.C. o boi já era domesticado para uso no arado.

Na entrada da Idade do Bronze Antigo ( 3000 a.C., ou 1200 anos antes de Abraão: Gn 12) começavam a surgir as cidades do Oriente Médio, naquilo que Gordon Cilde chama de “revolução urbana” . As aldeias se transformam em cidades-estado, a estrutura tribal da fase neolítica converte-se em urbana. Nessa época surgem, no crescente, Uruk (Warka), Ur, Obeid, Eridu, Kiš, Lagaš, Nínive, Ašur, Basra e Susa. Em Canaã, como foi dito, o destaque é para a cidade de Jericó, considerada por muitos como o aldeamento mais antigo da humanidade.

A moderna arqueologia se inter-relaciona com outras disciplinas científicas; assim, os arqueólogos, para estabelecer a cronologia, costumam utilizar métodos de datação desenvolvidos por outras ciências: o sistema do C-14 (radio carbono), pelos físicos nucleares; as técnicas de datação geológica, pelos geógrafos; e as técnicas de estudo dos restos da fauna, pelos paleontólogos. Além disso, para reconstruir antigas formas de vida, os arqueólogos se valem de procedimentos próprios da sociologia, demografia, geografia, economia e as ciências políticas. Indispensável ao estudo dos diversos aspectos da vida humana sobre a terra, está o conhecimento do fenômeno chamado de “Idade do Gelo” ou período das glaciações. Por glaciação entende-se a ação exercida pelas geleiras sobre a superfície da terra e dos mares.

Os processos de glaciação ocorreram em diversas épocas da história geológica da terra. O autor da teoria das glaciações é o cientista L. R. Agassiz (†1873). Segundo essas teorias, há cerca de 20.000 anos atrás, quando o homo sapiens já existia e andava pela terra, as grandes geleiras começaram a retroceder, causando o degelo, causa de inúmeras inundações, entre elas, certamente, o chamado “dilúvio” que faz parte do acervo histórico de muitas culturas orientais e – não raro – se presta ao surgimento de muitos mitos.

Com o degelo, teriam ocorrido enormes inundações que podem ter dado, como vimos acima, origem aos mitos sobre o Dilúvio. Em torno de 10 mil anos atrás, as áreas cobertas de gelo tinham se reduzido à mesma superfície que alcançam na atualidade, e nosso planeta alcançou o que os climatologistas consideram o optimum climático. A redução do nível do mar, por causa do volume de água retido nas geleiras, permitiu por exemplo a migração da espécie humana da Ásia à América, ao deixar quase seco o leito do estreito de Bering; e as condições climáticas estabilizadas ao fim da glaciação fizeram possível o desenvolvimento da agricultura, liberando o homem da necessidade de caçar constantemente.

A causa das glaciações ainda é desconhecida, existindo várias teorias a respeito. Com certeza não existe uma causa única, sendo o mais provável a incidência conjunta de vários fatores, tais como os movimentos orogênicos que provocaram o surgimento das montanhas modernas, flutuações na quantidade de radiação solar recebida pela Terra, mudanças na composição da atmosfera (que reduziriam ainda mais o calor solar) e variações na circulação das águas oceânicas.

Intimamente ligados às glaciações e ao degelo, surgem os mitos a respeito de uma grande inundação (um “dilúvio”) que segundo escritos culturais e específicos, como a Bíblia hebraica, o Gilgameš e a coletânea hinduísta dos Vedas, teria assolado a terra e devastado a humanidade. No período obeidiano, que a Bíblia cita como “dilúvio”. A pedagogia dos hagiógrafos que narraram o dilúvio foi, sem dúvida, assustar, fazer medo, a fim de mudar comportamentos, fora do que as autoridades religiosas daquele ou de tempos posteriores (quando se historicizou a narrativa) imaginavam ou idealizavam ser a mais correta forma de viver e de honrar a Deus.

O pano-de-fundo do dilúvio revela uma certa teologia da retribuição, fato bastante comum nas doutrinas religiosas do antigo Oriente Médio, onde Deus salva os considerados justos e deixa os “maus” entregues à própria sorte, na narrativa representada pela intempérie. Com isso descortina-se um cenário trágico e assustador, para uma lição nos moldes das antigas pedagogias religiosas da antigüidade: ou você honra a divindade ou morre! Enquanto o dilúvio bíblico, escrito em hebraico, por volta do século VII a.C. durou quarenta dias (na numerologia semita o número 40 tem um sentido de provação), o da saga de Gilgameš é de sete dias (o 7, na cultura acádica, revela aflição). Como foi dito, o dilúvio não faz parte só da cultura bíblico-israelita. Vamos encontrar menções dele nos achados mesopotâmicos, a saber:

1. no “texto de Nippur” (encontrado em 1900);

2. no “Gilgameš”, que conta a história de Uta-Napištin (o Noé

Babilônico).

Há quem minimize o dilúvio, ou até diga tratar-se de uma lenda ou um mito palestinense. A verdade é que descobertas geológicas e arqueológicas revelam a incidência de uma grande enchente, em remotas eras, que assolou a região mesopotâmica (entre-rios) com o represamento das águas dos rios Tigre e Eufrates, por conta da subida das águas do Golfo Pérsico. A subida do mar pode coincidir com o período dos grandes degelos, no fim da era das glaciações. Escavações realizadas em Ur identificam, nos tempos ágrafos (quando não havia escrita), uma grande enchente, que destruiu edificações e matou muita gente. Na narrativa bíblica há como que uma interpelação mística e moral de um fato presumivelmente histórico.

Curiosamente, pesquisas arqueológicas realizadas na região de Jericó, revelaram que por ali não ocorreu o chamado “dilúvio”, levando os estudiosos a crer que se trate de evento meramente mesopotâmico e não universal como foi aludido. O que nos coloca diante da suposição de que o dilúvio bíblico trata-se de mais uma metáfora. A maioria dos cientistas prefere enxergar os dilúvios como grandes enchentes no fim da degelo das glazialzeit, por volta de 20 mil anos atrás.

Quando acaba a Idade da Pedra, tem início a chamada “Idade dos Metais”, onde os artefatos domésticos, agrários e armas, não são mais feitos de pedra, mas de metal, a partir do bronze.

ORIGENS HUMANAS

Os testemunhos fósseis dos antecessores do homem moderno estão divididos entre os gêneros Australopithecus e Homo , e datam de quase 5 milhões de anos. A natureza da evolução dos hominídeos antes dessa fase é muito incerta. Foram descobertos fósseis de Australopithecus em diferentes campos, a leste sul da África. Surgiu há mais de 4 milhões de anos e se extinguiu a 1,5 milhões de anos. Todos os pertencentes ao gênero Australopithecus eram bípedes recentes e, por conseguinte, hominídeos. Parece ter havido uma cisão evolutiva há cerca de 2,6 milhões de anos, já que as provas fósseis revelam a presença de ao menos dois, e possivelmente até quatro, espécies diferentes de hominídeos; um dos segmentos evoluiu até o gênero Homo provavelmente há 2,5 ou 2,2 milhões de anos. Alguns crânios e mandíbulas fósseis deste período, achados na Tanzânia e no Quênia, na África Oriental, foram catalogados como Homo habilis, o que significa homem hábil, já que junto a esses fósseis foram encontradas ferramentas de pedra (2,5 – 1,8 milhões de anos)

O fóssil de um indivíduo de cérebro grande e dentes pequenos, encontrado no norte do Quênia e com aproximadamente 1,5 milhões de anos, foi classificado na espécie Homo erectus (encontrado da África à Ásia) que dominou o fogo. Do Homo erectus, houve uma evolução até o Homo sapiens com uma pausa intermediária no homo heidelbengensis (500 a 150 mil anos atrás).

Devido ao caráter progressivo da evolução humana durante este período, torna-se difícil identificar com precisão quando se produziu esta transição evolutiva, razão pela qual alguns fósseis deste período têm sido classificados como Homo erectus tardios por alguns cientistas e como Homo sapiens por outros. O homo sapiens primitivo é também visto como o homem de Neanderthal (viveu entre 220 e 40 mil anos atrás). Fósseis encontrados na África e na Europa. O primeiro fóssil do homem de Neandertal de que se tem conhecimento foi descoberto no vale do rio Neander, na Alemanha, em 1856.

Ainda que pertencentes ao mesmo gênero, esses primeiros Homo sapiens não apresentam um aspecto idêntico ao do homem moderno. Os achados fósseis mais recentes sugerem que o homem moderno, Homo sapiens sapiens, apareceu pela primeira vez há mais de 90 mil anos habitando nas cavernas da Europa. Algumas pessoas, que não dominam a antropologia confundem os antecessores do homem com o que chamam de Cro-Magnon.

Cro-Magnon é o nome que se dá aos restos mais antigos conhecidos na Europa de Homo sapiens, a espécie à qual pertencem todos os humanos modernos. Entretanto, há restos mais antigos de Homo sapiens na África. A designação não se enquadra totalmente nas formas convencionais de denominação dos hominídeos, sendo freqüentemente usada para designar, em sentido genérico, os povos mais antigos conhecidos na Europa que podem ser integrados entre os modernos humanos. Cro-magnon quer dizer, genericamente homem das cavernas. Embora os Cro-Magnon morassem em cavernas, eram notáveis seus progressos culturais. Os utensílios, instrumentos e armas já apresentavam um acabamento razoável, e outros materiais, além da pedra, são lascados, como o chifre da rena e o marfim. Fabricavam o arpão, o anzol e acabaram inventando a agulha de osso, que lhes serviu para costurar suas roupas, feitas de peles de animais, pois ainda não conheciam a tecelagem A compreensão atual da evolução humana tem seus pilares nos fósseis conhecidos, porém o quadro está longe de se completar. Somente futuros descobrimentos permitirão aos cientistas cobrir as grandes lacunas (a busca do elo perdido) na concepção atual da evolução humana. Mediante o uso de complexos dispositivos tecnológicos, assim como do conhecimento acumulado dos esquemas dos depósitos geológicos, os antropólogos estão em condições de assinalar os lugares mais propícios para a busca seletiva de novos fósseis.

Homo Habilidade Habitat Período Homo Antecessor

Australopithecus É o hominídeo mais

antigo da Europa EUROPA

Controvertido 5 milhões

4 milhões de anos

Habilis / Faber trabalhos manuais rudimentares ÁFRICA ORIENTAL 2,8 a 1,8 milhões de anos

Erectus dominou o fogo, habitou as cavernas e construiu objetos de cozinha ÁFRICA E ÁSIA 1,5 milhão de anos

Heidelbergensis intermediário ÁFRICA E EUROPA 500 a 150 mil anos

Sapiens Neanderthal semelhante ao homem de hoje ÁFRICA E EUROPA 220 a 40 mil anos

Sapiens sapiens um espécime mais aprimorado EUROPA, ÁSIA E ÁFRICA 90 mil anos atrás.

Há um papel importante dos cientistas abaixo:

Charles Robert Darwin († 1882)  evolução

obra: “A origem das espécies”

Gregor Johann Mendel († 1884)  hereditariedade

sua obra é conhecida como as “Leis de Mendel”.

Richard Dawkins (nascido em 1941) → evolução racional

obra: “O Gene egoísta” (1976)