Curtir o ano-novo com os pés no chão
 
 
            A festa do ano-novo é tempo de celebrar a vida, comemorar conquistas e nutrir a fonte de esperança para o futuro próximo. Além de avaliar as lições deixadas pelo passado recente, separar o joio do trigo, é preciso confiar no futuro, com o espírito bem atento, traduzido pelo termo francês réveillon, que significa despertar para um novo dia.

            A data simboliza a virada para o novo ano, quando os fogos de artifício trazem momentos de encanto e magia, fazendo quase esquecer o peso da realidade imediata. Somente pela consciência social é possível perseverar e confiar que o próximo ano seja melhor, diante da tempestade de suspeitas de crimes desvelados pela Lava Jato.

            Ainda há poucos dias, foi celebrado o nascimento do menino Jesus, na modesta casa preparada por José e Maria, o que fez renascer a mensagem semeada em leito de virtudes tão necessárias para a atualidade. A festa retoma a realidade do espírito, ensina o caminho par o reino anunciado e mostra o jeito de superar desafios de toda ordem.

            É momento de participar da festa, sem esquecer o retorno ao trabalho e rezar para que essa rotina possa voltar, quando a família está sob a terrível ameaça do desemprego. Mesmo diante da incerteza, a mensagem da virada de ano reacende a chama que ilumina a conquista de dias melhores.

            É momento de exercitar o mundo da cidadania e recompor o fôlego exigido para fertilizar a consciência social. Não deixa de ser uma celebração de fé, com a mesma intensidade com que somos levados a refazer laços familiares, de amizade e aproximar pessoas que querem o bem comum e não a individualidade, tendência sinalizada por diferentes sectarismos do mundo contemporâneo.

            O mundo vive diferentes ondas de violência. Propostas extremistas surgem para confundir quem se preocupa apenas com o conforto pessoal. As sedutoras tecnologias que podem ampliar a inteligência humana são também usadas para multiplicar práticas desonestas. Por tudo isso, ao brindar o ano-novo, não devemos esquecer das diferentes lições do ano que termina. É preciso se esforçar para superar essa onda repugnante de corrupção e desânimo que assola o País.

            Que o réveillon traga esperança, multiplique sonhos e restabeleça as forças para edificar uma sociedade menos vulnerável ao ataque de corruptos e corruptores. Ainda é tempo de acreditar na democracia e nas instituições, com um olho no peixe e outro nos gatunos de plantão, que contaminam parte dos poderes instituídos, sem esquecer da ameaça tramada por legisladores noturnos que viram as costas para sociedade.

            Roguemos proteção aos céus para comemorar mais essa passagem de ano, simbolizando o eterno recomeço de um novo tempo, em cada um de nós, com o brilho da roupa possível, com a comunhão da ceia e com os pés no chão, sem nos deixar iludir por discursos falaciosos ou promessas fantasiosas, que ameaçam a probidade de muitos dos atuais representantes dos principais poderes da Nação.