Bela Vista na história da imprensa
 

            Entre os periódicos impressos no sul de Mato Grosso, na década de 1910, está O Apa, o primeiro jornal de Bela Vista, berço de renomados artistas, empresários e políticos, protagonistas da história atual do Mato Grosso do Sul. O seu primeiro número foi lançado no dia 11 de janeiro de 1914, quando terminava a belle époque europeia, pressentia-se o início da Primeira Guerra Mundial e, aqui mais próximo, faltava um ano para terminar o governo de Costa Marques, presidente do Mato Grosso. O grande embate político daquele momento se dava entre o Partido Republicano Conservador, presidido pelo senador Antônio de Azeredo, e Partido Republicano Mato-Grossense, liderado por Pedro Celestino.

            Alguns dias após o lançamento do histórico órgão da imprensa bela-vistense, o evento foi noticiado pelo jornal cuiabano, Debate, órgão da legenda conservadora, pela qual Costa Marques fora eleito presidente do Estado. Em 28 de fevereiro de 1914, o mesmo jornal cuiabano publicou elogiosas considerações sobre a esmerada redação dos jornalistas de Bela Vista, destacando que O Apa era composto com artigos bem escritos e de interesse da população da fronteira. Parte do seu editorial de lançamento foi reproduzido, ressaltando a euforia com a qual fora recebido pela sociedade local.

            Em março de 1914, o jornal cuiabano A Cruz divulgou o recebimento dos seus primeiros números, desejando-lhe feliz trajetória, cuja proposta consistia em “defender os interesses dos moradores da vila e trabalhar para a prosperidade da região.” No mesmo mês, o promotor de Justiça de Bela Vista, Carvalho de Toledo, discursou em nome da redação de O Apa, em solenidade de aniversário do comandante do regimento da polícia. A festa foi encerrada com um brinde erguido ao coronel Joaquim Caracciolo Peixoto de Azevedo, presidente do diretório da legenda conservadora, em Cuiabá.

            Em 14 de setembro de 1914, a imprensa da capital reproduziu um editorial do referido jornal de Bela Vista, tratando da disputa entre correligionários do senador Antônio de Azeredo e do político Pedro Celestino. No ano seguinte, venceria às eleições para a presidência do estado, o general Caetano Albuquerque, vinculado ao partido conservador, que liderou o levante armando de 1916, conhecido como “Caetanada”. Evento que sinalizou, dois anos depois, o início de um período de maior estabilidade, quando assumiu o governo o bispo Dom de Aquino, aliado político de Pedro Celestino.

            É possível visualizar a seguinte sequência com os mais antigos jornais criados em cidades ou vilas do sul de Mato Grosso, prevendo a possibilidade de redefini-la em função da busca de novas fontes: 1877, O Iniciador, de Corumbá. 1894, A Voz do Sul, de Nioaque. 1896, Colombo, de Miranda. 1913, O Estado de Mato Grosso, de Campo Grande. 1914, O Apa, de Bela Vista. 1915, Gazeta de Três Lagoas, de Três Lagoas. 1918, A Razão, de Aquidauana. 1922, O Paranaíba, de Santana de Paranaíba.