Diálogo interrompido
Saber > ciência, erudição
Técnica > tecnologia, aplicação
Os estudiosos garantem que a ciência e a tecnologia florescem a cada dia com intensidade maior. Podendo se dar ao luxo de admitir reduções de ritmo que, todavia, não representarão reduções do saber.
E acrescentam que, nesse florescimento, “a ciência torna-se o agente fundamental da ação humana sobre a natureza externa”.
De fato, o aquecimento global, o chamado efeito estufa, gerado pelo aumento da emissão de gases poluentes, acarreta o aumento do nível dos oceanos devido ao derretimento das calotas polares. Mas também ocasiona mudanças climáticas que podem afetar não só a atmosfera e os oceanos, como ainda a crosta terrestre, ocasionando sismos, erupções vulcânicas, deslizamentos gigantes e tsunamis. O que pode ser apontado como uma prova da ação humana sobre a natureza externa.
Mas não pode ser também uma resposta da natureza externa à atividade humana?
A natureza está quietinha ali. Quem mexe com ela sou eu. Ela não pede que ninguém derrube suas árvores. E até tolera esse extermínio enquanto não o julgar prejudicial e abusivo. A partir daí, ela reclama. E ficamos sem ar para respirar ou passarinhos pra ouvir.
Quando impermeabilizamos o solo, a água deixa de ser uma fonte alimentadora do terreno. E pode provocar enchentes pontuais ou “domésticas” que sempre nos afligem. Depois, ela procura os canais ou rios disponíveis, ou os cria, antes de se dirigir ao mar.
A ação humana sobre a natureza externa é a iniciadora de um processo. Que não culmina necessariamente com a adequação da natureza ao que é estabelecido pelo homem. Por mais absoluto que ele se entenda ou se ache protegido pelo escudo da sua ciência.
Rio, 24/02/2015