ENCOLHENDO O MUNDO
Inquestionavelmente a Internet continua sendo a maior invenção conhecida desde o último quarto do século XX. Estranhamente o seu inventor Timothy John Berners-Lee, até hoje não foi agraciado com um Prêmio Nobel. O que coloca o Nobel em xeque, por premiar tantas pessoas sem mérito algum.
Já com os subprodutos da Internet, os questionamentos aparecem com frequência no mundo dos filósofos e pensadores. O primeiro deles é a Globalização. Ao nascer, a Globalização foi confundida com um planeta maior. Completamente integrado. Alguns chegaram a admitir que viveríamos um novo iluminismo de ideias.
Hoje é sabido que a Globalização nem se aproximou disso. Pior. Com a globalização, o Capitalismo que sempre teve mais defeitos do que virtudes, foi engolido pelos mercados financeiros. Produzir perdeu importância quando os lucros foram conectados.
Agora vivemos o auge de outro subproduto da Internet. As redes sociais. De novo, a sensação que se tem, é de um mundo em coletividade. A ideia como na Globalização, talvez, até seja essa. A realidade mostra que não. Nas redes sociais, apesar de conectados, somos milhões de florestas individuais não compartilhadas.
Hipnotizados não percebemos que ocorre justamente o contrário. Estamos encolhendo o mundo ao tamanho de um quarto, uma cama, um caixa de sapato, um caixa de fósforos. O que a individualidade fará com a Raça Humana, é a grande incógnita da atualidade.
Dias desses vi uma postagem interessante. Dois telefones celulares representado pai e filho, ou mãe e filha supostamente num museu olhando para um quadro que mostrava um telefone convencional. A legenda era: “Viu filho(a), nossos antepassados usavam rabos”. Esquecendo-se que eles próprios usam uma espécie de goma que cola nas mãos.
É possível que as redes sociais reduzam o individualismo além das caixas de fósforos. Provocando outras visitas a museus. Desta vez, para ver como se brincava de esconde-esconde, bola, pular corda, cabra cega, bola de gude. Ou, para saber que ovos não são botados por supermercados. Quem é do tempo das petecas de palha de milho?
Algo pior pode acontecer. Imaginem as futuras gerações procurando por vídeos no Google para saber como era. Novamente pais e filhos visitando museus. E a legenda: “Era assim que nossos antepassados falavam”. Não nascerão cordas vocais nos dedos. Sem uso, as que temos certamente deixarão de funcionar.
Temo que nossa individualidade nos leve para um beco sem saída. Para um túnel sem luz no fim. Um mundo conectado por dedos mudos e sem ideias, seria sim coisa de imbecis. E infelizmente, mais uma vez, Umberto Eco estaria com a razão.