Como funciona o cérebro humano na deformação do caráter.

O cérebro humano funciona por meio de memórias múltiplas acumuladas, mecanismo de processos de sínteses antropológicas, entendidas como culturais, o sapiens é um ser cultural, tão somente, as percepções são resultadas de culturas a priori mecanizadas na memória.

Nesse sentido que o caráter sapiens é essencialmente deformado. Porém, não existe o caráter, sendo o mesmo apenas uma etimologia, ideologizada em acordo com a vontade de vencer, sustentada em princípios institucionais em defesa de supostas sociedades civilizadas.

Não existe o homo sapiens a posteriori do ponto de vista de sua genética neuro-científica, a memória como tábua rasa, significando um cérebro livre dos condicionamentos diversos no entendimento de determinados fatos.

Com efeito, motivo pelo qual o homem é um ser essencialmente mimético e naturalmente ideológico, o que se entende posteriormente, a respeito do fato fenomenológico, está quase que inteiramente na memória. A impossibilidade da construção de uma mente sadia epistemologicamente.

Desse modo, significa que no cérebro existem múltiplas memórias, resultadas das diversidades culturais, sendo que a maioria absoluta de tais complexidades são simplesmente alienações, deturpações culturais psicológicas, os modos explicativos de todas as coisas.

Não refiro apenas as culturas comuns, resultadas das mistificações diversas, entretanto, os paradigmas complexos, fluxos de epistemologias históricas perturbadoras.

A história dos paradigmas uma profusão de erros, em referência a qualquer ciência, tanto do espírito, como da natureza. Desse modo, como entender algum fato fenomenológico ou científico, sem projetar os cofatores ideológicos da memória.

Uma das proposições elaboradas por mim, desenvolver um mecanismo contra cultural, o que seria esse mecanismo, em síntese um sapiens essencialmente cultural, entretanto, o esforço permanente, para não deixar os códigos de memória a priori influenciar a respeito do entendimento epistemológico como fundamento das coisas.

Tal ideia é a proposição formulada, logicamente que tudo isso é relativo. Todavia, em razão da falta de perspectiva de outras epistemologizações.

Compete então o esforço consciente para evitar relativamente, a projeção das memórias diversas em forma de sínteses aos entendimentos complexos e múltiplos.

O conhecimento é relativo reflete Einstein em defesa da física quântica, Bachelard o saber é apenas aproximado, Heisenberg tão somente incerto, não é possível sequer conhecer o movimento de um eléctron.

Karl Popper, o fundamento da memória científica sustenta-se pelo princípio da falseabilidade, jamais por meio da verdade absoluta, Nietzsche, o entendimento é apenas proporcional, Schopenhauer o verdadeiro saber é representativo, portanto, interpretativo.

Desse modo, o saber representa a ideologia anterior sistematizada na memória como mecanismo cognitivo. Ponty o conhecimento é antes de tudo a percepção da mente, a razão não tem percepção quando está vazia de significações que são naturalmente ideológicas.

Foucault defende a não existência do sujeito cognitivo, como aquele que objetiva a verdade, até porque não existe a verdade, muito menos verdades.

Portanto, não há o sujeito conhecedor, o que existem são proposições de memórias tentando articular o entendimento. A importância da relativização do discurso, como fez Einstein no entendimento da partícula quântica.

O que é o saber, desse modo não existe o conhecimento, o que existe mesmo é a sua contínua formulação, na relatividade do tempo e do espaço cultural.

Portanto, epistemologicamente, projetar sínteses a priori, como sendo objetividades factuais, é um procedimento não científico, meramente produções de ideologias.

No entanto, o homem sapiens é essencialmente as projeções de memórias anteriores, apesar como muito bem formulou Kant, a relação dialética entre o espírito e a matéria.

A razão e o objeto, em última instância quem entende o saber é o sujeito, desse modo, a compreensão será sua ideologização. Sendo dessa forma, como deve ser construído o sujeito epistemológico.

Entretanto, só vejo um caminho epistemológico, apenas o esforço constante, para relativização do inconsciente como funcionalidade do cérebro freudiano, a mecânica da reação interpretativa das memórias anteriores, como projeções.

Sendo assim, o homem é suas ideologias, seus desejos inconscientes.

Desse modo, funciona a racionalidade, um mecanismo racionalizado para justificar formas de domínios, um ser dissimulado, do ponto de vista de sua própria defesa. Não possível a construção de caráter certo, pois são múltiplas as memórias.

Motivo pelo qual a memória é essencialmente perigosa, pelo fato de compor por efetivações mentirosas, o verdadeiro pressuposto de tudo e de todos é a dominação do outro, seja qual for à relação. A motivação adequada do instinto.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 24/09/2016
Reeditado em 25/09/2016
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