As grandes rupturas epistemológicas das ciências naturais.

Final do século XIX, a profunda crise epistemológica da física clássica, do mesmo modo, da geometria tradicional. Em consequência nasceram novos paradigmas científicos.

As denominadas geometrias não euclidianas, pelos matemáticos o russo Nicolai Lobatchevski 1792-1856 e húngaro János Bolyai 1802-1860, posteriormente, o matemático alemão Bernhard Riemann 1826-1866.

Abalaram a certeza da matemática, rejeitaram axiomas da geometria clássica, modificando conceitos a respeito do espaço geométrico. A superação da velha ciência, não mais como princípios irrefutáveis.

O grande matemático francês Henri Poincaré 1854-1912, reconheceu que uma geometria não pode ser mais verdadeira que a outra, entretanto, apenas aceitável.

No campo da física a respeito do determinismo, o físico Pierre Simon Laplace 1749-1827, reconheceu que o nexo entre causa e efeito, fenômeno necessário a física clássica seria apenas uma hipótese não necessariamente verdadeira.

Com efeito, destrói a física de Newton, estendendo a outros ramos científicos da física como a termodinâmica, a ótica e a acústica. As novas concepções do universo destruíram a concepção determinista newtoniana.

Portanto, no final do século XIX, surgiu o início da física quântica, formulado por Alberto Einstein 1879-1955, remodelou o conceito clássico de espaço e tempo, em seu magnifico artigo, Sobre a eletrodinâmica dos corpos em movimento.

Em sua teoria o conceito de energia igual à quantidade de massa, multiplicada pela quantidade de luz ao quadrado, o aspecto fundamental para o desenvolvimento da teoria da relatividade.

A física de Newton sofreu outro ataque, o desenvolvimento do princípio da incerteza por Werner Karl Heisenberg 1901-1976, um dos fundadores da física quântica. Seu mérito, reconheceu a impossibilidade de determinar com precisão a velocidade e localização de um elétron.

Com o novo desenvolvimento da física, o estabelecimento da incerteza, percebeu-se o irracionalismo da física clássica, maculando o princípio fundamental da causalidade e efeito, o que determinava a ciência como ciência.

No campo da biologia, a destruição da biologia clássica, com a formulação da Teoria da Evolução pelo inglês Charles Darwin 1809-1882, destruindo o homem como centro do mundo.

O homem passou ser entendido como produto evolutivo natural, originário de uma célula mater comum, de onde surgiram todas as formas de vida. A única diferença dos demais animais o desenvolvimento da cognição.

Uma outra grande descoberta no final do século XIX, as leis da Hereditariedade, por Mendel 1866 em seguida a descoberta dos cromossomos e genes, possibilitando desse modo, pela decifração a leitura do código genético, século XX o nascimento da biologia sintética, por meio da engenharia genética o mapeamento do código de DNA, então o entendimento de um único DNA para todas as espécies.

A nova epistemologia do século XX.

Com as descobertas dos séculos XIX e XX, surgiram novos critérios científicos como validade epistemológica.

Um grupo de cientista do Círculo de Viena na década de 1920 de diversas areais entre eles o físico alemão Moritz Schlick 1882-1936, os matemáticos alemães Hans Hahn e Rudolf e o sociólogo, economista austríaco Otto Neurath 1882-145 entre outros.

O Círculo de Viena desenvolveu o conceito do

neopositivismo ou positivismo lógico, a formulação de uma teoria que negava a especulação científica, as exigências cartesianas de clareza e precisão.

Portanto, exigiram com segurança o critério da verificabilidade, para validade de uma verdade científica, passando pela fundamentação empírica.

O que foi contestado por Karl Popper 1902-1994, físico, matemático e filósofo inglês. Com efeito, negou o critério da verificabilidade e propôs o critério da falseabilidade, de acordo com tal lógica o paradigma continua como verdadeiro até que seja refutado.

A impossibilidade de aceitar assertivas universais para assertivas particulares. A negação do método indutivo como critério científico inabalável.

Com o novo conceito para Popper somente a falsidade de um paradigma pode ser provado, jamais a veracidade absoluta.

Popper destruí também o conceito de tábua rasa, aplicado as epistemologias, todas as observações são efetivadas sobre o efeito de pressupostos prévios, muitos deles ideologias, não apenas as ciencias da natureza, sobretudo, as ciencias do espírito.

Gaston Bachelard, filósofo francês da matemática 1884-1962, valorizou a importância da história como criação dos paradigmas, como instrumento de análise científica.

Desse modo, toda pesquisa cientifica faz parte da evolução de um processo histórico, com efeito, as formas de entendimentos têm caráter psicológico social.

Para ele as ciências progridem por rupturas epistemológicas, causadas por obstáculos epistemológicos.

O que significa que as ciências efetivam por saltos, negando sempre as anterioridades, pressupostos e métodos anteriores, que são entraves ao desenvolvimento científico.

Um dos entraves a física de Newton ao nascimento da física quântica. Sendo assim, desse forma foi necessário a formulação de novos paradigmas fundamentados em princípios relativos.

Formulou também a partir dos princípios da incerteza de Heisenberg e da teoria da relatividade de Einstein, o conceito do conhecimento como aproximação.

Por último o norte americano Thomas Kuhn 1922-1996, físico, historiador e filósofo da ciência, formulou o paradigma epistemológico, a ciência entendida como processo linear e evolutivo, sucessões de paradigmas, que confrontam entre si.

Em seu trabalho A estrutura das revoluções científicas 1962, sustenta a tese que a ciência revoluciona de tempo em tempo, quando a comunidade cientifica forma um novo paradigma, conjuntos de normas através das quais determinam a nova atividade cientifica.

Sendo assim, em um determinado momento, cria-se o novo paradigma, quando acontece a revolução cientifica, exatamente o que aconteceu a passagem da física antiga a clássica, da referida em revolução quântica.

Por fim Kuhn define o que é a ciência normal, aquela que desenvolve dentro de determinados paradigmas em certos tempos históricos. A ciência extraordinária é a que vai acumulando contradições dentro das ciências normais, até ao nascimento da crise, criando as condições para um novo paradigma revolucionário.

Professor: Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 19/09/2016
Reeditado em 19/09/2016
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