O maior patrimônio de um povo

A educação no Brasil está falida. Observa-se com tristeza uma horda de crianças e jovens crescerem sem adquirir o mínimo de preparo. Não há qualquer interesse pelo aprendizado. O que há é o culto aos funkeiros e jogadores de futebol. Em relação à uma profissão futura, o desejo é ser youtuber. Em qualquer contato com algum desses jovens, nota-se sobremaneira a ruína da língua portuguesa, embora possivelmente a área de atividade cognitiva em que há maior fracasso seja a matemática. O sistema educacional brasileiro entrega à sociedade uma legião de semianalfabetos.

Fala-se muito mal no Brasil e escreve-se pior. É possível observar erros crassos de português em jornais, revistas e principalmente na televisão. Eu mesmo, quando mais novo, ficava em dúvida sobre como expressar-me em português, uma vez que na escola aprendia “eu a vi” e nas novelas, onde atrizes renomadas que se apresentavam à toda nação, falavam “eu vi ela”.

Constata-se erros de português até no horário político. Como é possível admitir tais falhas naqueles que querem ser nossos representantes? É a demonstração inequívoca do despreparo da classe política brasileira. Eleger alguém com tamanho obscurantismo e incultura, como já ocorreu para o cargo máximo da nação, serve na verdade como um grande desincentivo à sapiência, à sabedoria, à inteligência, à educação, às luzes.

Perguntaram certa feita a Confúcio o que faria em primeiro lugar se tivesse que administrar um país. "Seria corrigir a linguagem", disse o sábio chinês. "Se a linguagem não for correta, o que se diz não é o que se pretende dizer. Se o que se diz não é o que se pretende dizer, o que deve ser feito deixa de ser feito. Se o que deve ser feito, deixa de ser feito, a moral e as artes decaem. Se a moral e as artes decaem, a justiça se desbarata. Se a justiça se desbarata, as pessoas ficam entregues ao desamparo e à confusão. Não pode, portanto, haver arbitrariedade no que se diz. É isso o que importa, acima de tudo".

A língua é o maior de todos os patrimônios de um povo. Desrespeitá-la é desrespeitar a própria nacionalidade.