O melhor da juventude ficou na década de 70 e 80– Mito ou verdade?

Fred Cunha News: JUVENTUDE DOS ANOS 70 E 80 - PARTE 16 - Santa ...


       Há alguns anos, eu sonhava em ter sido adolescente nos anos 80, famosa década do exagero, do new weve e ombros marcados e roupas coloridas. Não! Não é um delírio, é que sempre gostei da história cultural e do que é antigo ou considerado por muitos como "ultrapassado". Apesar disso, eu me considero ultramoderno, sabia? No entanto, sou cercado de idiossincrasias sobre décadas passadas.  

        Os acontecimentos, filmes e músicas que gosto e estudo têm como base o final dos anos 70 e à década inteira dos anos 80. Falando em música, estava ouvindo a bela canção da banda 14 bis, ”Nossa linda juventude “em um vídeo com fotos de jovens em diferentes momentos dos anos de 1978–1983, o mais interessante é que os comentários estão cheios de pessoas recordando lembranças de anos em que a lei da anistia e a ditadura militar não falavam a mesma língua.

     Centenas de comentários compartilham idéias semelhantes, diziam que as amizades eram mais verdadeiras no passado, e que existia um contentamento sem igual naquela juventude, diziam também que as atuais gerações são um grão de areia comparado às gerações anteriores no prazer de viver, será?

     O mundo sem Celulares com Wi-Fi, Netflix desbancando os canais fechados, computadores e redes sociais que revolucionam as relações humanas aproximando e algumas vezes distanciando pessoas na web. Será que uma juventude sem essas ”maravilhas modernas” favoreceram para uma adolescência melhor?

    O primeiro computador foi criado em 1936 pelo - Alemão Konrad Zuse. No Brasil, o “PC” chegou entre os anos de 1972-1981, entrando para o mercado brasileiro gradativamente devido aos preços exorbitantes, só às grandes empresas o tinham. A partir de 1995, a sua acessibilidade para demais classes foi possível. Já a internet deu seus primeiros passos na segunda guerra mundial devido à necessidade de viabilizar informações no meio militar sem vazamento. No Brasil chegou em 1990, engatinhando do mercado para a população.

 
     O passado traz um feito maravilhoso, as amizades não eram construídas através de meios de comunicação, como vimos à tecnologia nessas épocas eram uma pequena fresta de luz, era tudo muito distante e talvez o mais próximo disso fosse os filmes de ficção–científica com ”De volta para o futuro” (1985, 1989, 1990). Porém, existia o telefone, mas era usado mais por adultos; durante o dia, atividades como escola e trabalho ocupavam o tempo, e à noite, diziam que a partir das 20h00min da noite era indelicado ligar para casa de outras pessoas.

       As relações entre pessoas nasciam do fruto do inesperado, da sala de aula, da quadra de futebol, do clube da esquina, hoje talvez seja assim, mas antes era mais realístico, por isso que era mais verdadeiro. O gostar e não gostar era automático, não existia a necessidade de estereótipos, o uso de máscaras e nem de maquiagem pra esconder personalidades, isso favorecia à aproximação das pessoas. Detalhe, existiam grupos, as famosas “panelinhas”, mas cheias de permutações, é como se fosse um álbum de figurinhas, são necessárias várias figurinhas diferentes para completar o álbum, ou seja, todo mundo era amigo de todo mundo.

       Outro elemento importante era o dialogo, sempre ao vivo e à cores. Não tinha para onde correr. A tecnologia estava dentro da televisão, no fantástico de domingo à noite onde Isadora Ribeiro saia de dentro da água, fora da televisão, não! O único caminho para todas as relações era o diálogo. Quem era bonito (a) ou conversador ganhava amigos e namoradas (os). As pessoas conversam bastante, tinha uma certa espontaneidade nos sorrisos e risadas sinceras, as histórias era bem contadas, as notícias era mais verídicas e até as besteiras no final das contas tinha certa relevância.

     Já as músicas inspiravam os jovens e serviam de “ímã” de atração. As meninas eram apaixonadas pelos rapazes do grupo “Menudo” e cantavam as músicas de Madonna antes de sua fase “Vogue”. Os meninos tocavam guitarras invisíveis com músicas da banda estadunidense “Bon Jovi” e curtiam o começo do Barão Vermelho, e todos se amaravam no Kid Abelha, Os Paralamas do Sucesso, Lulu Santos, Roupa Nova e várias outras bandas.

    Os jovens do final dos anos 70 e à década inteira de 80 tinham a inocência das crianças, a rebeldia dos adolescentes e a seriedade dos adultos. Ao olhar no espelho, aqueles jovens viam uma assimetria aparente mesmo sendo simétricos, hoje os jovens dessas gerações rasas vêem no espelho uma falsa simetria que no fundo é totalmente assimétrica.







 
Nilo Rodrigues
Enviado por Nilo Rodrigues em 04/07/2016
Reeditado em 09/04/2020
Código do texto: T5687082
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