Cauby extremo.

Perdemos a extravagancia em nossa música. Cauby precisou morrer para se tornar mito? Incultos. Cauby descansou do ser bom e partiu. Cauby não era Michael, nem Frank, nem Elvis. Cauby era Cauby, não precisamos dizer que era “um desses”, ou “o nosso”, tínhamos ele. Artistas sim, deveriam ser mais Cauby, seu nome se tornará sinônimo à ser usado pela classe para definir luxo, garbo, elegância, grandiosidade e uma pitada de empoles. Será lembrado em grandiosidade por aqueles que não o viveram com intensidade enquanto aqui esteve. Ele não passava despercebido à ninguém em nenhum quesito. Não passou, estrelou e estreou. Cauby não FOI algo, Cauby ESTÁ, É, presente na história da música popular brasileira.

Cauby tornou tênue a linha que dividia o brega do elegante e de como ser possível ser elegantemente brega ou a ter “breguice” na elegância. Cauby Peixoto ditou moda, claro, em muitas vezes do que não se usar. Ele foi o grande andrógino da história brasileira, postou feminilidade entre os cantores e elevou a sua própria até, o direito da dúvida. Foi a prova do quão belo e formoso pode ser o exótico. Nos deixou vontades. De cantar suas músicas. De vestir seus brilhos.

Pode parecer piegas, não aqueles que são próximos mas, Cauby me inspirou como artista e pessoa. Haverá sempre algo dele em mim e na minha forma de fazer arte por mais distante que estejam de suas referências meus trabalhos, por que Cauby caminhava pela extremidade de tudo. Sou um pouco Cauby

Cauby me trouxe o cantor preferido e também uma letra do Chico a se tornar a música da minha vida. “Bastidores” me fez perceber que minha cena principal, meu close, meu grande show, meu ápice é o meu bastidor, minha intimidade.

Cauby era uma grande atração, o Brasil lhe foi pequeno, Cauby sumiu, se reinventou, foi fênix ressurgindo de suas próprias cinzas purpurizadas cantando “Conceição”, sobre isso e ainda na linha do me dar, além das duas musica já citadas tivemos; “Molambo”, “Começaria Tudo Outra Vez”, “Ave Maria no Morro”, “New York, New York”, “A Pérola e o Rubi”, “Cauby, Cauby”.

Os mais novos e até os não nascidos perguntarão quem foi aquela figura. Seus figurinos e adereços serão exibidos em exposições. Sua discografia será artigo de colecionador. Sua história se tornará filme novamente e atores disputarão o papel principal na oportunidade não só de ser mas, de mostrar à todos o seu Cauby em particular. Alguém com pinta no rosto, altos cabelos encaracolados, blazers lantejoulados, vozes empostadas e homens maquiados serão no futuro nas ruas chamados de; Cauby !

Era na síntese da palavra um grande interprete pois atuava sobre as músicas e gostava de fazê-lo munido do trabalho de grandes compositores. Relia as canções de forma tão única que elas tornavam-se suas quase que por capeio mas, elas lhe eram sempre doadas e dedicadas pelos próprios criadores por que ele contribuíra com a cereja do bolo para marca-las em nossa história musical. Uma canção que lhe passava a boca, aveludada, se tornava especialmente sua, pois ninguém, jamais cantaria igualmente bela a não ser no querer ser Cauby. Cauby ! Mais Cauby !