O Auto da Barca do Inferno. Matéria para prova de Enem e Vestibular.

Gil Vicente.

1465- 1537.

Peça Teatral de caráter religioso, cujo objetivo representar a ideia do juízo final, sátira forte, com conteúdo moral.

O cenário de fundo, um porto onde encontram duas barcas, sendo que uma delas levava a pessoa ao inferno, a outra ao paraíso celestial.

Portanto, a primeira era comandada pelo diabo, a segunda por um anjo. Com efeito, ambos as entidades esperavam pelos mortos, com a finalidade de conduzirem aos seus lugares devidos.

Vão chegando as almas, a primeira personagem de um fidalgo, representante da nobreza, condenado ao inferno pelos seus pecados de luxuria.

O diabo determinava que o fidalgo embarcasse, entretanto, o referido recusa, entendendo merecedor do paraíso. Com efeito, justificava que muita gente na terra rezava por ele.

No entanto, também é recusado pelo anjo, sem saída, procura convencer o diabo a rever sua amada, pois a mesma sente sua falta. Todavia, não é permitido pelo referido.

A segunda personagem, um agiota, condenado ao inferno por ganância e avareza, procura convencer o anjo ir para o céu, entretanto, não foi permitido.

Sem perspectiva pede ao diabo, que permita voltar a terra, pegar sua fortuna acumulada, impedido entra na barca do inferno.

A terceira personagem, um parvo, tolo, ingênuo, o diabo procura convencê-lo entrar na barca do inferno, quando descobre o destino da embarcação, recusa.

Imediatamente procura o anjo, sendo agraciado pela sua pureza, motivo pelo qual é permitido entrar na barca do céu.

A quarta personagem um sapateiro, com seus instrumentos de trabalho, durante sua vida enganou seus clientes, tentou também trapacear o diabo, no entanto, o mesmo foi esperto.

Por fim, procura recorrer ao anjo, condenado pelo fato de ter roubado o povo.

A quinta personagem, de um frade com sua amante, feliz por sentir dono do céu, o diabo convida ao inferno, injuriado por ser representante de Deus, procura conversar com anjo, entretanto, condenado pelo seu moralismo religioso.

A sexta personagem Brísida Vaz, feiticeira, alcoviteira, foi recebida pelo diabo, sendo seu maior bem seiscentos virgos postiços.

Com efeito, virgo é hímen a representação da virgindade, essa mulher prostituiu muitas meninas no uso do postiço vendendo como virgens.

Portanto, procura convencer o anjo, o direito do céu, entretanto, vai para o inferno, condenada por prática de prostituição é feitiçaria.

A sétima personagem, um Judeu como cristão novo, o judeu acompanhado de um bode, aproxima do diabo, entretanto, o mesmo recusa, tendo como justificativa o bode, em direção ao anjo, sendo que o referido foge, acusado por não aceitar o cristianismo, o diabo aceita levá-lo, porém rebocado.

A oitava personagem, os representantes do judiciário, convidado pelo diabo para serem conduzidos, procuram fazer suas defesas, aproximam do anjo, entretanto, condenado ao inferno, por manipulação da justiça.

A nona personagem, o enforcado, vai direto para o inferno.

A décima personagem, por último chegam quatro cavaleiros, lutaram defendendo o cristianismo, foram para o céu.

A moral do livro, a luta entre o bem e o mal, todos aqueles defensores dos bens materiais foram para o inferno, ao céu apenas os cristãos puros, sem apego a materialidade.

O mundo criticado pelo autor, o maniqueísmo, entre o bem e o mal, específico da época retratada.

A obra mostra a transição da passagem do Antigo Regime ao Novo Regime, sendo o mal as formulações do Novo Regime, ligadas a Filosofia Iluminista e o Estado burguês em gestação, todos os vícios associados à sociedade vindoura, condenada por Deus como satânica.

Professor: Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 26/04/2016
Reeditado em 28/04/2016
Código do texto: T5616754
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