Sócrates e o Elenkhós.
Muitas pessoas do sendo comum acham que Filosofia nasceu de um pensador solitário ou de um autodidata. Não! Para ser filósofo é preciso passar por uma Universidade, fazer mestrado, doutorado e trabalhar na área. "Filósofo de rua" é uma expressão chula de quem acha que ser filósofo é ficar no meio da rua fazendo artes visuais sem nunca ter passado por alguma Universidade e ter se formado na Licenciatura ou no Bacharelado em Filosofia.
Sócrates jamais filosofou sozinho. Ele sempre vivia dentro da vida pública: nas ruas, nos mercados de Atenas e em outros muitos lugares da polis. O que seria o elenkhós? Diferentemente dos sofistas que seguiam a erística (algo que queria vencer por diálogo, impor verdades e ser inerente à refutação) Sócrates seguia o método da refutação. Sim: refutar significa investigar o que se tem nas mãos para poder desconsiderar o que é banal. É a atividade que desbaliza o banal e era isso que Sócrates queria para poder, antes de encontrar a verdade, saber o significado do que ele perguntava.
A verdade como algo que tinha sempre de vir antes dos significados não fazia parte da filosofia de Sócrates, por uma razão simples: Sócrates foi o filósofo do banal. Ele seguiu o método do elenkhós; Platão, por sua vez, seguiu o método da maiêutica, ou seja, algo que seguia a ordem do Pensamento (Metafísica).
Uma vez perguntaram a Sócrates por que ele não estava muito interessado em ficar no campo do entendimento sobre as estrelas, os céus, os deuses. Ele respondeu que não tinha interesse em saber sobre essas coisas, uma vez que estava mais preocupado com as questões morais voltadas ao próprio homem. Conhecer a si mesmo era primordial na vida dele, não como caráter de atividade psicológica, mas a partir do momento que passo a dialogar com outras pessoas.
Os atenienses estavam muito seguros de si mesmos, cheios de certezas de que sabiam muito do que era perguntado a eles. Sócrates, então, jogou sua isca: começou a fazer perguntas sobre o que ele mesmo não sabia responder, objetivamente: “O que é a sabedoria?”, “O que é a coragem?” e coisas do tipo. Os atenienses lhes davam exemplos da sabedoria, exemplos da coragem. Mas Sócrates não queria exemplos, mas a natureza da pergunta, ou seja, ele queria saber o que é “X”, sendo “X” o elemento a qual se quer saber. Visto que não sabiam responder o que era “X” ou o que perguntava a eles, Sócrates não disse: “Só sei que nada sei”, por uma razão simples: ele sabia de muita coisa, inclusive sobre artes eróticas. Ele disse que não sabia o que perguntava aos atenienses – outro grande erro de alguns estudiosos é dizer que Sócrates foi autor da frase “Conhece-te a ti mesmo”. Não! Isso estava inscrito no Templo de Apolo.
Sócrates usou a dialética a qual era dividida em três: a tese, a antítese e a síntese. A dialética é um meio de dar e pedir razões, ou seja, dou uma razão (tese) e outro põe uma contra tese (antítese). Normalmente é feita por alguém que não tem confiança em si mesmo, mas Sócrates era diferente por uma razão simples: ele seguia os instintos, pois se não confiasse em si mesmo, não pediria razões onde sabia de que os atenienses eram, na verdade, apenas presunçosos.
Sócrates foi acusado de corromper a juventude, mas ele mesmo não se dizia professor, uma vez que ele não seguia a erística. Também foi acusado de implantar novos deuses em Antenas. Ora, o próprio Sócrates era religioso e devoto do deus Apolo. A missão de Sócrates foi religiosa, mas voltada à moral. Querofontes, amigo de Sócrates, foi a Delfos para consultar a pitonisa, no Oráculo. Querofontes perguntou à pitonisa se existia, em Atenas, alguém mais sábio do que Sócrates. “NÃO”, foi o que a pitonisa respondeu a ele. Então, Querofontes voltou do Oráculo de Delfos e contou a Sócrates. Isso mudou, completamente, a vida do filósofo.