Como Entender A Formaçao do Espírito Científico em Bachelard.

Só é possível entender o trabalho de Bachelard na perspectiva da revolução científica efetivada no século XX que teve início com origem da Teoria da Relatividade elaborada por Einstein.

Desse modo, o filósofo tem como finalidade fazer uso da Filosofia valorizando a historicidade da epistemologia e, de alguma forma com a relatividade, da materialidade em estudo.

A relatividade de Einstein procura romper com as ciências clássicas, sobretudo, com a teoria clássica da física de Newton. Portanto, o objeto não pode mais ser entendido em sua fundamentação absolutista.

Desse modo, a consciência crítica epistemológica, não deve ser desenvolvida em sua direção contínua, pois as rupturas são radicais, colocando em descontinuidades a relação da historicidade dos paradigmas.

A nova ideia científica fundamenta-se na descontinuidade, também com os procedimentos do senso comum. Portanto, devem ser eliminadas opiniões e preconceitos.

Sobre esse aspecto a ruptura epistemológica exige certa radicalidade a respeito da ciência contemporânea, em relação ao senso comum e por outro lado, a ruptura absoluta aos velhos paradigmas.

Bachelard valoriza o caminho histórico das ciências, para ele o conhecimento não pode se efetivar ao longo da história, pois o saber científico não deve ser compreendido apenas em referência a seus acúmulos.

No mundo praxiológico, as ciências se realizam pelo mecanismo de retificações em uma lógica dialética em que o conhecimento se faz por meio do entendimento dos erros anteriores.

Nesse sentido para Bachelard o saber construído é naturalmente a formulação retificada do entendimento anterior. Entende-se o passado condenando sua historicidade. A lógica e a estrutura dos erros paradigmáticos históricos.

Com efeito, pensa a construção de um paradigma verdadeiro negando sua anterioridade, o que significa retificação histórica dos erros que no passado foram construídos como ilusões epistemológicas.

A grande questão colocada por Bachelard à continuidade, lutando, com efeito, contra a perenidade das ideias e paradigmas.

A Filosofia o grande instrumento de análise das ciências que devem progredir em seus fundamentos. Portanto, conforme os avanços epistemológicos, substanciados em permanentes revisões, ajustes, e, modificações paradigmáticas.

O conhecimento por natureza não é óbvio, não podendo ser totalmente empírico, desse modo, antes de construir o saber, é necessário destruir referências em relação as construções passadas.

Desse modo, formular perspectivas para futuras construções. Esse movimento que é dialético e relativamente objetivo, fundamenta-se a nova epistemologia.

Portanto, a radicalização contra o empirismo, na valorização do racionalismo lógico, o que de algum modo não seria aplicável às ciências naturais, em sua completude.

Com efeito, Bachelard entende que a nova epistemologia, na sua complexidade, não se completa por meio apenas das aproximações empíricas, sobre os objetos. O primado da análise em referência a realidade.

O cientista aproxima da compreensão do objeto, pelo caminho de um paradigma sustentável. Aplicação racional da logística paradigmática. Entretanto, o método científico, para Bachelard não é direto, imediato, no entanto, indireto no uso da razão.

A distinção importante, em relação às ciências anteriores ao século XX, à valorização do racionalismo contrário ao empirismo. O conhecimento científico solidário ao racionalismo, sendo que o mesmo atende as necessidades do novo método.

Racionalismo aplicado ao novo espírito científico sustenta-se na dialética entre a relativa experiência e a teoria, sendo que a lógica cognoscente é determinada pelo objeto e sujeito dialeticamente em pesquisa.

Outro aspecto que deve ser compreendido, os obstáculos epistemológicos em relação a sua obra clássica: A formação do espírito científico 1938. O conhecimento uma contínua superação dos paradigmas anteriores, na destruição dos conhecimentos não bem elaborados.

É fundamental para superar um obstáculo, o entendimento por parte dos cientistas que tal procedimento precisa ser neutralizado, por impedir o desenvolvimento das ciências.

Pois comprometeria a natureza fundamental da pesquisa, sendo os principais obstáculos, além dos velhos paradigmas, o senso comum e a opinião cultural antropológica.

Um grande obstáculo, aplicação do método empírico a realidade social. Portanto, devido à motivação positivista embutida na metodologia empírica.

O universo social é completamente diferente das ciências naturais. Aplicação do racionalismo lógico não positivista. Sendo, com efeito, a estrutura da verdade analítica.

O fato fenomenológico por si só não diz nada, o uso da metodologia da hipótese levantada teoricamente, o estudo dos fatos, analisados cientificamente, quando a projeção de uma simples teoria como entendimento da hipótese, pode constituir-se em um obstáculo.

Outro grande obstáculo à transgressão de ideologias, como por exemplo, o positivismo, a possível neutralidade científica como foi proposto por Max Weber. Utilização de método de pesquisa para uso do preconceito como fundamento possivelmente científico, quando é apenas ideologia.

Na verdade são diversos obstáculos para a construção de um saber realmente desvinculado de mistificações, proposta epistemológica formulada por Bachelard. Perspectiva da formação do espírito científico.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 12/06/2015
Reeditado em 14/06/2015
Código do texto: T5274483
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