Politeísmo "moderno"

Politeísmo “moderno”

O politeísmo, em sua essência, emprega a crença em várias entidades divinas. Desde o início da civilização perdurou empregando várias nomenclaturas para os vários deuses, sempre variando conforme a civilização e a época. Penso que, a razão de seu emprego seja devido ao imenso poderio atribuído às divindades e, levando-se em conta tal fato, a impossibilidade de se atribuir tudo a uma única divindade. Pois bem, no geral, perdurou até a introdução das religiões monoteístas. Tal fato padronizou ainda mais a razão sobrenatural da crença e vida humanas.

Se fôssemos caracterizar um “politeísmo moderno”, seria como se cada um dos deuses fossem empregados de fábrica destinados a exercer uma função específica, tal como a especificidade atribuída a cada um deles. Desse modo, unindo-os, estaria composta uma divisão transcendental do trabalho, em que cada um atuaria de acordo com sua especialidade.

Obviamente, do ponto de vista racional, isto é um anacronismo enorme, uma vez que, as crenças politeístas estão praticamente extintas no mundo inteiro. Mas serve para mostrar que, por mais absurda que possa parecer a multiplicidade divina, ela estava sustentada em um aspecto racional, pelo menos para a época, ou seja, cada força da natureza tinha uma origem específica, divina. Algo que não foge muito ao que o senso comum contemporâneo atribui às causas de diversas naturezas que ocorrem “sem explicação”. Portanto, o processo religioso mundial constitui, assim como a maior parte dos outros dentro da história, algo contínuo, com rupturas (em razão da introdução de novo modo de divinização), mas que não representa, necessariamente, um processo que teve um início em si mesmo, e, que, portanto, foi posterior a outro que tenha tido um fim em si mesmo.

Marcel F. Lopes

Historiador da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP)

10-03-15