DAS FALÁCIAS

Desmascarar falácias é libertador posto serem elas inibidoras de nossa Felicidade.

ACMC

Todo argumento válido expõe os fundamentos de uma conclusão. Se, ao invés disto, ele, digamos, desemboca em paradoxos e impasses talha-se a falácia. É o que Rolf Dobelli (A Arte De Pensar Claramente) chama de “erros sistemáticos”, é a falha de raciocínio. A falácia mora na manipulação da linguagem e da forma, no ruído, cujo objetivo é o desvio de nossa atenção da falsidade de dada proposição.

Premissa e conclusão compõem a lógica do processo intelectual. Naquela, temos o sustentáculo argumentativo e nesta (conclusão) a verdade brotada, claro, da premissa. Quando, por má-fé ou inadivertência, giramos as engrenagens rumo ao mau raciocínio, o verniz falacioso é peça chave na armadilha. De modo geral, D. Q. Mclnerny nos ensina (Use A Lógica), há falácias “formais” – se referem à estrutura - e “informais” – qualquer erro lógico. São exemplos das primeiras: “negar o antecedente”, “afirmar o consequente”, “o termo médio não-distributivo”, “termos equívocos”. São exemplos das segundas: “suplicar a questão”, “falsas suposições”, “falácia do homem de palha”, “usar e abusar da tradição”, “um erro não justifica o outro”, “falácia democrática”, “falácia ad hominem”, “substituir pela força da razão”, “usos e abusos de autoridade”, “quantificador de qualidade”, “considere mais do que a origem”, “interromper a análise”, “reducionismo”, “má classificação”, ”falácia red herring”, “sorrir como tática diversiva”, “chorar como tática diversiva”, “a incapacidade de invalidar nada prova”, “o falso dilema”, “falácia depois disso, portanto, por causa disso”, “defesa especial”, “da conveniência”, “evitar conclusões” e “raciocínio simplista”. No texto citado, Mclnermy desmonta cada uma delas nos abrindo os olhos para algo tão corriqueiro no dia-a-dia. Sugiro também o estudo do texto “Guia Das Falácias De Stephen Downes”, disponível na internet.

A consciência lógica repugna sofismas e exige seres atentos ao que nos lançam como Verdades. Ora, acontecimentos e coisas são fenômenos próprios no existir e sujeitos a inúmeras distorções. De modo que, da coisa à palavra, passando pela ideia, se faz necessário manter nosso “rastreador” crítico sempre ativo. Verdades lógicas e ontológicas são azeites nas águas podres das falácias. Outro princípio não existe nestas (falácias) senão a mentiraria encapotada, aqui e ali, brilhando como o ouro falso. Que lugar mais conveniente ao arrazoado falacioso há do que os das chamadas “áreas cinzentas”? Pense nisto: “o cinza pode existir como cinza somente porque existem as alternativas do branco e do preto”.

Nosso raciocínio, destarte, para se manter nas trilhas da Sensatez, escolher bem e julgar a contento, jamais deve se deixar seduzir pelos dédalos falaciosos. Quantas tragédias seriam evitadas se soubéssemos sacar as táticas sofistas? Subverter, amigo, discursos como metodologia de forçar silêncios ao aparecer, numa espécie de ceticismo inteligente, equivale ao conhecer da Verdade que liberta. Na negação do instituído está o início da superação de nossas ignorâncias, das ideologias, enfim, daquilo que nos pretende objetos ou coisas.